O Jornal de todos Brasis
Jornal GGN - Há quase sete anos, José Serra (PSDB), atual
ministro de Relações Exteriores do governo Michel Temer, foi enganado ou fez
enganar sobre ser homenageado com um prêmio da ONU sobre sua atuação frente às
políticas públicas de saúde no Brasil. O reconhecimento era, entretanto, de uma
ONG que não representava as Nações Unidas. Agora, mais uma ministra de Temer
divulga em sua bibliografia um título da ONU que também não existe.
A desembargadora aposentada Luislinda Valois foi nomeada
para o recém Ministério dos Direitos Humanos. Em nota divulgada, o Palácio do
Planalto ressaltou que a nova ministra tinha o "título de embaixadora da
paz da ONU em 2012".
A Folha de S. Paulo foi verificar junto às Nações Unidas se
a informação era verdadeira. Em resposta, a ONU teve que desmentir a
informação, completando ainda que o posto de "embaixadora da paz" da
organização sequer existe.
Na verdade, a homenagem foi de uma ONG chamada UPF, que
significa Federação para a Paz Universal. É apenas uma das mais de três mil
entidades que prestam serviços de consultoria não ainda para a ONU, mas para um
dos braços econômicos e social das Nações Unidas, a Ecosuc.
"Nenhuma instituição ou empresa está formal ou
legalmente autorizada a representar ou a falar em nome das Nações Unidas, ou de
qualquer Departamento do Secretariado da ONU", disse a Organização, em
resposta.
Não é a primeira vez ou o primeiro caso. Em 2009, o tucano
José Serra saiu alardeando nas redes sociais que, a caminho da Suíça, estava
cansado, mas ainda precisava preparar seu discurso para receber a homenagem da
ONU.
Á época, assim como agora fez o Planalto, o governo de São
Paulo divulgava em seu portal a notícia oficial: "Serra recebe homenagem
na sede da ONU, em Genebra". O release foi repercutido nos grandes jornais
e imprensa, destacando o título recebido pelo então governado do Estado, José
Serra.
Mais uma vez, a própria ONU foi obrigada a desmentir a
publicidade. O escritório da ONU no Brasil escreveu uma nota de esclarecimento,
informando que a homenagem era de uma Organização da Família, que era ONG, e
mais uma das 3 mil associadas ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
"A World Family Organization (WFO) não é uma entidade
da Organização das Nações Unidas. Trata-se de uma Organização Não Governamental
(ONG) associada ao Conselho Econômico e Social da ONU (...) As ONGs associadas
não representam a ONU nem podem, em qualquer hipótese, falar em nome da
Organização", desmentiu.
Soube-se que era apenas uma entidade que fazia serviços
voluntário para a ONU. E, ainda, não seria nem preciso ir à Suíça para receber
o prêmio, porque a fundadora era uma médica brasileira e a sede fica em
Curitiba, no Paraná, Brasil.
O "discurso" formulado pelo então governador de
São Paulo foi feito dentro de uma sala da ONU. Outras duas homenageadas na
mesma ocasião - uma princesa do Kuwait e a ex-primeira-dama do Reino Unido -
nem se deram o trabalho de comparecer ao local para receber o prêmio.
O enaltecimento divulgado pelo Planalto, agora, em 2017,
pode ser assim descrito: o mesmo prêmio recebido pela nova ministra de Temer
foi concedido também à banda baiana de forró Flor Serena, ao ex-candidato a
prefeito João Bico (PSDC/SP) e a outros líderes religiosos.
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