segunda-feira, 18 de julho de 2016

Ou fica na prisão ou não tem delação: a imposição da Lava Jato a Marcelo Odebrecht





Via GGN

O Jornal de todos Brasis

Procuradores não querem que Marcelo Odebrecht responda à Lava Jato em liberdade, pois isso poderia comprometer o "clima colaborativo". Há "boatos" de que o empresário vai entregar Lula e Serra na delação

Jornal GGN - A Folha de S. Paulo desta segunda (18) traz uma reportagem que denota a pressão sofrida por Marcelo Odebrecht para fechar um acordo de cooperação com a equipe da Lava Jato.

Preso há mais de um ano em Curitiba, enquanto outros delatores gozam do regime domiciliar, Odrebecht foi "convencido" a retirar um pedido de liberdade apresentado por seu advogado no último dia 5.

Segundo o jornal, a Lava Jato deu a Odrebecht "duas alternativa": "ou retirava o pedido de liberdade, ou estavam encerradas as tratativas para o acordo de delação premiada que ele negocia com procuradores desde março, logo após ter sido condenado a 19 anos de prisão".

A "alternativa" é curiosa, uma vez que a operação já é bastante criticada por usar pedidos de prisões, muitas vezes questionáveis, para arrancar acordos de delação premiada que entreguem informações contra políticos, por exemplo. Impedir que um empresário exerça seu direito de defesa usando a delação premiada como chantagem apenas endossa essas críticas.

Diante da pressão sobre Odebrecht, o advogado Nabor Bulhões enviou ao juiz Sergio Moro um ofício pedindo a retirada do pedido de liberdade "por motivo que se encontra em sigilo judicial".

Na versão da Folha, os procuradores entenderam que se Marcelo Odebrecht tivesse o pedido autorizado, isso poderia comprometer o "clima colaborativo" das negociações em curso.

O acordo de delação de Odebrecht tem sido vendido pelos jornais como "o mais explosivo" da Lava Jato, pelo número de políticos que serão citados.  A Folha publicou que "há boatos" de que Odebrecht entregará algo contra o ex-presidente Lula e o ministro José Serra, numa tentativa de demonstrar isenção.

Marcelo Odebrecht foi preso, pela primeira vez, sob a alegação de que pagara propina no exterior. Depois, Sergio Moro revogou a ordem e apresentou outra, com um novo motivo: um bilhete apreendido na sede da Polícia Federal em Curitiba apontava que o empresário poderia obstruir a operação com destruição de provas.

No pedido de liberdade que a defesa de Odebrecht retirou na semana passada, a alegação era que esses motivos para a prisão não mais existiam. Como o empresário foi condenado a 19 anos em uma das ações penais e é réu em mais duas, o advogado sustentou que todas as provas possíveis já estão em posse da Lava Jato.

Além de Odebrecht, os empresário Leo Pinheiro, da OAS, e Sergio Mendes, da Mendes Jr., também negociam um acordo de delação premiada. A diferença é que ambos o fazem em liberdade.

Segundo a Folha, os procuradores da Lava Jato querem que Odebrecht pague uma multa superior a R$ 6 bilhões - o empresário alega que não tem como arcar com esse pedido - e, além disso, dão sinais de que ele deve continuar preso mesmo após a delação, "como uma demonstração de que a força-tarefa não será tolerante com empresários que paguem multas bilionárias como ressarcimento."

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