quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O que esperar do governo de Donald Trump?






Via GGN
O Jornal de todos Brasis

João Paulo Caldeira

Jornal GGN - Contrariando as pesquisas eleitorais e as projeções iniciais, o republicano Donald Trump venceu a disputa contra a ex-secretária de Estado Hillary Clinton em Estados-chaves e será o 45º presidente dos Estados Unidos. E vem sem experiência política e sendo o mais velho já eleito, com 70 anos de idade.

Além do slogan “Make America Great Again”, Trump adotou uma retórica agressiva em sua campanha, o que incluiu a promessa de construir um muro na fronteira com o México e também afirmando que sua oponente deveria ser presa.

Porém, em seu discurso da vitória, o empresário e ex-apresentador de TV mudou de tom, falando em união dos americanos e também que “nós temos uma dívida com ela [Hillary] por seu serviço ao país”. Ele não chegou a mencionar o muro com o México ou a proposta de deportar todos os imigrantes ilegais.

Então, o que esperar do governo de Donald Trump?

“Uma coisa é o Trump candidato, outra coisa será, é o Donald Trump presidente”, aponta Rodrigo Gallo, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

Ele crê que o magnata pode ter dificuldades em implementar suas propostas, já que algumas delas terão que ser aprovadas pelo Congresso, mesmo com maioria republicana. “Ele tem muita restrição interna com os republicanos”, pontua.

Entretanto, mesmo que Trump não consiga levar adiante suas promessas de campanha, há um efeito simbólico de sua eleição que não pode ser ignorado. “Só o fato de ser eleito e de representar uma boa parte das pessoas conservadoras no país, isso tem um efeito simbólico importante para pensarmos como fica a situação daquele imigrante que  estará vivendo em um país governado pelo Trump”, afirma Gallo.

“Trump é um aventureiro, ele não vai ligar muito para o que vai acontecer daqui a cinco anos. Ele vai querer mostrar que conseguiu fazer os Estados Unidos crescer”, diz André Araújo, consultor e colunista do Jornal GGN.

Para Araújo, Trump atraiu o voto de eleitores que tem a esperança de que ele reative a indústria americana, o que pode ser uma tarefa muito difícil.

Em termos de política econômica, o republicano vendeu a ideia de que irá aumentar o crescimento, o que implicaria em uma expansão monetária e uma menor preocupação com a inflação.

“O perfil dele é o do populismo financeiro e econômico, o que significa mais inflação. Ele nunca falou nada a favor da estabilidade econômica”, aponta Araújo. “Trump é um jogador, demagogo, ele pode mudar no meio do caminho. Mas o que ele está vendendo é isso, é crescimento”.

Após o resultado das eleições dos Estados Unidos, os mercados reagiram de maneira negativa, como já vinha ocorrendo quando Trump crescia nas pesquisas de intenção de voto.

Para Gallo, o empresário terá o desafio de legitimar o seu governo em relação à política econômica. “Ele terá de mostrar para os mercados globais que ele é um presidente viável para governar os Estados Unidos, que ele vai levar estabilidade”.

Isso significa que o 45º presidente dos EUA terá de realizar uma série de visitas diplomáticas para provar que sua política econômica irá funcionar. Para o cientista político, a tarefa não será fácil em um mundo instável do ponto de vista político e econômico, citando a saída do Reino Unido da União Europeia.

“Conseguir legitimar um governo que foi construído com propostas diferentes, em um momento em de crise política e econômica dentro de um grande mercado como o europeu e o britânico será um problema maior para o Trump do que seria para a Hillary”, afirma.

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