segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Entrevista do Presidente Nacional do PSOL a Folha: "Enquanto essas concessões foram suportáveis pela elite, o PT conseguiu governar. Quando não tinha mais dinheiro pra isso, optou por fazer os ajustes que o [presidente Michel] Temer está fazendo com muito mais propriedade e capacidade política..."



 
NR. O Blog Ananidneuadebates deu  destaques em alguns trrechos da entrevista

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM
29/10/2016 20h00

O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, escolheu acompanhar o segundo turno em Belém, a sua cidade natal. Mas o motivo é outro: o candidato do partido, Edmilson Rodrigues, tem mais chances de vitória aqui do que no Rio com Marcelo Freixo, segundo pesquisas (NR. perdeu nas duas capitais).

Em entrevista à Folha na sexta (28), Araújo diz que o PSOL começou a ocupar o vácuo deixado pelo PT, seu antigo partido, mas que não conseguirá reconstruir a esquerda sozinho.

Professor de pedagogia da UnB (Universidade de Brasília), Araújo, 53, deixou o PT junto com seu grupo político em 2005, ano em que estourou o escândalo do mensalão. A seguir, a entrevista concedida no comitê de campanha do PSOL em Belém.


Balanço eleitoral

Essa talvez tenha sido a eleição mais difícil para a esquerda. Apesar de a gente ter saído do PT há 11 anos, o desastre que a eleição foi pro PT atingiu toda a esquerda.

Radicalizou-se um eleitorado mais conservador, principalmente as camadas médias nas cidades. Por um lado, [há] um ceticismo com a política, o que nos prejudica, porque a politização nos ajuda como candidatura de esquerda. E, por outro lado, o crescimento de partidos com candidaturas mais conservadoras stricto sensu. Os Bolsonaros da vida.

Mas nós crescemos também. Foi um bom resultado no meio de um péssimo resultado. A eleição foi uma vitória da direita, mas, olhando pelo lado da esquerda, o PT perdeu protagonismo no país inteiro, e o PSOL começou a ocupar esse espaço, guardadas as suas proporções.

Quem disputava esse espaço? PC do B, que tinha uma vinculação mais estreita com o PT; a Rede, que teve uma disputa contraditória porque se dividiu muito no dia anterior à votação do impeachment e não teve candidaturas muito competitivas.

Por esse lado, foi muito positivo: chegar a três segundos turnos [Rio, Belém e Sorocaba (SP)], quando o PT chegou a um só segundo turno [em capitais]. Lógico que ganhar ou não onde estamos disputando o segundo turno fará muita diferença na avaliação.

Segundo turno no Rio

A gente não tem uma aliança com a Globo. O que preside a Globo bater no Marcelo Crivella? Um problema comercial. Crivella assumindo tem o efeito colateral de turbinar as finanças da principal concorrente da Globo [a Rede Record].

É lógico que houve uma mobilização desses setores que não gostam muito do Freixo, mas o Crivella pode ser um tiro no escuro. Não é um plano de alianças. Os interesses olham para as candidaturas e dizem: qual o mal menor pros meus interesses? É lógico que a afinidade ideológica da Globo com PSDB seria maior.

Mas acho que isso é bom, educativo. Durante um período no PSOL, as pessoas não conseguiam enxergar que o segundo turno é um plebiscito.

Reconstrução da esquerda

A esquerda está num momento de reorganização. Temos o passivo de uma experiência que não deu certo pelo campo econômico. A nossa crítica ao governo Lula e o PT é de que não foi radical o suficiente no seu programa, fez concessões demais.

Enquanto essas concessões foram suportáveis pela elite, o PT conseguiu governar. Quando não tinha mais dinheiro pra isso, optou por fazer os ajustes que o [presidente Michel] Temer está fazendo com muito mais propriedade e capacidade política, digamos assim.
Mas também [de reorganização] pelo campo ético, de práticas da chamada governabilidade, o eufemismo inventado no Brasil para corrupção e compra de apoios em troca de cargos.
A pergunta é: que tipo de esquerda pode ser reconstruída? Algumas pessoas dentro da esquerda dizem: o problema do PT foram as alianças. O PSTU, por exemplo: "Melhor sozinho do que mal acompanhado".
O PSOL não pensa assim. Achamos que existe um segmento da esquerda dentro do petismo e em outros partidos que continuam lutando, defendendo teses, lutando em movimentos sociais e que não estão no PSOL.
O PSOL não basta para reconstruir a esquerda. Nós assumimos um protagonismo recentemente, mas sozinhos a gente não consegue reconstruir.
Então essas experiências que estamos tendo fazem parte desse processo: ter políticas de alianças que não sejam troca de cargos, trazer segmentos que estavam na órbita do PT para apoiar nossos candidatos, ter sido contra o impeachment mesmo fazendo oposição ao governo Dilma.
Ascensão do PC do B no Maranhão
É uma questão delicada. O governador Flavio Dino até mandou apoio pro Edmilson, se conhecem. O PC do B está nos apoiando aqui no segundo turno.

