quarta-feira, 21 de março de 2018

“Bolsonaro é uma farsa e é bandido”, diz Boulos em entrevista ao Congresso em Foco


Reprodução
A declaração ocorreu durante entrevista exclusiva ao Congresso em Foco
O pré-candidato do Psol à Presidência, Guilherme Boulos, disparou contra o pré-candidato do PSL, o deputado Jair Bolsonaro (RJ). Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, transmitida ao vivo pelo Twitter, Boulos chamou Bolsonaro de “bandido”, “criminoso” e “farsante”. Disse, ainda, que se a justiça fosse feita no Brasil, o parlamentar não seria candidato ao Planalto, mas estaria preso.
“Primeiro temos de caracterizar quem é Jair Bolsonaro. Jair Bolsonaro é um bandido, um criminoso. Não trato Jair Bolsonaro como um concorrente, que vamos ali fazer a disputa eleitoral. É um bandido, representa a barbárie. Comete crimes de fato”, declarou.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) citou a condenação de Bolsonaro por apologia ao estupro, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ofensas à deputada Maria do Rosário (PT-RS) e por danos morais por causa de declarações contra quilombolas. O Congresso em Foco procurou o deputado para comentar as declarações de Boulos, mas ele não retornou o contato até o momento. Segundo sua assessoria, ele leu a entrevista, mas avalia se responderá ou não.
Veja o trecho da entrevista em vídeo:
Boulos também contestou o discurso do pré-candidato do PSL de que não faz parte da política tradicional. “Ainda vende o peixe de que é uma coisa nova, de que está contra toda essa política que está aí. O cara é deputado há 30 anos, boa parte deles no partido de Paulo Maluf (PP), já passou por nove partidos”, criticou.
Para ele, Bolsonaro tem de ser tratado como é. “Bolsonaro é uma farsa e é um bandido. É assim que ele tem de ser tratado. É assim que ele merece ser enfrentado no processo político. Ele representa um projeto de barbárie contra a civilização, barbárie contra a democracia. É preciso demarcar isso muito claramente quando se tratar do Bolsonaro.”
Boulos atribui os elevados índices de intenção de voto obtidos pelo deputado nas pesquisas ao momento de desesperança e descrédito nas instituições que o país vive.
“É muito compreensível que as pessoas estejam descrentes, desiludidas, de fato há um problema de representatividade. Essa forma de fazer política não representa as maiorias. Representa o 1% [da população]. O problema é que isso está levando a uma falta de perspectiva de futuro. Aí que o Bolsonaro entra com discurso de que vai botar ordem na casa, vai acabar com a bandalheira. Num momento de fragilidade da sociedade esse discurso tem apelo”, avaliou. “Bolsonaro é um farsante, vende um peixe podre. Além de ser um cara criminoso que, se justiça fosse feita no Brasil, não era candidato a presidente. Ele estava preso”, acrescentou.
Boulos também classificou como uma “injustiça” a condenação do ex-presidente Lula pela Justiça Federal e disse que está disposto a ir às ruas, caso o petista seja preso, para protestar. Segundo ele, o julgamento do ex-presidente, em tempo recorde, teve o claro objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral.
Venezuela
Em outro trecho da entrevista, Boulos esboçou sua posição em relação à política externa. Afirmou que, se eleito, vai defender o pleno reconhecimento da Palestina, mas se esquivou sobre um eventual rompimento com Israel. Assunto, segundo ele, para ser discutido posteriormente. O líder do MTST também rebateu o argumento de que a Venezuela vive um regime exceção. Boulos afirmou que não cabe ao Brasil interferir nos assuntos internos do país vizinho e sugeriu que os venezuelanos vivem hoje em um regime mais democrático do que o brasileiro por terem um presidente eleito em seu comando.
“Não estou legitimando nada. Mas, ao menos, Maduro foi eleito. O presidente do Brasil não foi eleito pelo voto popular. Não podemos discutir quintal alheio sem olhar o nosso quintal. A Venezuela tem problemas graves, que têm a ver com o tema do petróleo”, declarou.
Veja o trecho em vídeo:
Impeachment ou golpe?
Nesta parte da entrevista, o líder do MTST explica qual é o seu posicionamento ideológico e defende a tese de que o impeachment foi um golpe parlamentar. “Hoje defender a Constituição virou coisa de quem é de esquerda. A Constituição está sendo dilapidada por um governo ilegítimo e um Congresso em sua grande maioria sob suspeita e desmoralizado.”
Boulos se equivocou ao dizer que o ex-presidente Fernando Collor não sofreu impeachment e deixou a Presidência porque renunciou ao mandato. Segundo ele, apenas a Câmara aprovou o impedimento de Collor. O ex-presidente, de fato, renunciou. Mas o seu processo foi concluído pelo Senado. Para o pré-candidato, Dilma não cometeu crime de responsabilidade, ao contrário de Collor.
Veja o trecho em vídeo:
Derrubada da reforma trabalhista
Nesta parte da entrevista, o pré-candidato do Psol conta que as prioridades de seu eventual mandato está a realização de um referendo para consultar a população sobre as principais medidas tomadas pelo governo Temer, como as reformas trabalhista e do ensino médio e a fixação de um teto constitucional para as despesas públicas.
Ele falou sobre suas propostas para a educação e por que, mesmo nascido em uma família de classe média, filho de médicos professores da Universidade de São Paulo (USP), aderiu ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Veja o trecho em vídeo:
Diferenças com o PT
Embora tenha defendido Dilma e Lula, Boulos ressaltou que o seu partido, o Psol, tem grandes diferenças com o PT. Ele criticou as gestões petistas por terem feito alianças com o MDB e outras siglas conservadoras e não ter enfrentado injustiças tributárias e a reforma política.
“Queremos colocar pela primeira vez, na Nova República, o PMDB na oposição. Vamos romper com esse sistema político falido. O PT não fez isso. São diferenças importantes”, citou.
Ele também criticou movimentos de reaproximação entre lideranças petistas, como já sugeriu o próprio ex-presidente Lula, e emedebistas. “São imites que foram colocados pelo governo do PT que nós entendemos que precisam ser superados. Aprender com lições do golpe que sofremos. Depois do golpe, voltar e fazer aliança com gente como Eunício, Renan, Jader Barbalho, é não ter aprendido com essa lição.” Boulos ainda reconheceu dificuldade de unir a esquerda no país. Mas defendeu que as diferenças partidárias desse campo sejam respeitadas: “Unidade não quer dizer atropelar as diferenças”.
Veja o trecho em vídeo:
Defesa de Lula
Neste trecho da entrevista, Boulos chama de “escárnio” a condenação de Lula e se diz disposto a sair às ruas em defesa da liberdade e do direito de o ex-presidente se candidatar. Segundo ele, não há casuísmo em uma eventual revisão da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. “Casuísmo é condenar alguém para retirá-lo do processo eleitoral sem nenhuma prova. Quem fez isso foi o tribunal de Curitiba e o TRF-4. O TRF-4 acelerou todos os ritos. O julgamento do Lula foi o mais rápido de todos da Lava Jato.”
Boulos ainda criticou o que chamou de seletividade da Justiça. Para ele, não é a Lava Jato que vai reduzir a corrupção no país. “Não é operação policial que vai resolver problemas de corrupção no Brasil. (…) A maior forma de enfrentar a corrupção é uma reforma política profunda, que acabe com a promiscuidade do interesse econômico e do interesse político.

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