sexta-feira, 5 de março de 2010

A vida Perde Jonnhy Alf


O músico Johnny Alf, cantor, compositor e pianista, morreu no início da noite desta quinta-feira (4) aos 80 anos. Segundo informações de seu assessor de imprensa, Nelson Valencia, Alf lutava há 10 anos contra um câncer na próstata e há três havia sido diagnosticado o estado de metástase (quando a doença se espalha pelo organismo).

Alf morreu no hospital Mário Covas, na cidade de Santo André, Grande São Paulo, e seu velório acontece nesta sexta-feira (5) no Teatro Sérgio Cardoso, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. O enterro será no Cemitério do Morumbi.

Biografia
Alfredo José da Silva, famoso como Johnny Alf, nasceu no Rio de Janeiro em 19 de Maio de 1929. Começou a aprender piano clássico aos nove anos com Geni Borges, amiga de sua família, e logo demonstrou interesse por compositores americanos, como George Gershwin e Cole Porter.

Aos 14 anos, formou um conjunto com amigos no bairro de Vila Isabel e costumava tocar nos fins de semana na Praça Sete, do Andaraí. Cursou até o segundo ano do ensino médio no Colégio Pedro II, onde entrou em contato com algumas pessoas que faziam parte do Instituto Brasil-Estados Unidos, que posteriormente o convidaram para participar de um grupo artístico. Por sugestão de uma amiga americana, adotou o pseudônimo de Johnny Alf. Com o grupo do Instituto Brasil-Estados Unidos fundou um clube para promoção e intercâmbio de música brasileira e americana.

Quando Dick Farney ingressou no grupo em 1949, o clube passou a se chamar Sinatra-Farney Fan Club, tendo entre seus sócios Tom Jobim, Nora Ney e Luís Bonfá, entre outros. Na época, Alf tocava durante a noite no clube e pela manhã assumia seu posto de cabo no Exército. Através de Dick Farney e Nora Ney, Johnny foi contratado em 1952 como pianista da recém-inaugurada Cantina do César. Ali a atriz e cantora Mary Gonçalves, Rainha do Rádio em 1952, escolheu três de suas composições, Estamos Sós, O Que é Amar e Escuta para incluir no seu LP Convite ao Romance. Neste ano ele grava seu disco compacto, tendo, no lado A, a música De Cigarro em Cigarro e, no B, Falseta.

Depois disso, Alf foi convidado para integrar como pianista o conjunto que o violonista Fafá Lemos formou para tocar na boate Monte Carlo. De seu repertório, duas composições começaram a se destacar, Céu e Mar e Rapaz de Bem, esta escrita por volta de 1953 e considerada a precursora do movimento musical bossa nova.

Em 1954, Alf mudou-se do Rio para São Paulo e passou a se apresentar na boate A Baiuca, na rua Major Sertório, e depois no Bar San Michel - ele voltou a morar no Rio em 1962, mas, em 1965, ele retornou a São Paulo.

Em 1961 gravou pela RCA seu primeiro LP, Rapaz de Bem, que incluía, entre outras (e além da já famosa música que dava nome ao disco), Ilusão à Toa, que também se tornou um sucesso. Ainda em 1961, recebeu um convite do compositor Chico Feitosa para tocar no Carnegie Hall, em New York - mas não foi. No ano seguinte, retornou ao Rio de Janeiro e tocou no Bottle's Bar, na mesma época em que ali atuavam o Tamba Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas e Silvia Teles.

Em 1967, participou do Festival da TV Record com a música Eu e a Brisa. A composição foi desclassificada nas eliminatórias, mas meses depois virou um grande sucesso. Em janeiro de 1998, depois de sete anos sem gravar, apresentou-se no SESC Pompéia, em São Paulo, no show de lançamento do álbum Noel Rosa - Letra e Música.

Em agosto de 2009, ele fez seu último show, no teatro do Sesi, em São Paulo, ao lado da amiga e cantora Alaíde Costa. Johnny Alf, o "Genialf", segundo Tom Jobim, não deixou parentes, mas deixará saudades.

Confira a discografia do músico
1952 - Johnny Alf
1952 - Convite ao Romance - Mary Gonçalves
1954 - Johnny Alf
1955 - Johnny Alf
1958 - Johnny Alf
1961 - Rapaz de bem
1964 - Diagonal
1965 - Johnny Alf - arranjos de José Briamonte
1968 - Johnny Alf e Sexteto Contraponto
1971 - Ele é Johnny Alf
1972 - Johnny Alf - compacto duplo
1974 - Nós
1978 - Desbunde total
1986 - Johnny Alf - Eu e a brisa
1988 - O que é amar
1990 - Olhos Negros - paticipação Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso, Roberto Menescal, Leny Andrade e outros
1997 - Johnny Alf e Leandro Braga - Letra e música Noel Rosa
1998 - Cult Alf - Johnny Alf - gravado ao vivo
1999 - As set 1999 - As sete palavras de Cristo na Cruz - Dom Pedro Casaldáliga
2001 - Johnny Alf - Eu e a Bossa - 40 anos de Bossa Nova

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