Mas eu não acho que seja um projeto de esquerda lá. Tem um filme do Glauber Rocha, "Maranhão 66". Foi o primeiro filme de propaganda eleitoral do Brasil, sobre a vitória do José Sarney, em 1966. Nesse filme, tem um discurso do Sarney mostrando essa desigualdade, essa pobreza que tinha no Maranhão e que ele ia acabar com as oligarquias.
O que ele fez depois? Criou uma oligarquia em torno dele, cooptando a oligarquia a partir do aparato do governo. O meu medo é que o Dino esteja fazendo um caminho parecido. É um risco. Eu não vou comparar porque seria uma grosseria. Ele é muitas vezes melhor do que o Sarney. Ele tem uma trajetória, mesmo que, nos últimos tempos, tenha ficado muito pragmático.

Que 46 prefeitos são esses [do PC do B no Estado]? São satélites do campo do governo, não foram 46 comunistas eleitos. Nem na China nem lá. Foram 46 prefeitos conquistados pela relação com o governo num Estado muito dependente, porque as prefeituras precisam estar do lado do governador pra ter qualquer coisa extra pra fazer, que não seja o FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Não acho que foi tão relevante como ele apresenta.

 

domingo, 30 de outubro de 2016

Uma eleição para a esquerda lembrar sempre


Via revista Fórum                                             Os resultados que brotam das urnas na noite de hoje, somados aos que já haviam sido confirmados no dia 2 de outubro, levam o Brasil para uma das suas maiores guinadas de direita. Leia mais

Esquerda: Juntar os cacos


sábado, 29 de outubro de 2016

Pesquisa Acertar: Aponta Edmilson na frente

Via Blog do Barata: ELEIÇÕES – Segundo o Instituto Acertar, Edmilson tem 42%, contra 40,5% de Zenaldo. Indecisos chegam a 8,5%

Edmilson: vantagem numérica sobre Zenaldo, de acordo com o Acertar.

Segundo o Instituto Acertar, de Belém, notabilizado pela margem de acerto de suas pesquisas eleitorais, na reta final do segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém registra-se um empate técnico entre os candidatos, com vantagem numérica do deputado federal Edmilson Rodrigues, do PSOL. Pela pesquisa, Edmilson Rodrigues tem 42% das intenções de voto, contra 40,5% do prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB; registrando-se ainda 9% entre bancos, nulos e dos que não votam em nenhum dos candidatos, e 8,5% de indecisos. Contabilizados apenas os votos válidos, Edmilson Rodrigues ostenta 51% das intenções de voto, contra 49%, de acordo com a pesquisa, divulgada na edição deste domingo, 23, do Diário do Pará, o jornal do grupo de comunicação da família do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará.
Registrada no TRE, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará, a pesquisa foi realizada entre quarta-feira, 19, e sexta, 21, e nela foram ouvidos 1.080 eleitores. A margem de erro é de 3,1%, para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%. A matéria do Diário do Paráomite os números da pesquisa espontânea e faz menção à pesquisa do Ibope de 15 de outubro, que ao contabilizar os votos válidos apontou vantagem de Edmilson Rodrigues, com 52%, contra 48% de Zenaldo Coutinho. 

