quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Artigo de Atnágoras Lopes: 2º turno no Brasil: Uma encruzilhada onde estamos impedidos de virar à esquerda?

                                                              
Se virar à direita dá Aécio (PSDB). Um projeto das elites; Os petistas nos dizem que virar à esquerda é manter Dilma (levando junto, de quebra, os aliados dela e sua opção de governar com os ricos) e "PT saudações"...
Estamos diante de uma eleição polarizada. Isso, depois de anos de frieza e aparente hegemonia, tem o seu valor. Esse cenário se explica, entre outras coisas, pelos levantes e greves que ocorrem desde junho do ano passado e mudaram a situação política de nosso país. As pessoas estão cansadas de políticos corruptos que, com má utilização do dinheiro público, só enriquecem a si, seus financiadores e familiares. O povo sabe que eles fazem essa farra em detrimento da falta de moradia, de saneamento, de educação, de saúde e de transporte público acessível e de qualidade para a maioria da população que vive somente de seu trabalho e hoje exige mudanças.
Esse sentimento (que exige mudanças) vem sendo disputado pelas duas candidaturas que ora chegaram ao segundo turno das eleições presidenciais. De um lado, Aécio (PSDB) que representa o retorno de uma política, categoricamente, liberal e a serviços dos Bancos, das Empreiteiras, do lucro das multinacionais e de uma filosofia privatista que defende um Estado cada vez mais diminuído, quanto as suas responsabilidades sociais e no que se refere à proteção aos direitos básicos e coletivos da população. Na verdade ele pretende levar o Brasil a uma condição de um sócio menor das empresas e bancos nacionais e estrangeiros. Acrescenta-se a isso a intolerância e a repressão aos movimentos sociais, que sempre marcaram os governos ditos “Tucanos”.
Do outro lado está Dilma e o PT e também encontramos hoje: Sarney, Collor de Melo, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Edir Macedo e tantas outras velhas figuras que, na opinião mais geral dos que se mobilizam por mudanças, também representam o atraso e a velha política carreirista e corrupta; Todos esses são agentes do clientelismo, do cinismo e do destrato com a coisa pública para beneficiamento próprio e de seus “patrocinadores”. Por falar em patrocínio, é flagrante ver que grande parte das empreiteiras, empresas e bancos que financiam a campanha de Aécio, também investem fortunas na candidatura da petista. Assim, se queremos, de fato, ir à esquerda, não dá pra dizer que devemos manter o atual governo e “PT saudações...”.
Nesses dias de embate eleitoral, enquanto vimos o desaparecimento das grandes manifestações de massa, também assistimos o PT e o PSDB omitirem temas chaves e estruturais para o futuro de nosso país; Isso se deu por que ambos defendem “Seguir remetendo metade de todo orçamento anual para o pagamento de juros e serviços da dívida pública”. Essa atitude revelou que são iguais os que, na aparência ou passado, poderiam ser diferentes. Essa opção os
obriga a apontar um mesmo caminho: Nosso país não vai mudar; Seguirá submisso aos interesses da “banca internacional” e não atenderá as exigências de mudança cantadas e gritadas nas ruas e greves de nossas terras tupiniquins; Hoje alçada a posição de 7ª economia do mundo.
Como parte desse filme, estamos assistimos o reflexo dessa disputa se expressar em amplos setores, organizações, classes sócias e personalidades de nossa sociedade. Mesmo que estejamos tratando de uma fita inteira o que aparece com maior relevância, é apenas uma fotografia. Essa imagem mostra uma encruzilhada com duas estradas a serem tomada: A que dá em “uma onda conservadora” (Aécio) ou a que nos leva a manter um aparente “mal menor” (Dilma). Assim, para infelicidade de toda uma geração, segue prevalecendo um velho dito popular: “todo caminho vai dar na venda!”; literalmente falando.
Nossa tarefa é ir em frente; Anular o voto e manter o pé na estrada das lutas, das greves e das manifestações para reconstruirmos o caminho que, verdadeiramente, nos leve a uma virada à esquerda.
Atnágoras Lopes
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas
Foto Rui Baiano Santana

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