Instituto fez levantamento sobre diarreia, dengue e
leptospirose.
Cosanpa diz que não tem condições de realizar novos
investimentos.
Do G1 PA
A cidade de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém,
gastou mais de R$ 19,5 milhões entre 2007 e 2015 cuidando da saúde moradores
que sofreram com doenças relacionadas a falta de saneamento. De acordo com a
Cosanpa, responsável pelo saneamento em Ananindeua, a empresa não tem condições
de realizar novos investimentos
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A informação sobre a situação de Ananindeua é do Instituto
Trata Brasil, que elaborou pela primeira vez um diagnóstico relacionando a
incidência de doenças de veiculação hídrica como dengue, diarréia e
leptospirose com a falta de saneamento.
Segundo o Trata Brasil, Ananindeua tem o pior saneamento
dentre as 100 maiores cidades do país: apenas 28% dos seus mais de 500 mil
habitantes tem água encanada em casa, e somente 2,9% contam com coleta de
esgoto domiciliar. A capital, Belém, ficou na 90ª posição no ranking do
instituto (veja vídeo acima).
Custo das internações
Os dados do instituo apontam que, entre 2007 e 2015, foram
internadas 3.713 pessoas com sintomas de dengue, que teve 1.979 casos
notificados. Quatro pessoas tiveram mortes relacionadas a esta doença no
período avaliado pela pesquisa, e os gastos públicos com a doença e os
pacientes.
No mesmo período, foram notificados 59 casos de leptospirose
na cidade. As internações por conta desta doença custaram R$ 44.446,29 aos
cofres públicos.
A diarréia é a doença responsável pela maioria das
internações, e por uma parte gigantesca dos gastos com doenças que poderiam ser
evitadas com um saneamento de qualidade. Segundo o instituto, de cada grupo de
100 mil habitantes de Ananindeua cerca de 830 são internados por causa de
diarréia a cada ano - só em 2010, ano em que houve um pico nos casos, foram
mais de oito mil habitantes internados com sintomas da doença.
Tratar estas pessoas representou um gasto de 17.827.388,59
para o município entre 2007 e 2015, já que o paciente passa, em média, 12 dias
internado. O custo individual de cada doente é de R$ 351,47 por internação.
Saneamento Básico, Ananindeua, Pará (Foto: Reprodução/TV
Liberal)Saneamento básico chega a poucas casas de Ananindeua (Foto:
Reprodução/TV Liberal)
Saneamento e saúde
A relação entre saneamento e saúde é óbvia para todos os
pesquisadores da área. Desde 1986, quando houve a primeira epidemia de dengue
no Brasil, o diretor do Instituto Evandro Chagas recomenda a universalização
dos serviços de água e esgoto para erradicar o mosquito Aedes aegypt, que hoje
pode infectar pessoas com doenças ainda mais perigosas, como a zika e a
chikungunya.
"Acharam que era um absurdo gastar tudo isso nesse
período", disse Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Evandro
Chagas. "Certamente que a gente não estaria nessa situação (com dengue,
vírus zika e chikungunya), e não precisa ser cientista para afirmar isso",
conclui.
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