O Instituto Acertar tem como diretor geral Américo Canto, 54, sociólogo com mestrado em ciência política, que acumula uma experiência de 15 anos trabalhando com pesquisas eleitorais. Discreto e ético, Canto é reconhecido como um profissional de competência e credibilidade comprovadas

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Para o prefeito Pioneiro reeleição de Zenaldo não é um bom negócio

O Prefeito Pioneiro (PSDB) está fazendo campanha para reeleição de Zenaldo Coutinho, só que no tabuleiro político a reeleição do prefeito de Belém, não é um bom negócio para o Prefeito de Ananindeua. A disputa pela sucessão de Jatene (PSDB) já começou;  Pioneiro saiu na frente ao se reeleger prefeito de Ananindeua.  O Senador Flexa Ribeiro que também está na disputa. Se Zenaldo não se reeleger, Pioneiro se torna um nome forte no PSDB para a disputa no partido.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

“Operários da construção civil devem votar no Edmilson 50”


O blog bateu um papo com Francisco de Jesus, mais conhecido como Zé Gotinha (Foto), coordenador do sindicato dos trabalhadores da construção civil de Belém:


Ananindeuadebates – Zé, como você avalia a PEC 241 do governo, conhecida como a PEC do fim do mundo?

Zé Gotinha - A PEC 241 é um conjunto de maldade, desgraça e miséria para o povo brasileiro. Ela destrói o passado “daqueles que lutaram contra a ditadura e contra o capital malvado. Ela esmaga o presente, levando o trabalhador à precariedade. E condena o futuro de várias gerações levando à barbárie”. Portanto, ela é um pacote de destruição generalizada ao povo brasileiro, ela ataca diretamente as políticas sociais para crianças, jovens, idosos e adultos. Por isso há uma necessidade de mobilizações constantes, onde devemos ocupar as escolas e ir pras ruas, paralisar obras e organizar e construir uma Greve Geral no país. Esse é o momento de se construir um novo projeto para a esquerda, onde possamos combater energicamente o capital e dar passos firmes rumo ao socialismo.

AD - Quais os reflexos desta PEC para os trabalhadores da construção civil de Belém?

ZG - Esta PEC atinge em cheio a nossa categoria, já temos sofrido muito com a política econômica do governo federal, que levou um corte brutal de vagas na categoria. Cortes nos investimentos no setor, gerando mais desemprego, precariedade e cortes em investimento em cursos de qualificação. Esta PEC do fim do mundo, como está sendo chamada, afeta profundamente a família operária: não vai ter dinheiro para saúde, educação, políticas públicas, ambientais e culturais. Quem é mais atingido? É claro! O trabalhador. O empresário vai em busca  do mercado, e o governo sempre dá um jeito para eles. Vão ser 20 anos sem investimento, como reza o texto da PEC, não vai restar outro caminho senão o confronto e a luta permanente, até derrubar esta PEC e esses famigerados políticos que querem colocar a conta para os trabalhadores pagar.
AD - O vereador Cleber Rabelo (PSTU), dirigente do seu sindicato, tem defendido nas obras o voto nulo para prefeito nas eleições de Belém. Você também é a favor do voto nulo?
ZG - Claro que não! Esse posicionamento do vereador Cleber, do PSTU, só ajuda e contribui com o quadro  caótico que Belém vive: falta de investimento em políticas públicas e sociais, corte no orçamento da saúde e educação. Isso tudo também  está embutido na PEC 241, que o PSDB, partido de Zenaldo, defende e já pratica. Hoje Belém é uma cidade abandonada pelo Zenaldo, os bairros onde os operários moram estão relegados por esta administração, falta tudo: remédios e médicos nos postos de saúde, merenda nas escolas municipais para os filhos dos trabalhadores. Obras de infraestrutura não existem, o povo mora encima de valas, não temos segurança, ruas escuras. Este é o quadro da administração Zenaldo. Por exemplo, pela falta de políticas públicas, as milícias ocupam esse espaço, levando terror e medo à periferia. O Governo Jatene, aliado e apoiador de Zenaldo, fecha os olhos para isso. Então a defesa do voto nulo ajuda essa política e só vai beneficiar o atual prefeito. Não podemos fazer política com raiva ou às cegas, como dirigente sindical e militante de esquerda temos de ter responsabilidade com a cidade e com os trabalhadores, que são os que mais sofrem com essa política nefasta dos tucanos. Por isso sem dúvida eu, como dirigente operário, vou votar em Edmilson, pois acredito que a cidade tem que melhorar, e vamos cobrar políticas públicas como sempre fizemos, seja quem for o prefeito. Por isso os operários da construção civil devem votar em Edmilson Rodrigues 50. Fora tucanos, fora a PEC 241 deles.
  
