domingo, 24 de fevereiro de 2019

Por que a PF não divulgou fotos dos R$ 100 milhões do “bunker” de Paulo Preto? pergunta Janio de Freitas



Como R$ 50 mi da corrupção valem mais do que uma corrupção de R$ 100 mi: o caso Paulo Preto (PSDB) em comparação ao caso Geddel Vieira Lima (DEM)

Por Jornal GGN 

 Dinheiro encontrado em apartamento usado por Geddel, em setembro de 2017
Em tempos de inovação na política e combate ao crime, a Polícia Federal também inovou fazendo R$ 50 milhões de corrupção valerem mais do que uma corrupção de R$ 100 milhões. A análise é de Janio de Freitas, na coluna deste domingo (24), na Folha de S.Paulo.

O articulista faz uma comparação da forma como o caso Geddel Vieira Lima (DEM -BA) vem sendo tratado pela corporação, comparado ao caso mais recente de Paulo Preto, agente de confiança do PSDB.

Em setembro de 2017, agentes da PF encontraram cerca de R$ 51 milhões no apartamento de um amigo de Geddel Vieira Lima. O ex-ministro de Temer, vinha utilizando o apartamento há alguns anos, dizia, para guardar pertences do seu pai já falecido. As investigações que chegaram ao “bunker” aconteceram no âmbito de duas operações da PF: Cui Bono e Sépsis.


O ex-ministro está preso preventivamente desde 8 de setembro do ano passado e, em janeiro de 2019, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu à Justiça uma condenação de 80 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Sobre Paulo Preto, investigadores da última fase da Lava Jato, deflagrada na terça-feira (19), dizem que testemunhas disseram que o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A.) e operador do PSDB teria um “bunker”, onde estariam guardados mais de R$ 100 milhões que desviou em propinas. Preto chegava a colocar, de tempos em tempos, as notas para “tomar sol” e evitar bolor. Preto está detido desde a semana passada.

O que chama a atenção de Janio é que, no primeiro caso, a PF, que costuma não perder um momento de autopromoção, mostrou à imprensa “fotos de frente e de perfil” das malas e caixas de dinheiro, endereço e histórico da caverna, nomes e papéis dos colecionadores”. Já no segundo caso, não houve a divulgação de imagens, importantes para aumentar na população a repercussão do escândalo.

“Em tradução simplificada dessas distinções, para aplicação aos dois tesouros achados e respectivos tratamentos, basta relembrar que Geddel Vieira Lima e família são do MDB, ao passo que Paulo Vieira de Souza é gente de confiança no PSDB que a Polícia Federal —já por tradição notória— acoita desde o início do governo Fernando Henrique”, avalia.

“Não seria bom, porém, que nestes tempos de tantas e grandes inovações, com milicianos enfim prestigiados, dinheiro público do fundo eleitoral em bolsos sem fundo, filhos fazendo e desfazendo ministros, faltasse inovação na PF. Até demais”, completa o colunista ressaltando que “parte relevante do sistema que distinguiu o PSDB”, dentro das investigações da Polícia Federal e da Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro, é agora ministro da PF.

O colunista, destaca, ainda, que Moro entregou a chefia do “combate ao crime organizado” da PF para Igor Romário de Paula. “Delegado e apoiador de primeira hora do então candidato do PSDB, Aécio Neves, dele fez propaganda nas redes de internet em ostensivo desacato ao regulamento da PF e do funcionalismo público –mas seguro da impunidade”.

“Está entendido, assim, como R$ 50 milhões da corrupção valem mais do que uma corrupção de R$ 100 milhões”, conclui. Para ler a coluna de Janio de Freitas na íntegra, clique aqui.

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