quarta-feira, 16 de junho de 2010

A greve de Fome: Manoel da Conceição e de Domingos Dutra,

Manoel da Conceição


Companheiras e companheiros,

Peço leitura da mensagem abaixo e da matéria de imprensa um pouco mais abaixo. Trata-se da greve de Fome de Manoel da Conceição, histórico líder campones maranhense, contra o apoio de Lula, de Dilma e do PT à Família Sarney no Maranhão. Sou um admirador de Manoel desde que iniciei minha militância. Conheci pessoalmente logo depois que ele chegou do exílio em 1979 e com fizemos muita coisa juntos, como companheiros da APML e depois do fim desta organização. Desde ter militado fazendo sua segurança e sendo seu motorista, até outras atividades tão importantes como redação de textos políticos e muitas atividades de formação política e assessoria no movimento camponês em vários estados do Nordeste.

Jorge Almeida(na foto com o microfone) Professor da UFBª e ex-Preso Político.

Em carta enviada no início deste mês a Lula da Silva, Manoel, que foi barbaramente torturado nos cárceres da ditadura, disse: "
"Como que agora meus próprios companheiros de partido querem me obrigar a fazer a defesa dessas figuras que me torturaram e mataram meus mais fieis companheiros e companheiras. Vocês podem ter certeza que essa é a pior de todas as torturas que se pode impor a um homem. Uma tortura que parte dos próprios companheiros que ajudamos a fortalecer e projetar como nossos representantes no partido e na esfera de poder do Estado, na perspectiva de um projeto estratégico da classe trabalhadora. Estou falando do fundo de minha alma em honra à minha história e à de meus companheiros e companheiras que foram assassinadas pelas forças oligárquicas e de extrema direita neste país."

Toda solidariedade ao companheiro Mané da Conceição!

