terça-feira, 9 de março de 2010

"Independente de governo, de partidos, a não aprovação do empréstimo penalizará quem mais precisa: uma grande parcela da sociedade paraense".


Deu no blog do Profº Henrique Branco *

A pequenez da política paraense


Estamos em ano de disputa eleitoral e atualmente o que está dando o que falar nesse meio, sendo noticiado diariamente pelos jornais, não é relacionado a candidaturas, acordos, propostas, planos de governos, mas o tal do empréstimo que o governo do Estado do Pará enviou para a Assembléia Legislativa, no valor de 366 milhões de reais via BNDES.

Com a crise econômica que atingiu as economias exportadoras, dentre elas o Pará, que corresponde ao quarto maior volume de exportação na balança comercial brasileira. Com a forte refração econômica, o Governo Federal disponibilizou linha de créditos para os Estados da federação como forma de compensar a escassez de recursos por conta da crise econômica mundial.

Os mais bem informados sabem que o governo do Pará perdeu milhões de reais de seu orçamento por conta da diminuição das exportações e dos repasses federais. No ano passado foi até preciso cortar gastos de custeio em todas as secretarias, o que refletiu na qualidade do serviço prestado ao cidadão. A redução no custeio da máquina visava justamente diminuir o impacto nos investimentos do governo.

Para recompor o orçamento do Estado o governo enviou para a Alepa projeto de lei que visa autorizar empréstimo de 366 milhões de reais, justamente para tocar as obras que estão quase paralisadas em todo o Estado. No projeto constam recursos para complementar a parte que cabe ao governo do Estado nos programas federais.

Em Belém, a principal obra “Ação Metrópole” está quase parando sem recursos, o que ocasionará um atraso significativo no cronograma dessas obras. Uma perda eleitoral para o atual governo do PT. O que está por trás dessa demora na aprovação, sem nem mesmo a garantia que seja liberada ao governo. Por quê?

Não precisa ser um cientista político, ou eximo conhecedor dos bastidores da política para encontrar a resposta. Ela está escancarada para quem quiser ver. A questão é política, ou melhor, da politicagem de alto nível de nossa política, algo que as autoridades paraenses sabem fazer.

O PMDB é o principal partido na Assembléia Legislativa do Pará é o grande responsável por esse entrave proposital. Mesmo sendo teoricamente da base do governo Ana Júlia, pois na prática já a abandonou há muito tempo, os peemedebistas não fazem o mínimo esforço em facilitar a vida dos articuladores políticos do governo. Com 366 milhões de reais no caixa, o governo do PT tornar-se-ia um grande desafio às pretensões Barbalhistas em relação ao Palácio dos Despachos.

Sem a aprovação do empréstimo, o governo fica sem bala na agulha, comprometendo as pretensões de reeleição da governadora. O pretexto da demora no lado peemedebista é justificado pelos mesmos, via seu deputado-incendiário, Parsifal Pontes, como inconsistência técnica e jurídica do documento. Entendo essa questão como uma pequenez política incrível. Reflito dessa forma pelo fato de que todas as assembléias legislativas dos Estados em que foram solicitados os empréstimos foram aprovados sem maiores transtornos pelos deputados. Mas, aqui, a pequenez política não permite ação em prol do povo do Pará.

No Pará as cores de partidos, ideologias políticas e relacionamentos entre dirigentes partidários não permitem que seja implementada uma agenda comum em favor ao desenvolvimento do Pará, de sua população. Independente de governo, de partidos, a não aprovação do empréstimo penalizará quem mais precisa: uma grande parcela da sociedade paraense.

* Professor de geografia em Belém do Pará. Especialista em geografia da Amazônia: Sociedade e gestão dos recursos naturais.

5 comentários:

Anônimo disse...

O PMDB está fazendo chantagem política, é uma falta de respeito ao Povo.

Evaldo Campos - Capanema

Anônimo disse...

Não é só um partido ou outro, mas sim o entrave politico existente nas esferas do poder, e a falta de respeito com o povo isso já é de muito tempo, desde nossa colonização, desde o modo de produção- A EXPLORAÇÂO, e neste sentido não somente a da mão de obra, mas cultural, comportamental, a não preocupação com a educação, saúde, segurança pública, enfim...Esses emprestimos geralmente não são usados em sua totalidade pelo proprio povo que deveria ser o mais beneficiado com o mesmo

Anônimo disse...

Infelizmente, temos partidos e deputados que não conseguem evoluir politicamente e compreender que a população não pode mais continuar sendo um mero joguete nas mãos de certos deputados inescrupulosos e que só exergam em qualquer projeto a possibilidade de pressionar para garantir a sua "boquinha". Que papelão é esse que está prestando o PMDB ao Estado do Pará.

WladLenn

Anônimo disse...

DÁ LOGO UM VALE PARA O PMDB, QUE ELE APROVA O EMPRÉSTIMO.

Anônimo disse...

Caro anônimo da 05:14,

Vc precisa entender a natureza de classe dos partidos, para compreender o papel de cada um no processo de luta de classes existente na sociedade. Aí vc verá que de lado da trincheira cada um se encontra. E o por que um partido burguês ao invés de servir aos interesse da sociedade, serve somente aos seus interesse estreitos de classe, praticando o corriqueiro fisiologismo.


toco - sociólogo