Por Glailson dos Santos A recente aprovação da Reforma da Previdência de Bolsonaro no congresso é a pá de cal nas conquistas legadas pela constituição de 1988, fadada à lançar milhões de trabalhadores brasileiros na miséria, sobretudo os mais necessidados (mulheres, negros, idosos e portadores de necessidades especiais) e abrindo caminho para que os especuladores lucrarem como nunca, com os planos privados de previdência e capitalização, aumentando ainda mais as desigualdades em um país onde ela já é brutal.
Diante desse quadro, é normal que nos sintamos perdidos em meio à recente sequência de derrotas: a aprovação da PEC que congelou investimentos públicos por 20 anos, a reforma trabalhista, a eleição de Bolsonaro e, agora, a reforma da previdência.
De fato, existem muitos focos de resistência e disposição para luta em vários setores, sobretudo os mais oprimidos. Mas estamos dispersos, o que reduz nossas forças. Falta algo que nos una, falta um objetivo claro, capaz de inspirar a necessária confiança em nossas próprias forças.
É importante que sejamos capazes de sentir o peso dessas derrotas recentes. O luto é necessário. Embora seja ainda mais necessária a luta. Então, que o luto sirva à luta, à reflexão da qual precisamos. Derrotas têm mais a nos ensinar que vitórias.
Nos acostumamos a “apagar incêndios” e nos limitamos à luta política e econômica reduzida ao imediatismo e à agitação de reduzida efetividade. Abrimos mão da luta ideológica em nome do pragmatismo e do imediatismo, perdemos a prática de articular as inevitáveis lutas pontuais com nossos objetivos estratégicos, através de táticas tão precisas quanto flexíveis.
Na esquerda em geral, sem perceber, permitimos que um abismo se abrisse entre nossa visão estratégica e nossas ações concretas. Nos limitamos mais e mais às campanhas salariais e às eleições de dois em dois anos. Entre os revolucionários, em especial, a clareza ideológica foi substituída pelo culto religioso aos velhos dogmas, tradições, líderes e fórmulas.
Cegos e ignorantes, por mais bem intencionados que sejamos, não podemos esperar sermos bons o suficiente para orientar o movimento de massas. Uma tragédia, já que não há solução espontânea ou ao acaso para os problemas que enfrentamos. É preciso planejar a resistência.
Contudo… A luta de classes não dá trégua. A decepção e o desespero farão alguns recuarem, outros assumirão seus lugares. Enquanto houver exploração, opressão e privilégio, haverão os que resistem. Classes sociais não desistem. Enquanto houver vida, haverá esperança. A única constante na história é a mudança. Que as lágrimas derramadas ajudem a florescer nossa sabedoria. Sigamos!
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