Jorge Almeida

Companheiro Jorge Almeida,

Sei que vc já não é mais petista, mas tenho certeza que a sua admiração pelo Mane continua viva. Peço que faça o possivel para denunciar essa situação pela qual passa o nossa maior liderança. Abraço O PT DE HOJE NÃO MERECE A MORTE DE MANÉ Meus companheiros e companheiras, Mesmo sem cabeça para escrever algo mais profundo neste momento, não posso deixar de escrever sobre a situação atual do PT. Ontem fiquei ate tarde vendo as noticias sobre a violência praticada a todos nós petistas e principalmente ao nosso companheiro Mane. A entrar na pagina principal da IG, deparo com a foto de mane em uma cadeira de roda, cuja reportagem repassei imediatamente. Meus amigos e amigas, não conseguir dormir o restante da noite, pois cada vez que tentava fechar os olhos, aquela imagem me vinha à mente. É muito triste para nós que aprendemos a gostar e admirar o Manuel da Conceição ver aquela situação. Logo ele que dedicou toda a sua vida em pró da luta em favor dos menos favorecidos, principalmente da classe trabalhadora camponesa. Ver aquela situação me dar mais certeza de que o PT não existe mais. Sempre disse que o Mane é muito mais importante para a luta e organização da luta dos trabalhadores do que Lula. Ver o Mane naquela situação, mostra claramente que Lula e CIA não dão mais a mínima para o projeto que originou o partido e a central dos trabalhadores. Sinceramente companheir@s, acho que hoje o PT não merece mais esse sacrifício do Mane e do Dutra. O Mane já fez de tudo nessa vida pelo seu povo, pela sua classe, pelo seu sonho, perdeu a sua perna, mas continuou lutando. Portanto, acho que o PT de hoje não merece a vida de Mane, de Dutra e de nenhum militante. Acho que devemos fazer um movimento no sentido de garantir a dignidade e a vida dos companheiros. Não podemos abri mão de comemorar os 75 anos de vida do Mane, ele é muito mais importante para nós vivo. Não podemos deixar que os assassinos e covardes da democracia e das organizações dos trabalhadores nos tire mais esse direito. Aproveito para dizer a Mane, Dutra e Teresinha: Meu agradecimento pela coragem e pelo espírito de luta dos companheiros. Viva a luta do trabalhador! Paulinho, Sec. Geral do PT de São Luís Petista histórico adere a greve de fome e preocupa time de Dilma Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana Ricardo Galhardo, iG São Paulo 14/06/2010 19:39 Quando o deputado Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que entraria em greve de fome contra a decisão da cúpula nacional do PT, que obrigou opartido a apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, pouca gente na direção do PT deu importância. “Se depender do PT ele vai morrer de fome”, disse um dirigente. A situação mudou de figura no último domingo, durante a convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, quando chegou ao conhecimento da direção partidária que Manoel da Conceição havia aderido à greve de fome de Dutra. “Isso é sério”, disse o secretário nacional do PT, José Eduardo Cardozo, quando soube da notícia. Até Manoel da Conceição aderir à greve de fome, PT dava pouca importância ao protesto Leia mais · 'PT doou o partido para Sarney', diz deputado em greve de fome Manoel da Conceição é descrito pela revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, braço intelectual do PT, como “sem dúvida uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil em todos os tempos”. Mais velho entre os fundadores do PT ainda vivos, Mané, como é conhecido, está com 75 anos, tem diabetes, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 que quase o matou e até hoje causa dificuldade na fala, mas não abalou sua disposição de enfrentar a imposição da direção partidária ao PT maranhense. “Vou até o final, até ver o resultado. Ou eles tiram a intervenção no Maranhão ou me expulsam do partido. Senão, eles vão me ver morto. A última vez que comi foi na quinta-feira”, disse Conceição, por telefone, ao iG. Nascido em um pequeno vilarejo no sertão do Maranhão, expulso das terras da família por um latifundiário corrupto, Conceição já passou por situações muito piores do que a greve de fome iniciada quinta-feira. À Teoria e Debate, ele relatou da seguinte forma um massacre de jagunços contra camponeses que presenciou em 1958 e escapou com vida por milagre: “A casa era um salão grande de um morador, da família Mesquita. Eles eram evangélicos da Igreja Batista. Aí entrou um dos jagunços e matou, sem troca de conversa, cinco pessoas, a bala e punhaladas nos rapazes e em uma senhora de mais ou menos 75 anos, que gritava na sala: ‘Não mate meus filhos!!’ Só que já tinha três rapazes mortos no chão. Deram um tapão na cabeça dela, jogaram a mulher no chão e cravaram nas costas o punhalão. Ela ficou rodando no chão, esvaindo em sangue. Uma criança de 3 anos, vendo os mortos no chão, corria gritando: ‘Papai, papai...’ Um dos jagunços pegou essa criança e deu uma estucada numa parede de taipa que a cabeça lascou, os miolos se espatifaram no salão”. Enfrentamento O histórico de enfrentamentos contra a família Sarney remonta à década de 60. Em 1965, seduzido pelas promessas de reforma agrária do então jovem líder progressista José Sarney, Conceição mobilizou os camponeses do interior maranhense e ajudou a garantir a Sarney a maior votação até então para o governo do estado. Três anos depois ele foi baleado pela polícia comandada por Sarney durante uma reunião de líderes camponeses. Passou mais de uma semana largado em uma cela sem médico nem remédios. A perna baleada gangrenou e foi amputada em um hospital de São Luís. “Depois o Sarney me visitou no hospital e tentou me comprar oferecendo emprego para mim e para minha mulher, uma casa e uma perna mecânica. Em troca queria que eu trabalhasse para ele. Recusei e fui preso outras nove vezes a mando do Sarney. É por isso que nunca, em hipótese alguma, aceitarei apoiar a oligarquia representada pelos Sarney no Maranhão”, disse Conceição, que no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, foi citado nominalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso. A direção petista até agora não procurou Conceição e Dutra para conversar. O único interlocutor até agora foi o líder do partido na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE). Dutra é visto internamente como opositor já há algum tempo. “Esta greve de fome é uma violência contra o PT”, disse um parlamentar de alta patente. A dupla de grevistas conta com assistência médica da Câmara. “Hoje (segunda-feira) o médico veio me ver três vezes”, disse Conceição. Apesar disso o temor na direção petista é grande quanto aos estragos que uma possível imagem de Conceição deixando o plenário da Câmara em uma maca possam causar à candidatura de Dilma e à imagem do partido.
Paulinho, Sec. Geral do PT de São Luís