AD - Qual sua avaliação do governo Temer?

ZG - É um governo antipopular, oportunista, que tem a missão de implementar a política da ordem do capital e que atacará ferrenhamente a classe trabalhadora. Aos trabalhadores resta a tarefa árdua de se assumir como classe; se organizar, mobilizar e lutar pela derrubada desse governo e sua corja de congressistas e deputados corruptos. Portanto, vamos à luta, greve geral já! E construir novas eleições.

AD – Obrigado.

Deputados paraenses que votaram na PEC do Fim do Mundo

Esses deputados federais do Pará, mandaram as favas as políticas sócias e votaram a favor da PEC 241, ontem a noite. 
Com os retrocessos iniciados pelo governo Temer, políticas estão sendo destruídas numa velocidade estúpida. Conquistas sociais e trabalhistas construídas ao longo de décadas estão sendo arremessadas pelo ralo. Uma das ferramentas utilizadas para acelerar essa destruição surgiu em forma de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e ganhou um número: 241. Mas podem chamá-la de “PEC do Fim do Mundo”.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

"PSTU... apenas críticas aos governos do PT, sem nenhuma autocrítica da sua política isolacionista"


Vereador Cleber Rabelo

 Por Daniel Veiga

Ainda outro balanço das Eleições, parte II


  A queda do PSTU  foi quase igual a do PT, um decréscimo de 56,4% dos votos, comparado com a votação conseguida em 2012, ocasião em que elegeu vereadores em Natal e Belém. A queda na votação do PSTU fez com que o partido não conseguiu eleger nenhum vereador no pleito de 2016. Do balanço apresentado pela direção nacional do PSTU “O que saiu das urnas? Rejeição aos políticos e voto castigo contra o PT”, não encontramos nenhuma explicação para o também voto de castigo ao PSTU, apenas críticas aos governos do PT, sem nenhuma autocrítica da sua política isolacionista, que inclusive levou ao “racha” de agosto, com a perda de quase 800 militantes. Em nota da direção local do PSTU em Natal- RN, alega-se que “a  não reeleição da companheira Amanda Gurgel para vereadora em Natal foi uma derrota dos trabalhadores da cidade. Esta derrota se deve a uma legislação eleitoral restritiva, permeada pela corrupção generalizada que transformou as eleições num jogo de cartas marcadas”. Ora, mas as eleições no Brasil sempre foram realizadas com a corrupção generalizada presente, além da existência das cláusulas de barreira, tal como em 2012, quando a vereadora foi eleita com mais de 32 mil votos e considerada um fenômeno eleitoral.
A nota ainda assevera, na mesma linha da posição nacional que “estas eleições se deram sob o signo de uma ruptura da classe trabalhadora brasileira com o PT, que decepcionou o povo brasileiro e foi duramente castigado nestas eleições”. Apenas considerar que “esse desserviço que o PT fez com a esquerda brasileira influenciou negativamente o resultado destas eleições e foi determinante para que houvesse uma abstenção recorde, que somada aos votos nulos e brancos, ultrapassou a quantidade de votos dados aos candidatos na maioria das capitais”, expressa muito pouco por que o PSTU também foi tão duramente castigado pelas urnas.
Mas, passadas as refregas eleitorais, a conjuntura nos aponta a necessidade de barrar a marcha golpista e derrotar o seu propósito antipopular, antinacional e antidemocrático, pois, apesar da ofensiva desfechada pelo capital e das dificuldades surgidas ante o mundo laboral, avança a resistência popular ao processo golpista, desta feita direcionada à defesa dos direitos trabalhistas, previdenciários, nacionais e democráticos, que a plataforma e as ações do governo Temer procuram suprimir por meio de iniciativas políticas, ações administrativas, projetos de lei e propostas de emenda constitucional.
A resistência ao conservadorismo exige a construção de uma alternativa nacional e instrumentos novos – a frente de unidade popular, de caráter orgânico, institucional, permanente, amplo e unitário, capaz de abrigar, institucionalmente, não só partidos, como também correntes políticas, dirigentes e parlamentares hoje minoritários em agremiações conservadoras –, para além de entendimentos intracongressuais em torno de temas singulares ou de articulações voltadas exclusivamente à mobilização de massas.

NR. O vereador Cléber Rabelo foi eleito em 2012 com  4.691 votos. Para prefeito obteve
 só 1.919