"Não por acaso, recordistas em vítimas em
conflitos de terra, invasões de grileiros e madeireiros, fragilidade
institucional"
Deserto de notícias, deserto de justiça
Muito se falou sobre o “deserto de notícias” durante o Festival 3i, promovido pelo Google News Lab, agência Pública e mais sete organizações de mídia nativas digitais, no Rio de Janeiro. A ausência da imprensa em diversas regiões é, ao lado das fake news, uma das preocupações centrais dos jornalistas em todo o mundo – principalmente pela função fiscalizadora que o jornalismo exerce.
No Brasil, 70 milhões de pessoas vivem sem meios noticiosos impressos ou digitais em 4.500 municípios, de acordo com o Atlas da Notícia, levantamento inédito feito pelo Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo – em parceria com o Volt Data Lab. Isso significa não apenas que os moradores dessa região não tem acesso à informação, um direito humano básico, mas que ali não se produzem notícias, tornando a região “mais vulnerável”, comoexplica Ângela Pimenta, do Projor.
No Brasil, 70 milhões de pessoas vivem sem meios noticiosos impressos ou digitais em 4.500 municípios, de acordo com o Atlas da Notícia, levantamento inédito feito pelo Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo – em parceria com o Volt Data Lab. Isso significa não apenas que os moradores dessa região não tem acesso à informação, um direito humano básico, mas que ali não se produzem notícias, tornando a região “mais vulnerável”, comoexplica Ângela Pimenta, do Projor.
Entre os estados mais críticos em relação à cobertura da imprensa estão o Pará e o Maranhão, ambos com menos de 0.6 jornais e sites de notícias por 100 mil habitantes. Não por acaso, recordistas em vítimas em conflitos de terra, invasões de grileiros e madeireiros, fragilidade institucional.
Do deserto de notícias se aproveitam também as grandes empresas, desobrigadas de cumprir o necessário para proteger a vida das comunidades esquecidas pela mídia. É esse um dos fatores que explica a tragédia que vivem os moradores de mais de cem comunidades cortadas pela ferrovia da Vale S.A do sudeste do Pará ao oeste do Maranhão. Suas casas estão a ponto de cair pela trepidação do trem, e são muitos os acidentes causados pela ausência de proteção, acessos e passarelas seguras na ferrovia – de 2010 para cá, foram 39 mortes por atropelamentos ao longo da ferrovia, incluindo um bebê de 1 ano e três meses.
Pior: ao ocuparem a ferrovia para protestar contra a falta de segurança nas travessias, os moradores são processados pela companhia. Nos últimos 5 anos, mais de 170 pessoas foram alvo de processo por parte da Vale acusadas de liderar os protestos de acordo com levantamento do repórter Thiago Domenici, da agência Pública.
Onde não há denúncia, a tragédia se repete sem trégua. É isso que mostra outra história da semana, essa do Pará. Em Anapu, na mesma região onde morreu Dorothy Stang, há 12 anos, um assentamento de desenvolvimento sustentável está sendo invadido – e seus moradores ameaçados de expulsão e agressões – diante da completa omissão do Estado.
O direito à informação é também o direito à garantia a todos os direitos. Jornalismo neles!
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
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