sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Vale negocia venda de produtora de bauxita no Pará



Murilo Ferreira, presidente da Vale - Charles Pertwee / Bloomberg News

Negócio pode chegar a US$ 1 bi e sela saída da mineradora da cadeia de alumínio

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RIO - A mineradora Vale assinou acordo com a norueguesa Norsk Hydro para uma possível venda de 40% de sua unidade produtora de bauxita, a Mineração Rio do Norte (MRN), localizada no Pará. A negociação foi comunicada ao mercado pela companhia noruguesa nesta sexta-feira e havia sido antecipada pelo colunista do GLOBO Ancelmo Gois na edição do jornal de hoje.
O valor do negócio não foi divulgado, mas o analista Christian Georges, do Société Générale, estima que a fatia da Vale esteja avaliada entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão. A Vale não comenta.
A MRN produz bauxita — são 18 milhões de toneladas por ano de capacidade — matéria-prima para fazer a alumina, que por sua vez é usada na produção de alumínio. Se o negócio for concretizado, a Vale dará mais um passo para deixar definitivamente a cadeia do alumínio.
Hoje, a companhia tem participações minoritárias em duas empresas de mineração de bauxita, ambas no Brasil: a MRN e a Paragominas. A Vale já havia concordado em transferir a participação na Paragominas para a Hydro em duas parcelas iguais, em 2014 e 2016. Assim, com a possível venda de 40% na MRN, restará apenas uma fatia uma participação indireta de 13,63% na Paragominas, que será transferida para a Hydro em 2016.
A MRN é um dos ativos que vinha sendo apontado como potencial desinvestimento da Vale. A mineradora pretende levantar entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões em caixa com venda de ativos e parcerias este ano. A companhia brasileira confirmou a negociação, mas não se manifestou.
A Norsk Hydro, segunda maior produtora global de alumínio, depois da Alcoa, já tem uma participação de 5% na MRN. A empresa frisou que a compra de uma parcela adicional reforçaria a sua posição global em bauxita e alumina, mas advertiu que o negócio ainda depende da aprovação dos termos por ambas as partes e autoridades competentes.
APOIO DE OUTROS ACIONISTAS
A Hydro e a Vale também vão buscar apoio para a transação de outros acionistas da MRN, incluindo a Alcoa, que tem 18,2%. Os outros acionistas são South 32 (14,8%), Rio Tinto (12%) e CBA (10%).
A MRN opera desde 1979 e empresa cerca de 1.400 pessoas. A negociação inclui licenças minerárias e infraestrutura de escoamento.
A Hydro adquiriu outros ativos de alumínio da Vale no Brasil em 2011, um negócio que incluía acordos comerciais para compra de bauxita da Vale na MRN pela Hydro. O porta-voz da Hydro, Paal Kildemo, observou que o acordo permite a compra de bauxita em perpetuidade a um preço fixo.
“Hoje eles estão pagando os custos acrescidos de uma margem para as entregas de bauxita da Vale, por isso espero que a Hydro pague a margem, que não deve ser muito alta”, afirmou à agência de notícias Reuters o analista Morten Normann, da Fondsfinans.
Um player do mercado, que não quis ser identificado, disse que unidades novas de bauxita na África tiveram um preço entre US$ 100 a US$ 200 dólares por tonelada. Mas a possível aquisição da MRN pela Hydro seria provavelmente bem abaixo disso, devido ao acordo existente com a Vale desde 2011 e porque esta é uma mina antiga.
PREÇOS DA BAUXITA VÊM CAINDO
Além disso, os preços de bauxita e alumínio vêm caindo desde 2011. A Alcoa, por exemplo, publicou nesta quinta-feira lucro no terceiro trimestre abaixo de expectativas, por queda dos preços do alumínio.
A Vale vem se desfazendo de vários ativos para fazer caixa e centrar recursos em ativos estratégicos e de classe mundial. O maior projeto em curso da companhia é o S11D, que vai expandir a capacidade de produção de minério de ferro em Carajás, (PA), e é avaliado em cerca de US$ 16 bilhões.
Entre desinvestimentos recentes da Vale estão uma fatia da MBR (de minério de ferro), navios Valemax e 25% do fluxo de ouro de Salobo, no Pará.

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