Petista histórico adere a greve de fome e preocupa time de Dilma

Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana

Ricardo Galhardo, iG São Paulo 14/06/2010 19:39

Quando o deputado Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que entraria em greve de fome contra a decisão da cúpula nacional do PT, que obrigou opartido a apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, pouca gente na direção do PT deu importância. “Se depender do PT ele vai morrer de fome”, disse um dirigente.
A situação mudou de figura no último domingo, durante a convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, quando chegou ao conhecimento da direção partidária que Manoel da Conceição havia aderido à greve de fome de Dutra. “Isso é sério”, disse o secretário nacional do PT, José Eduardo Cardozo, quando soube da notícia.



Foto: Divulgação

Até Manoel da Conceição aderir à greve de fome, PT dava pouca importância ao protesto

Leia mais

· 'PT doou o partido para Sarney', diz deputado em greve de fome

Manoel da Conceição é descrito pela revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, braço intelectual do PT, como “sem dúvida uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil em todos os tempos”. Mais velho entre os fundadores do PT ainda vivos, Mané, como é conhecido, está com 75 anos, tem diabetes, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 que quase o matou e até hoje causa dificuldade na fala, mas não abalou sua disposição de enfrentar a imposição da direção partidária ao PT maranhense.

“Vou até o final, até ver o resultado. Ou eles tiram a intervenção no Maranhão ou me expulsam do partido. Senão, eles vão me ver morto. A última vez que comi foi na quinta-feira”, disse Conceição, por telefone, ao iG.

Nascido em um pequeno vilarejo no sertão do Maranhão, expulso das terras da família por um latifundiário corrupto, Conceição já passou por situações muito piores do que a greve de fome iniciada quinta-feira.

À Teoria e Debate, ele relatou da seguinte forma um massacre de jagunços contra camponeses que presenciou em 1958 e escapou com vida por milagre: “A casa era um salão grande de um morador, da família Mesquita. Eles eram evangélicos da Igreja Batista. Aí entrou um dos jagunços e matou, sem troca de conversa, cinco pessoas, a bala e punhaladas nos rapazes e em uma senhora de mais ou menos 75 anos, que gritava na sala: ‘Não mate meus filhos!!’ Só que já tinha três rapazes mortos no chão. Deram um tapão na cabeça dela, jogaram a mulher no chão e cravaram nas costas o punhalão.

Ela ficou rodando no chão, esvaindo em sangue. Uma criança de 3 anos, vendo os mortos no chão, corria gritando: ‘Papai, papai...’ Um dos jagunços pegou essa criança e deu uma estucada numa parede de taipa que a cabeça lascou, os miolos se espatifaram no salão”.

Enfrentamento

O histórico de enfrentamentos contra a família Sarney remonta à década de 60. Em 1965, seduzido pelas promessas de reforma agrária do então jovem líder progressista José Sarney, Conceição mobilizou os camponeses do interior maranhense e ajudou a garantir a Sarney a maior votação até então para o governo do estado. Três anos depois ele foi baleado pela polícia comandada por Sarney durante uma reunião de líderes camponeses. Passou mais de uma semana largado em uma cela sem médico nem remédios.

A perna baleada gangrenou e foi amputada em um hospital de São Luís. “Depois o Sarney me visitou no hospital e tentou me comprar oferecendo emprego para mim e para minha mulher, uma casa e uma perna mecânica. Em troca queria que eu trabalhasse para ele. Recusei e fui preso outras nove vezes a mando do Sarney. É por isso que nunca, em hipótese alguma, aceitarei apoiar a oligarquia representada pelos Sarney no Maranhão”, disse Conceição, que no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, foi citado nominalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso.

