Via Brasil 247
por Tereza Cruvinel
Algum assessor de Michel Temer poderia providenciar-lhe uma cópia do
discurso da estudante Ana Julia na Assembleia Legislativa do Paraná,
contra a PEC 55 e em defesa das ocupações das escolas. Na entrevista ao
programa Roda Viva ele afirmou que vê "muito protesto físico mas não
argumentativo, intelectual". Ou seja, chamou os estudantes de "nescios",
o que em michelês equivale a chamá-los de estúpidos, broncos,
intelectualmente incapazes. Só sabem usar os corpos e a voz para
"protestos físicos", seja lá o que isso signifique.
As mídias vão destacar a parte de que mais gostaram: a promessa de
que a reforma da Previdência seguirá para o Congresso ainda este ano,
logo depois da votação da PEC 55 pelo Senado. Como o segundo turno está
marcado para o dia 13 de dezembro, eis aí uma data. Dia de Santa Luzia,
dia dos cegos, dia do AI-5. Os "protestos físicos" agora vão aumentar,
com uma reforma previdenciária que, diferentemente da PEC 55, será
imediatamente compreendida por suas vítimas.
O que eu achei mais interessante foi o comentário de Temer sobre as
menções a seu nome por delatores da Lava Jato. Ele confirmou ter
recebido Marcelo Odebrecht no Jaburu, que lá foi manifestar o desejo da
construtora de sua família de contribuir com as campanhas do PMDB.
Assim, espontaneamente. Os R$10 milhões foram dados ao diretório
nacional do PMDB sem que Temer pedisse. A versão de Marcelo será
conhecida em breve, quando fizer sua delação.
No mais, defesa de Romero Jucá, reiteração de que na chapa
Dilma-Temer cada um arrecadava para si e pieguices, como a descrição do
primeiro encontro com a mulher Marcela.
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