segunda-feira, 27 de junho de 2016

Pioneiro,uma gestão que não o elege




Artigo Rui Baiano Santana e José Oeiras

A última pesquisa de intenções de votos feita pelo Instituto Paraná apontou um cenário preocupante para o Prefeito Pioneiro (PSDB), com 24,2%. Ele tem o Coronel Neil (PSD), com 18%, no seu encalço. À frente vem seu principal rival, o radialista Jéferson Lima (PMDB), com 31,5%. Ananindeua é uma cidade estratégica para o ministro Helder Barbalho na sua pretensão de governar o Pará, já que na ultima eleição ele perdeu na Região Metropolitana e a máquina eleitoral do PMDB vai priorizar a campanha de Jéferson Lima.  
A gestão Pioneiro tem apresentado índice baixíssimo de apoio por parte da população em relação à gestão. Com três  mandatos como prefeito, sem dúvida é o político mais conhecido no município. Ele ganhou seu primeiro mandato, quando Ananindeua tinha um orçamento de 22 milhões anuais, No ano seguinte viu o orçamento crescer, via repasses de impostos e reformas constitucionais, para 100 milhões. Pegou um município dormitório, com ruas sem asfalto e quase nada de políticas públicas. Recebeu grande apoio do governador Almir Gabriel, com verbas desviadas da prefeitura de Belém provenientes do repasse do ICMS, conseguindo implantar sua política de asfalto, pão e circo.

 Isenções tucanas

 Seguiu a política dos tucanos de dar isenção sem avaliar o impacto financeiro futuro no município, o que resultou na atração de grupos comerciais do setor de supermercados e atacadistas. Dizem à boca pequena que o grupo Formosa, por conta das isenções de ISS, IPTU e outras taxas, deu 200 vagas de empregos e outros mimos para Pioneiro distribuir entre seus cabos eleitorais.

Distrito Industrial

Na indústria não teve tanto êxito. O Distrito Industrial de Ananindeua nunca vingou. Sem uma política de incentivo à indústria, o precário “parque industrial” é composto apenas de algumas médias empresas de beneficiamento alimentício e de artefatos de concreto.  Ananindeua é uma dessas grandes cidades que não têm planejamento urbano e sua forma de crescimento e expansão espacial são ditadas pelos interesses do capital imobiliário especulativo.

Política do asfalto
A marca do prefeito é o asfalto; educação e políticas públicas de saúde são os pontos fracos da gestão pioneirista. Passadas três gestões à frente da prefeitura, Pioneiro manteve a velha fórmula: asfalto e festa. Mas hoje as demandas da população são outras. Com ações da gestão petista no governo federal, uma boa parte da população teve acesso à saúde, educação e a políticas sociais, como é o caso da construção de mais de 5 mil habitações e outras milhares em fase de contratação do Programa Minha Casa Minha Vida; de duas UPAs 24 horas (hoje negligenciadas em seu funcionamento e gestão, devido à ausência do poder público municipal que não investe em profissionais da área em quantidade suficiente para o atendimento à população); de obras de infraestrutura básica em áreas de grande densidade populacional, como é o bairro do Aurá e adjacências, das casas rurais e da eletrificação nas ilhas do município; há ainda a construção da primeira Estação Elevatória de Esgoto no bairro de Jaderlândia, com recursos da Funasa.

Ananindeua não quer só asfalto e festa

As demandas aumentaram, inclusive com a ampliação do crédito para consumo, e o debate sobre políticas públicas saiu dos projetos e foi para as ruas, enquanto a gestão de Pioneiro não acompanhou. Ananindeua é a 40ª. cidade brasileira em número de habitantes, a 3ª. da região norte e a 2ª. cidade do estado do Pará, mas cresceu sem planejamento urbano. O Plano Diretor está completando 10 anos e nunca saiu do papel, ou seja, é uma pequena metrópole amazônica com problemas de uma grande metrópole.  

A violência

Os índices nacionais apontam Ananindeua como uma das cidades mais violentas do país; a juventude negra tem o peso da falta de políticas sociais e o peso da política da bala, o que deve ser o mote da campanha de um dos candidatos, o coronel Neil. Pioneiro não opera a política da bala, mas virou as costas para a juventude ananindeuense. A cidade não tem teatro, cinema, praças e políticas para a juventude. Qual o orçamento para políticas públicas destinadas à juventude? Este é um dos flancos mais fracos da gestão, vai pesar na eleição. Hoje 30% dos eleitores de Ananindeua estão na faixa de 18 a 25 anos.