A direção petista até agora não procurou Conceição e Dutra para conversar. O único interlocutor até agora foi o líder do partido na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE). Dutra é visto internamente como opositor já há algum tempo. “Esta greve de fome é uma violência contra o PT”, disse um parlamentar de alta patente.

A dupla de grevistas conta com assistência médica da Câmara. “Hoje (segunda-feira) o médico veio me ver três vezes”, disse Conceição. Apesar disso o temor na direção petista é grande quanto aos estragos que uma possível imagem de Conceição deixando o plenário da Câmara em uma maca possam causar à candidatura de Dilma e à imagem do partido.

3 comentários:

Lígia Saavedra disse...

É seríssima esta denúncia verdade, caro amigo.
E agora? Colocamos vendas de filó?
Gritamos?
Ou levamos com a barriga?
Vc me ajudaria a pensar?
Bj

Anônimo disse...

O PT vai perde suas lideranças pouco a pouco se continuar com essa forma truculenta de pensar. É lamentável que o PT não faça nada para barrar essa barbárie.



Raoni Raiol.

Anônimo disse...

Após acordo com PT, deputado encerra greve de fome
Camila Campanerut
Do UOL Eleições
Em Brasília


O deputado Domingos Dutra (PT-MA) e seu companheiro de partido, Manoel da Conceição, encerraram a greve de fome nesta sexta-feira (18) depois de conseguir articular um acordo com o aval da direção do PT Nacional.

"O acordo foi o reconhecimento do direito dos companheiros de apoiar o deputado Flavio Dino (PCdoB). Foi assinado pela liderança da bancada e tem o aval do presidente nacional, José Eduardo Dutra", afirmou ao UOL Eleições o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF).

Com a decisão, o parlamentar poderá pensar em se reeleger como deputado federal e os filiados do Maranhão terão liberdade para apoiar Dino, candidato ao governo pelo PCdoB em coligação com o PSB, ou seguir a orientação do PT nacional e dar suporte à campanha da atual governadora, Roseana Sarney (PMDB).

Domingos Dutra ficou sem comer por uma semana, em protesto pela decisão da direção nacional da sigla de fazer uma "intervenção branca" no partido no Maranhão para garantir o apoio à reeleição de Roseana. Na manhã desta sexta-feira, ele foi encontrado inconsciente pela esposa, Núbia Dutra, e foi levado ao Departamento Médico da Câmara.

Para o deputado, sua manifestação não era uma sinal de briga interna do PT. “É briga de democracia. São 46 anos sem alternância no poder no Maranhão”, justificou, em discurso emocionado na última quarta-feira (16).

Os dois petistas não puderam dar entrevista. Segundo a assessoria de imprensa de Dutra, ele será levado para casa, onde será tratado. O médico da Casa Legislativa não permitiu a entrada da reportagem e não quis anunciar o diagnóstico do paciente. Pelo Twitter, o parlamentar disse que estava com um problema renal. Já o colega Manoel da Conceição foi transferido para o Hospital do Coração, onde passará por mais exames e irá se recuperar da desidratação e desnutrição.

Dutra começou a vigília na quinta-feira (10) no plenário da Câmara, e no dia seguinte recebeu do Maranhão a companhia de Conceição, um dos primeiros fundadores do PT, - ambos iniciaram a manifestação no dia seguinte. Desde então, ambos estavam sobrevivendo à base de água e água de coco, e dormiam no local em colchões infláveis.

Na quarta-feira (16), Manoel da Conceição chegou a suspender a greve, mas voltou ontem em apoio ao correligionário. Conceição foi preso, torturado e exilado durante a ditadura militar. Teve uma perna amputada porque foi alvo de tiros da polícia na época.



Raoni Raiol