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Procuradores não querem que Marcelo Odebrecht responda à
Lava Jato em liberdade, pois isso poderia comprometer o "clima
colaborativo". Há "boatos" de que o empresário vai entregar Lula
e Serra na delação
Jornal GGN - A Folha de S. Paulo desta segunda (18) traz uma
reportagem que denota a pressão sofrida por Marcelo Odebrecht para fechar um
acordo de cooperação com a equipe da Lava Jato.
Preso há mais de um ano em Curitiba, enquanto outros
delatores gozam do regime domiciliar, Odrebecht foi "convencido" a retirar
um pedido de liberdade apresentado por seu advogado no último dia 5.
Segundo o jornal, a Lava Jato deu a Odrebecht "duas
alternativa": "ou retirava o pedido de liberdade, ou estavam
encerradas as tratativas para o acordo de delação premiada que ele negocia com
procuradores desde março, logo após ter sido condenado a 19 anos de
prisão".
A "alternativa" é curiosa, uma vez que a operação
já é bastante criticada por usar pedidos de prisões, muitas vezes
questionáveis, para arrancar acordos de delação premiada que entreguem
informações contra políticos, por exemplo. Impedir que um empresário exerça seu
direito de defesa usando a delação premiada como chantagem apenas endossa essas
críticas.
Diante da pressão sobre Odebrecht, o advogado Nabor Bulhões
enviou ao juiz Sergio Moro um ofício pedindo a retirada do pedido de liberdade
"por motivo que se encontra em sigilo judicial".
Na versão da Folha, os procuradores entenderam que se
Marcelo Odebrecht tivesse o pedido autorizado, isso poderia comprometer o "clima
colaborativo" das negociações em curso.
O acordo de delação de Odebrecht tem sido vendido pelos
jornais como "o mais explosivo" da Lava Jato, pelo número de
políticos que serão citados. A Folha
publicou que "há boatos" de que Odebrecht entregará algo contra o
ex-presidente Lula e o ministro José Serra, numa tentativa de demonstrar
isenção.
Marcelo Odebrecht foi preso, pela primeira vez, sob a
alegação de que pagara propina no exterior. Depois, Sergio Moro revogou a ordem
e apresentou outra, com um novo motivo: um bilhete apreendido na sede da
Polícia Federal em Curitiba apontava que o empresário poderia obstruir a
operação com destruição de provas.
No pedido de liberdade que a defesa de Odebrecht retirou na
semana passada, a alegação era que esses motivos para a prisão não mais
existiam. Como o empresário foi condenado a 19 anos em uma das ações penais e é
réu em mais duas, o advogado sustentou que todas as provas possíveis já estão
em posse da Lava Jato.
Além de Odebrecht, os empresário Leo Pinheiro, da OAS, e
Sergio Mendes, da Mendes Jr., também negociam um acordo de delação premiada. A
diferença é que ambos o fazem em liberdade.
Segundo a Folha, os procuradores da Lava Jato querem que
Odebrecht pague uma multa superior a R$ 6 bilhões - o empresário alega que não
tem como arcar com esse pedido - e, além disso, dão sinais de que ele deve
continuar preso mesmo após a delação, "como uma demonstração de que a
força-tarefa não será tolerante com empresários que paguem multas bilionárias
como ressarcimento."
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