quarta-feira, 27 de maio de 2015

GGN lança documentário “Ossadas da Vala Clandestina de Perus, de 1970 a 2015”


Depois de mais vinte anos e uma articulação em todos os níveis, prefeitura, governo federal, universidade, MPF e profissionais estrangeiros tentam dar respostas a desaparecidos políticos; o GGN acompanhou esse processo e produziu um documentário

Jornal GGN - Vinte e cinco anos se passaram desde que as ossadas de desaparecidos políticos da ditadura brasileira (1964-1985) foram encontradas na vala clandestina de Perus, no cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo. No ano passado, os resquícios dos mortos pela ditadura começaram a receber a devida investigação, após períodos de negligência. Esse importante capítulo de correção histórica e de marco na antropologia forense mundial foi acompanhado pela equipe GGN, resultando na produção do documentário “Ossadas da Vala Clandestina de Perus, de 1970 a 2015”, com lançamento neste sábado (30), no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca, em São Paulo.
A estreia do documentário contará com uma programação completa para quem quer conhecer a fundo o que se passou nesses 25 anos, desde que a vala foi aberta, e como atua a criteriosa equipe do Grupo de Trabalho Perus. Outros dois documentários sobre o tema serão exibidos. Por fim, o cinema será palco para um debate com mediação do jornalista Luis Nassif e participação confirmada da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, da procuradora da República Eugênia Gonzaga, presidente da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, do coordenador do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense, Prof. Dr. Rimarc Gomes Ferreira, e da cineasta Clara Ianni. 
Formado por diversos especialistas, o Grupo de Trabalho Perus é fruto da iniciativa do então secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania Rogério Sottili, em articulação com a então ministra de Direitos Humanos Ideli Salvatti, apoio do Ministério Público Federal e a estrutura da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com experiências internacionais, profissionais da Cruz Vermelha, peruanos e argentinos também foram trazidos para compor a equipe que trabalha incessantemente, sob o rigor da técnica e do calendário, com o objetivo comum de trazer respostas.

O processo de identificação de, ao todo, 1.049 ossadas tem por fim buscar nomes: de quem eram os resquícios encontrados. Entretanto, o longo processo de negligência a que foram submetidos os ossos prejudicam a investigação. Ainda que não seja possível definir todas ou alguma das identidades, o Grupo conseguirá fazer um balanço de informações: como aquela pessoa foi ferida, como morreu, se era homem ou mulher, criança ou adulto. 
"Eu acho que o Brasil está vivendo um novo momento que quer dizer o seguinte: chegou a hora de virar essa página da história! Não é mais possível a gente viver com fantasmas de generais de reserva, se pronunciando a cada semana sobre uma barbaridade e amedrontando o Estado. Isso não é mais possível! Até porque, se a gente não contar essa história e não enfrentar essa verdade vamos ficar sobre fantasmas de pessoas que estão a beira de desaparecerem", disse Rogério Sottili, em entrevista ao GGN.
“A ciência chega até a um certo lugar, depois não há nada a fazer. Creio que o mais importante para as famílias é que, finalmente, está se fazendo algo sistemático. Ou seja, a intenção existe!", afirmou o antropólogo peruano da equipe José Pablo Baraybar. "Perus é um pretexto, tem que ser um pretexto, para entender como é que um país moderno, o maior da América Latina, uma potência como é o Brasil, poderá terminar um jogo de mais de mil pessoas que não têm identidade”, refletiu.
“Vai chegar um momento que nós teremos que dar condições dignas, um sepultamento digno pra essas ossadas, mas não teremos identificação”, manifestou a reitora da Unifesp Soraya Smaili. “Nós temos que trazer isso à tona! Perus nos ajuda a enxergar isso. O papel da universidade vai além, tem a função de se abrir e de ir para a sociedade colocar suas contradições”, apontou.
"Se eu não tivesse feito nada como prefeita de São Paulo, teria valido para tomar essa iniciativa, ter coragem de enfrentar as consequências, as ameaças, a possibilidade de fracasso, poderia não ter dado certo", contou Luiza Erundina, que à época da abertura de Perus era prefeita de São Paulo e determinou os primeiros passos para as identificações. "Eu me sinto gratificada ao povo de São Paulo, de ter me dado um mandato, e agradeço a Deus a oportunidade de ter tido esse poder, e colocá-lo a serviço de uma causa, que tem sido para mim o sentido da minha vida", disse ao GGN.
O documentário “Ossadas da Vala Clandestina de Perus, de 1970 a 2015” (2015, 22 min), da Equipe GGN, será exibido em conjunto com os documentários “Vala Comum” (1994, 30 min), de João Godoy, e "Apelo" (2014, 13 min), de Clara Ianni e Débora Maria da Silva. Após as tramissões e o lançamento do curta, às 11h, o Espaço Itaú de Cinema dará início ao debate.
Acompanhe as entrevistas e reportagens da série "Ossadas de Perus: A Difícil Transição".
Cine Direitos Humanos
30/5, sábado, 11h
Entrada gratuita
“Vala Comum” – João Godoy (1994, 30 min)
“Ossadas da Vala Clandestina de Perus, de 1970 a 2015” – Equipe GGN Notícias (2015, 22 min)
“Apelo” – Clara Ianni e Débora Maria da Silva (2014, 13 min)
Debate: após a exibição dos documentários

Um comentário:

Anônimo disse...

O TRE/PA FAZ 70 ANOS AQUI NO PARÁ E O QUE TEM A COMEMORAR:

TRE/PA, o que tens para comemorar se não:

- Corrupção Interna, Funcionários do 5ª Andar Denunciados por Manipulação de Urnas Eletrônicas.

- Vendas de Liminares (Conversa Gravada) em Favor de Políticos envolvidos em Afastamentos e Cassações.

- Fraude Eleitoral de São João de Pirabas, AIJE 71279, inclusive comprovado pela Promotora Eleitoral, Sabrina Saib.

Esperamos que a nova Corregedora e o novo Presidente do TRE/PA, conhecedores in loco, pois já houve Correição em Fevereiro de 2014 no Cartório de Primavera/PA, a Situação de São João de Pirabas e RESOLVAM logo,pois ELES já se articulam para a Eleição de 2016, inclusive fazendo o mesmo Esquema de Transferência de Títulos, pois permanecem o mesmo Chefe de Cartório, YURI e o mesmo JUIZ Charles Claudino, que no minimo foram OMISSOS e INERTES.