terça-feira, 4 de outubro de 2016

Artigo de Daniel Veiga* "A derrota eleitoral em 2016 e a necessidade da Unidade Popular – Resultados de Belém e Ananindeua-PA"



Daniel Veiga
O balanço dos resultados do 1 turno nos mostra que a derrota foi do PT.
Nacionalmente, as candidaturas majoritárias do PT receberam cerca de 6,8 milhões de votos. Em 2012, havíam recebido 17,2 milhões de votos. 

Nacionalmente, o PT caiu de 630 para 231 prefeituras. Ao levar em consideração o número de pessoas que moram em cidades governadas por prefeitos/as petistas, a derrota vira desastre, pois em 2016 o PT governava cidades onde residiam 37,9 milhões de pessoas. A partir de 1 de janeiro, o PT vai governar cidades onde residem 6,1 milhões de pessoas.



Mas a derrota não foi só do PT. Foi também do conjunto da esquerda.

O número de eleitores que votam na esquerda, em suas variadas expressões, é muito menor hoje do que nas eleições anteriores.

O que significa dizer que os partidos de esquerda que sonham em superar o PT pela via eleitoral, também verão pela frente tempos difíceis.
O PSOL, por exemplo, elegeu um número reduzido de prefeitos e de vereadores em todo o país. Se ganhar o segundo turno, passará a dirigir 5 (cinco) prefeituras
. Sua votação caiu, entre o primeiro turno de 2012 e o primeiro turno de 2016, de 2,38 milhões para 2,09 milhões de votos.

Uma das causas da derrocada do PT e o desfecho do ciclo aberto com a eleição de Lula da Silva pode ser traduzido em que “Desde 2003, pontifica a tentativa de gerir a ordem vigente por meio de políticas que procuraram compatibilizar, ecleticamente, em uma economia capitalista dependente, concentrada e centralizada, preceitos neoclássicos, medidas compensatórias, leniência em face das conquistas trabalhistas e planos nacional-desenvolvimentistas a meio pano. Após o fracasso do transformismo social que sugou correntes e políticos de origem popular em 13 anos de administração federal possibilista e adaptacionista, bem como a abertura de um novo período da luta de classes, a sanha obscurantista vem hostilizando e buscando desmoralizar tudo que cheira à esquerda.”



OS RESULTADOS EM BELÉM E ANANINDEUA

Como confirmação de que o campo democrático-popular, representado principalmente pelo PT, PSOL, PC do B, vem sofrendo derrotas eleitorais, a partir de 2012, na região metropolitana de Belém, apresentamos os resultados das eleições municipais em Belém e Ananindeua nos anos de 2012 e 2016 :

BELÉM




PSOL

PT

PC DO B








VEREADOR
PREFEITO
VEREADOR
PREFEITO
VEREADOR
PREFEITO
2012
84.898 (11.27%)
252.049 (32,58%)
59.371 (7,88%)
2 23.678 (3,06%)
36.088 (4,79%)
-
2016
61.691(8,11%)
229.343(29,50%)
23.289 (3,06%)
13.332(1,71%)
34.403 (4,52%)
5.900 (0,76%)



O decréscimo nas votações nominais e percentuais dos 03 partidos se refletiu na diminuição das bancadas de vereadores, haja vista que :

2012 = 04 PSOL

            03 PT    

            02 PC DO B



2016 = 03 PSOL

            01 PT    

            02 PC DO B

A queda mais acentuada foi com o PT, que alguns analistas do partido creditam ao fato de :

Os resultados de 2014: A política adotada no início do segundo mandato Dilma.

A operação Lava Jato. A ação do oligopólio da mídia. As manifestações de massa da direita. O impeachment. As campanhas eleitorais, incluindo aí a linha de campanha, as alianças indevidas, o esconder da estrela e do Partido.









ANANINDEUA




PSOL

PT

PC DO B








VEREADOR
PREFEITO
VEREADOR
PREFEITO
VEREADOR
PREFEITO
2012
2.826 (1,29%)
2.590 (1,19%)
10.424 (4,76%)
2  11.428 (5,24%)
5.595 (2,55%)
-
2016
2.941(1,25%)
12.508 (5,44%)
5.768 (2,45%)
-
1.483 (0,63%)
2.547 (1,11%)



Em Ananindeua o desastre ainda foi maior, haja vista que, além do decréscimo das votações nominais e percentuais, exceto a de Prefeito do PSOL, o resultado eleitoral ceifou a única vaga de vereador do campo democrático-popular para a próxima legislatura, pois nenhuma das agremiações conseguiu eleger representante na CMA para o período 2017-2020.





O QUE FAZER?

Neste momento de crise, o mais importante é construir a coesão nas disputas concretas, com senso prático e maior abrangência possível. Para tanto, ouso ariscar alguns elementos básicos na tática:

1- A resistência ao conservadorismo exige a construção de uma alternativa nacional e instrumentos novos – a frente de unidade popular, de caráter orgânico, institucional, permanente, amplo e unitário, capaz de abrigar, institucionalmente, não só partidos, como também correntes políticas, dirigentes e parlamentares hoje minoritários em agremiações conservadoras –, para além de entendimentos intracongressuais em torno de temas singulares ou de articulações voltadas exclusivamente à mobilização de massas;

2- Trabalhar pela formação de um comando operacional de partidos, frentes, entidades representativas, movimentos, dirigentes e militantes, cujo centro seja unificar as forças populares, resgatar o papel do proletariado, garantir o alargamento social das lutas e aumentar a pressão sobre o governo federal, especialmente a partir dos fóruns unitários – envolvendo todas as centrais, confederações, federações e sindicatos interessados – e das jornadas nacionais com manifestações, paralisações e greves;



Reafirmo que é a urgência de aglutinar o campo democrático-popular numa Frente de Unidade Popular, que garanta a unidade na pluralidade, num novo tipo de organização e de relação política.



*Daniel Veiga- militante da Refundação Comunista, Pará.


Nenhum comentário: