sexta-feira, 7 de julho de 2017

O quase presidente do Brasil Rodrigo Maia (DEM): Bomba lançada contra a Amazônia

Via Agência Pública
Atingidos pelas bombas
Lembram dos protestos em Brasília? Quando milhares de manifestantes que pediam “Fora Temer” e “Diretas Já” foram atingidos por bombas de gás e pela cavalaria da PM e a mídia reproduzia imagens de prédios depredados e clamava contra os “black bloc”?
Pois bem. No mesmo dia 24 de maio de 2017, enquanto os deputados contrários ao governo abandonavam o plenário para gravar selfies discursando contra a repressão, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, aproveitava a ausência da oposição para aprovar rapidinho sete medidas provisórias.
Uma delas – a MP 759 – é uma bomba lançada contra a Amazônia e um escárnio para quem ouviu repetidamente que os black-blocs atentaram contra o patrimônio público. O que representa meia dúzia de vidraças quebradas diante da possibilidade de regularizar mais de 2 mil imóveis em terras públicas em mais de 3,4 milhões de hectares na Amazônia?
Transformada em Projeto de Lei de autoria de Romero Jucá, o assalto ao patrimônio público está prestes a se concretizar mas não aparece nas manchetes de jornais nem nos noticiários das TVs. Para além da iniquidade rotineira no país da desigualdade, premiando os grileiros e punindo os donos legítimos da terra – indígenas, quilombolas, ribeirinhos – todos os brasileiros perdem com o crescimento das taxas de desmatamento nesse ecossistema crucial para o futuro da humanidade. O silêncio, porém, é quase absoluto.
Dizem que um lado positivo da crise político-institucional que vivemos é as atenções estarem voltadas para o Congresso. Monitorar o que fazem os deputados organizados por interesses econômicos enquanto o desgoverno impera tem que ser prioridade dos jornalistas e dos cidadãos.

Afinal, não precisa ser nenhum Sherlock Holmes para concluir, como o ex-ministro conservador Delfim Neto, que “o poder econômico controla o poder político no Brasil”. Aqui, aliás, com imensa desfaçatez como mostra a depredação não apenas da Amazônia, mas também do Rio de Janeiro, outro patrimônio de valor incalculável de todos nós.

Marina Amaral, codiretora da Agência Pública

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