Violência contra mulher e falta de políticas públicas 

O município ficou na 7ª posição nacional em assassinatos no percentual de cada grupo de 100 mil mulheres; segundo o mapa da violência contra a mulher, igualmente entre os jovens, há uma incidência muito grande de morte violenta, a maioria (67%) são jovens negros ou pardos. Em número de homicídios pesquisados, em municípios brasileiros acima de 10 mil habitantes, Ananindeua figura em primeiro lugar no estado e em quinto lugar no Brasil.

Festeiro

Uma vez em um taxi chegando a Ananindeua no período carnavalesco, o editor do Blog ouviu do  motorista o seguinte comentário: “A cidade só é chuva e festa, Pioneiro é boiadeiro, gosta de festa”. Em Ananindeua já passaram os grandes nomes do Axé e do Sertanejo, com seus cachês astronômicos, fazendo show de uma hora.

Sem política cultural

Enquanto isso, a cultura popular local não tem qualquer apoio. Um exemplo é a Escola de Samba Caprichosos da Cidade Nova, que desfilou este ano em Belém porque não teve apoio da prefeitura (PMA). O cantor de brega raiz Jorge Benner levou um ano para receber um cachê. Ananindeua é rica em manifestações culturais: esta é uma das marcas de Pioneiro, nenhum apoio à cultura local, só esmola.

Esgotamento sanitário

A cidade não figura no índice do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), com uma taxa de 0,1% de coleta de esgoto sem tratamento e com cerca de 40% de atendimento no abastecimento de água para uma população de meio milhão de habitantes. Quando chove a cidade vira um grande rio, arrasando o precário sistema de mobilidade urbana.
 
Aconteceu um boom de condomínios verticais em Ananindeua. Um exemplo é a estrada do 40 Horas (hoje Av. Hélio Gueiros), que nos últimos anos recebeu mais de 30 empreendimentos. O esgoto doméstico (via pias) corre em céu aberto, porque a cidade só tem em torno de 14% de drenagem para águas servidas. Um escândalo, autêntico vertedor de transmissão de doenças. Não há um sistema de infraestrutura de esgotamento sanitário, o que acarreta enorme impacto nas nascentes dos rios, os quais pouco a pouco vão desaparecendo.
 Por outro lado, a gestão ambiental foi entregue à família Begot, que tem em seu currículo a devastação de uma boa parte de terras, como é o caso da área quilombola conhecida como Abacatal.

A política de assistência social

É quase inexistente. Há uma Secretaria inoperante, que tem como sua maior marca a contratação de servidores por chamadas públicas (sem concurso) e aluguéis de imóveis, aos montes. As ações sociais decorrem dos programas e projetos de maior peso do governo federal(Gestão Dilma), com repasse de Fundo a Fundo: o Bolsa Família Benefício da Prestação Continuada (BPC) e o Programa  de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), hoje ameaçados de diminuição em razão de cortes previstos pela política de austeridade do governo interino do golpista Michel Temer (PMDB).

Câmara de Vereadores de Ananindeua

Trata-se de um gasto desnecessário para o município, funciona só um dia na semana as terças.  A maioria da bancada vota cegamente sem sequer ler os projetos do prefeito. A presidenta Francy Pereira no ano passado comprou um milhão de reais em gêneros alimentícios. Até hoje esperamos a abertura do restaurante da Câmara. Fiscalizar o Executivo? Nem pensar. A CPI das milícias do Semutran foi barrada. Em torno de 60% dos atuais vereadores provavelmente não serão reeleitos.

O risco de não ir para o segundo turno

Se Pioneiro ficar fora do segundo turno da eleição municipal, seria a maior derrota para quem pensa em disputar o governo do estado em 2018. Temos que admitir que ele é um político matreiro: tem três meses para mexer no tabuleiro político e tentar reverter os índices negativos para sua reeleição, já que a parte administrativa da gestão está perdida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso é um absurdo. Eu trabalhei com o professor Marcos Klautau quando ele foi secretário de finanças de Ananindeua. Ele resolveu vários problemas que não cobravam o iptu a vários anos, diminuiu o IPTU e a receita aumentou. Agora esse prefeito quer aumentar o valor? A receita vai cair. Prefeito, chame de volta o professor Klautau.