segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Manifestações e jornais fazem confusão em críticas a projetos, e Temer agradece




 
Jornal GGN - A repercussão dos atos realizados neste domingo (04) em favor da Operação Lava Jato recebeu ao longo do dia e noite outras conotações, além dos motivos protestados: colocar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como escudos à revelia de Michel Temer.
 
O recado estava claro: o líder do movimento que organizou os protestos, Vem Pra Rua, Rogério Chequer explicou nas redes sociais que o grupo "não é a favor do Fora Temer". "Nós não temos nenhum interesse de tirar o Temer do poder", afirmou. E mais, em entrevista à BBC Brasil, o organizador disse que não podia controlar quem participa de seus atos, mas que esperava "que pessoas desalinhas das não se interessem em vir". Defendeu diretamente Temer, afirmando que o novo presidente "tem intenções extremamente positivas para o Brasil". O aviso do líder do Vem Pra Rua está em consonância com a reunião realizada no Planalto, em que Michel Temer pediu que os movimentos de direita o ajudassem.
 
Eram atos em favor da Operação Lava Jato e contra qualquer medida que pudesse impedir sua continuidade e avanço. Mas a "ameaça" à operação incluía não só a aprovação na Câmara dos Deputados, na calada da noite na última quarta-feira (30), das 10 Medidas incluindo tentativas de cercear atuação de investigadores, como também o Projeto de Lei do Senado 280, de Abuso de Autoridade, que quer evitar qualquer que seja o abuso cometido por juízes, delegados e procuradores. 
 
Mas a aprovação da Câmara, alterando as medidas um dia antes da agenda prevista no Senado para discutir a outra pauta, essa sim exclusiva aos abusos, provocou na população, com a ajuda dos meios de comunicação, uma interpretação de que tudo se tratava de ameaçar a Lava Jato.
 
 
Diante disso, as manifestações que eram para ser contra as alterações feitas pelos deputados federais na última quarta-feira, ampliou seu leque e, além de defender o próprio avanço da Operação Lava Jato, criticando o presidente da Câmara Rodrigo Maia, também pos na mira Renan Calheiros, presidente do Senado. Mas não Michel Temer, a voz ordenante do Executivo para as medidas que estão sendo aprovadas no Congresso.
 
Também os meios de comunicação fizeram seu papel. Apoiaram expressivamente as manifestações, destacando "famosos que defendem" os atos, a Lava Jato e contra a corrupção, nas propostas do Congresso.
 
"Das dez medidas sugeridas pelo Ministério Público Federal e que contaram com mais de 2 milhões de assinaturas de apoio, salvaram-se integralmente apenas duas. Os parlamentares ainda incluíram no projeto a tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público", divulgou O Globo, em reportagem que fez o balanço das manifestações.
 
 
A Folha trouxe destaque para as celebridades, como os atores Regina Duarte, Malvino Salvador, Susana Vieira e Juliana Paes, que ou integraram os atos, ou manifestaram seus apoios pelas redes sociais com fotografias e frases. 
 
 
A resposta de Temer foi de agradecimento. Em nota oficial, o Palácio do Planalto destacou o "comportamento exemplar" das manifestações deste domingo (04) por cerca de 200 cidades do Brasil e avaliou que os atos "fortalecem ainda mais" as instituições brasileiras.
 
"A força e a vitalidade de nossa democracia foram demonstradas mais uma vez, neste domingo, nas manifestações ocorridas em diversas cidades do país", elogiou o governo, por meio da Secretaria de Comunicação.
 
"Milhares de cidadãos expressaram suas ideias de forma pacífica e ordeira. Esse comportamento exemplar demonstra o respeito cívico que fortalece ainda mais nossas instituições. É preciso que os Poderes da República estejam sempre atentos às reivindicações da população brasileira", disse.
 
Por outro lado, o comunicado trará mais pressões para o governante, após as pautas de sua ampla base de apoio do Congresso serem aprovadas. A população que foi às ruas e os próprios jornais que valorizaram os atos ficarão atentos se Temer sancionará as leis dos deputados e senadores.
 
O Estadão mostrou isso, ao publicar reportagem de que as "manifestações país afora" devem "desacelerar" os projetos como o de Abuso de Autoridade. "A matéria poderá sair da pauta de votação do plenário do Senado amanhã", cobrou o jornal.
 
 
Ao mesmo tempo que a notícia revela pressão, tanto popular, quanto dos veículos de comunicação, para que o tema seja descartado pelo governo, também demonstra a tentativa de se misturar os dois projetos em andamento, um na Câmara e outro no Senado, como se fossem iguais.

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