Não se espere de Aécio Neves qualquer contribuição ao debate de ideias. Como reconhecem seus próprios apoiadores, é incapaz de sustentar qualquer discussão sobre qualquer tema nacional. No máximo, repete bordões sobre economia e tamanho do Estado.
Sua entrevista ao Estadão (veja aqui) confirma esse diagnóstico. É incapaz de uma ideia sequer sobre o futuro do país. Só senso comum e considerações sobre o momento mais apropriadas a mesas de bar.
Suas alegações sobre as contribuições à sua campanha são deboches.
A primeira alegação é de que ele nada tem a ver com a Petrobras. Coloca o chapéu de burro nos leitores do jornal e se exime de explicar as obras que UTC, Andrade Gutierrez e outras receberam no seu governo. A começar da Cidade Administrativa.
A segunda alegação é de que “muitos dos que nos doaram o fizeram para se ver livre da extorsão do PT”.
Com essas afirmações, Aécio não demonstra a menor solidariedade com todos aqueles que se incumbiram de criar uma blindagem para ele, a começar do seu conterrâneo, Procurador Geral da República Rodrigo Janot.
O PGR não aceita uma denúncia de propinas de Furnas, apresentada com riqueza de detalhes pelo doleiro Alberto Yousseff – que teve todas as demais acusações aceitas no acordo de delação. E mantém na gaveta uma inquérito sobre uma conta de Aécio aberta em Linchenstein, em nome de uma offshore de Cayman. Como o próprio Ministério Público se refere a Eduardo Cunha, o único objetivo de uma conta aberta em nome de uma offshore é esconder a titularidade da conta e a origem dos recursos.
Na gaveta do PGR, desde 2010 está guardado um inquérito contra Aécio – aberto por três procuradores da República que hoje integram o staff do PGR, no bojo de uma investigação em escritório de doleiro no Rio, e que desde 2010 repousa na meda do PGR.
Em respeito a tanta consideração, Aécio poderia poupar o PGR de entrevistas como esta que, pela desfaçatez, obriga o blog a voltar novamente ao tema e cobrar de Rodrigo Janot o desengavetamento do inquérito.
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