quinta-feira, 26 de junho de 2014

Trabalhadores da Construção Civil vão realizar passeata amanhã em Belém

Via Diário do Pará

De 2009 para cá, o setor de Construção Civil teve um expressivo crescimento em Belém, o que também fez elevar os números de acidentes e mortes nos canteiros de obras. Em 2013 foram registradas 13 mortes de trabalhadores na capital. Este ano, só nos primeiros seis meses, já foram contabilizadas nove mortes, sendo quatro decorrentes de acidentes no exercício da função, duas de percurso do trabalhador até o canteiro de obras e três de trabalhadores que passaram por algum problema de saúde e, em seguida, vieram a óbito.

As informações são do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Belém (STICMB). De acordo com o coordenador geral do sindicato, Antônio Francisco de Jesus (Zé Gotinha), a maioria dos acidentes acontece devido as más condições de trabalho oferecidas pelas empresas que atuam no ramo. “Hoje Belém é um canteiro de obras. Todos os dias temos acidentes, principalmente no período das chuvas, pois as estruturas de madeira, por exemplo, vão apodrecendo nessa época. As empresas colocam técnicos de segurança do trabalho que só servem para vigiar e mandar nos trabalhadores. Temos um médico do trabalho no sindicato que recebe 25 fichas por mês, mas atende 30, pelo menos oito é por acidente no trabalho”, declara Antônio.
Antônio disse ainda que, além dos acidentes que já são corriqueiros nos canteiros de obras, os trabalhadores sofrem ainda com problemas adquiridos devido ao esforço e o trabalho repetitivo. “Às vezes o trabalhador se acidenta e quando é atendido no SUS não recebe atestado. O trabalhador está sem condições de trabalhar, leva falta e vai para casa. Então o médico do trabalho do sindicato é o que dá atestado. Os trabalhadores sofrem muito com problema de coluna e também no braço. Coisas que não são levadas em consideração”, afirma.
Nos canteiros de obras faltam equipamentos básicos para a segurança dos operários, além de uma estrutura adequada que possa suprir as necessidades básicas dos trabalhadores. Segundo Antônio, existem canteiros de obras que não têm luvas, cinto de segurança e nem cabo de aço para atracar os cintos. Além disso, os trabalhadores não dispõem de locais adequados para suas necessidades básicas como refeitórios e banheiros.
“Já fui em canteiro de obra que no local da refeição é cheio de focos de dengue. Nenhum oferece local para o descanso do trabalhador.
Falta um projeto para a área de segurança. Se a empresa tratar bem a questão da saúde, esse trabalhador vai render muito mais.
Vamos pedir que cada empresa tenha uma ambulância para atender os trabalhadores, teria como diminuir acidentes e mortes”, explica o coordenador.
No último dia 6 deste mês, um funcionário que trabalhava como serviço gerais em um canteiro de obras no bairro da Marambaia, da empresa Pinheiro e Sereni, estava no local de trabalho quando foi atingido por uma perna-manca. Um operário que havia subido em um guincho deixou cair as pernas-mancas que carregava. Uma delas atingiu o operário. “A empresa está culpando esse operário que estava segurando as vigas. Ele está transtornado, precisando de um apoio psicológico, pois ainda terá que depor. A culpa é da empresa que não arca com a segurança necessária”, assegura


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