sábado, 1 de abril de 2017

A direita no Equador: tenho que ganhar, se não ganho, há fraude




Jadson Oliveira é jornalista baiano. Trabalhou nos jornais Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia, Diário de Notícias, O Estado de São Paulo e Movimento. Depois de aposentado virou blogueiro e tem viajo pela América do Sul e Caribe.


Os dois candidatos Lenín Moreno e Guillermo Lasso. Foto: Reprodução Internet.
Os dois candidatos Lenín Moreno e Guillermo Lasso. Foto: Reprodução Internet.
É como menino rico, mimado e violento. Os equatorianos escolhem no domingo, dia 2, em segundo turno, seu novo presidente entre o ex-vice-presidente Lenín Moreno e o banqueiro Guillermo Lasso.
De Salvador-Bahia - A direita equatoriana, que disput VTa no domingo, dia 2, o segundo turno da eleição presidencial, repete o bordão que já se tornou a estratégia oficial da direita latino-americana:
– Vou ganhar, a maioria do povo está comigo, tenho que ganhar; se não ganhar, é porque houve fraude.
Combina com o comportamento de menino rico e mimado. Pensa que tem – e muitas vezes tem mesmo – o respaldo do papai rico e poderoso.
Os atos de encerramento da campanha eleitoral estão ocorrendo até esta quinta-feira, dia 30. O ambiente entre os governistas – chapa liderada por Lenín Moreno, com o apoio do presidente Rafael Correa – é de otimismo:
Quase venceram no primeiro turno – faltou apenas menos de 1% dos votos válidos – e conseguiram uma frente de mais de um milhão de votos sobre o segundo colocado (total de aptos a votar: 12,8 milhões; oito candidatos disputaram o primeiro turno).
A maioria das pesquisas é favorável a Moreno: a última que vi lhe dava 15 pontos de vantagem.
Mas não é apenas otimismo que existe entre os governistas. Há também muita apreensão, porque a oposição, no desespero, não para de ameaçar.
As forças do banqueiro Guillermo Lasso não aceitam a derrota: garantem que vão ganhar e se não ganham é porque há fraude. Já estão convocando seus partidários às ruas e anunciando que 45 minutos antes do final da votação, eles vão divulgar os resultados.
São favas contadas: a direita não aceitará os resultados oficiais a serem anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), não respeitará as avaliações dos observadores internacionais e vai partir para a violência.
É o mesmíssimo roteiro seguido pela direita venezuelana, com o respaldo do império estadunidense e dos monopólios da mídia hegemônica internacional.
Testemunhamos isto aqui no Brasil à saciedade com a Globo e seus cúmplices. Dou um doce a quem detectar uma notícia a favor de Lenín Moreno (ou contra o banqueiro) nas TVs brasileiras.
É o mesmíssimo roteiro do que ocorreu também aqui no Brasil na derrota do candidato da direita na eleição de 2014. Aécio Neves e seu pessoal não aceitaram a derrota e partiram para o golpe de Estado chamado “brando” (ou “suave”), que resultou na derrubada da presidenta Dilma Rousseff em 2016 (e no vexame do governo do “Fora Temer”, mas aí já é outra história…)
Só para marcar o contraste: golpe que contou com grande parte da população de mentes e corações envenenados pela Globo e demais monopólios da imprensa, através dum combate à corrupção seletivo e partidarizado.
O contraste: no Equador é bem diferente: lá o governo progressista de Rafael Correa criou condições de travar a batalha da comunicação. Criou e estimulou a mídia contra-hegemônica e conseguiu aprovar em 2013 a chamada Ley de Medios.
Os equatorianos, por conseguinte, recebem informações mais equilibradas, a partir de um lado e do outro. Não vivem – como os brasileiros, salvo a parcela que se informa através da Internet – sob a tirania do pensamento único.
Claro que estou simplificando, pois há outros fatores em jogo. Mas enfatizo sempre este nos meus artigos – a necessidade de construção da mídia contra-hegemônica – porque ele é esquecido pela maioria das forças democráticas e populares do Brasil.
Inclusive pelos bravos companheiros da blogosfera progressista.




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