quinta-feira, 7 de abril de 2011

Novela “Amor e Revolução”, do SBT, vai mostrar a ditadura como ela foi

Deu no Blog do Emiliano José*

Uma revolução está prestes a ocorrer na televisão brasileira. Pela primeira vez, os telespectadores poderão sentir de perto, numa visão romanceada, e romanceada aqui no melhor sentido, o que foi a violência da ditadura militar no Brasil. A novela "Amor e Revolução", dirigida por Tiago Santiago, e que estréia dia 5 de abril, não fará manobras de flanco, não usará metáforas para dizer do pau-de-arara, do afogamento, de toda espécie de tortura utilizada contra adversários do regime que se iniciou no dia primeiro de abril de 1964. Será a ditadura como ela foi, sem rodeios.

Quero registrar isso como um fato extremamente positivo da televisão brasileira. Quem sabe o exemplo dado pelo SBT abra o caminho para que outras redes se aventurem pelo tema, tão rico, tão diverso como manancial histórico e naturalmente pródigo em possibilitar a revelação, pela arte, dos dramas e das tragédias humanas.

A ditadura matou, torturou, seqüestrou, fez desaparecer pessoas, cometeu crimes inomináveis. Aos poucos, tais crimes vão sendo revelados. Ainda não chegamos aos níveis de outros países latino-americanos, como a Argentina e o Chile, mas estamos caminhando. A Comissão da Verdade, projeto que está nesta Casa, será um passo adiante na revelação dos crimes da ditadura. Uma novela como essa, que não tem qualquer pretensão panfletária, serve para lembrar aos brasileiros a barbárie que foi a ditadura. E por isso estão de parabéns Tiago Santiago, as atrizes, os atores, e o SBT. É a arte, com toda sua carga dramática, revelando os horrores de um período que temos de lembrar insistentemente para que ele não volte jamais. Ditadura, nunca mais!

Emiliano José é Deputado Federal pelo PT da Bahia

Um comentário:

Toquinho disse...

31 de março não traz boas lembranças para a maioria do povo brasileiro, justamente porque foi nesse dia de 1964, que os militares tomaram de assalto o poder, depuseram um presidente constitucionalmente eleito e instalaram um regime de exceção, que mergulhou o país no obscurantismo, por longos vinte anos.
O autoritarismo foi implementado pelos famosos atos institucionais, onde o mais célebre deles foi o AI-5, que fechou o congresso, cassou mandato de políticos e suspendeu as liberdades democráticas no país. Com esse ato decretado pelo então presidente Costa e silva deu-se o recrudescimento do regime, a abertura da temporada de caça, prisão, tortura e morte de varias lideranças estudantis, sindicais, políticos e intelectuais. Esse foi um período que ficou conhecido como os anos de chumbo.
Muita coisa há de ser revelada desse período obscuro da nossa história, que os livros didáticos até hoje omitem. O país tem definitivamente que abrir seus arquivos, passar a limpo sua história e punir os torturadores, a exemplo dos nossos hermanos argentinos e chilenos.

No início da década de 80, deu-se a anistia, o fim do bipartidarismo, as Diretas Já, a abertura, a redemocratização do país, a eleição dos primeiros presidentes civis pós- ditadura, mas infelizmente Sarney e a era dos Fernandos (Collor e FHC) não produziram a abertura dos arquivos da ditadura. E o curioso, que nem tampouco o Lula, que foi vítima da ditadura, conseguiu de fazê-lo, após oito anos de governo.
Portanto, esperamos que a Dilma, que também foi vítima da repressão, perseguida, presa e torturada tenha mais coragem para tal. Isso é o mínimo que o governo pode fazer, em respeito à memória daqueles que lutaram e morreram por uma pátria livre.

Toquinho