quarta-feira, 6 de maio de 2020

Incompetência e descontrole no combate ao COVID 19 em Ananindeua, por José Oeiras*

José Oeiras
"Ananindeua recebeu 57 milhões de fundos para atenção a saúde e não construiu nenhum Hospital" de Campanha"
Ananindeua à beira do colapso social e de saúde devido à crise sanitária do novo coronavírus como ficou latente e claro na aparição do sumido Prefeito Manoel Pioneiro (PSDB) nesta terça-feira (5) no Bom Dia Pará (TV Liberal). Acuado e sem nenhuma resposta concreta para enfrentar o COVID-19, resumiu a dizer que a classe medica não está se apresentando para atender a chamada de contratação para prestar serviço nas Unidades Básicas de Saúde e UPAs.
UPA do Distrito Industrial
É muito sério este pronunciamento do prefeito, no momento em que o município entra em conjunto com a capital num ritmo desenfreado da proliferação da doença que segundo o boletim oficial desta terça-feira são 431 casos confirmados e 18 óbitos da doenca, isso sem levar em consideração as subnotificações que segundo estudos são 14 casos para um caso. 
A crise sanitária do COVID-19 em Ananindeua só veio desnudar e aprofundar o colapso do sistema público de saúde no município que ao longo de trinta anos de gestões desastrosas – Pioneiro governa 16 dos 30 anos - estiveram voltados aos interesses patrimonialista, clientelista e neoliberal como se demonstra no desenvolvimento da cidade voltado para o capital imobiliário e da saúde privada e esta não consegue responder as demandas do COVID-19 sobrecarregando o desestruturado e heróico SUS.
A situação chegou a gravidade com o fechamento da UPA do Distritos Industrial, sem médicos e qualquer tipo de atendimento e as pessoas eram orientados a procurar a UPA de Marituba, onde seu sistema de saúde público já se encontra saturado: uma vergonha política para o prefeito Pioneiro que administra o 4º PIB do estado, seu governo recebeu 57 milhões de fundos para atenção a saúde e não construiu nenhum Hospital de Campanha.
A maior preocupação neste momento é a proliferação do COVID-19 para áreas de periferias onde moram 70% da população do município. Essas áreas periféricas que foram ocupadas no início da década 80 e até hoje a maioria delas sofrem com altíssimo déficit de saneamento básico, de água potável e infraestrurra sanitária. Segundo o Instituto Trata Brasil Ananindeua tem um dos piores índices de saneamento básico do Brasil com cerca de 0,1% esgotamento sanitário, sem tratamento, e apenas 40% das residências são atendidas com abastecimento de água. 
 O combate ao COVID-19 é sem dúvida o maior desafio que humanidade tem pela frente e neste momento é fundamental cada um fazer seu papel: a população se conscientiza da importância do isolamento social e os governos em todos os níveis terem a capacidade de gestar ações de atendimentos de saúde que evite óbitos em massa e viabilizem ações emergenciais de socorro financeiros e de benefícios para a população, principalmente as que vivem em condições de pobreza e vulnerabilidade social.
A inoperância do governo municipal levou o Ministério Público do Pará a instaurar uma ação civil pública obrigando o município cumprir na íntegra todos as medidas previstas nos decretos municipais e estaduais que dizem respeito as restrições e fiscalização de estabelecimentos comerciais e serviços considerados essenciais, assim como,  a Defensoria Pública do Estado obteve, nesta terça-feira (5) liminarmente pedido favorável de Ação Civil Publica ajuizada contra o município de Ananindeua para funcionar todas as unidades de pronto-atendimento (UPA), esperamos que com essas medidas os profissionais de saúde tenham suas condições de trabalho efetivamente garantidos.
A desestruturação do SUS patrocinado pelos partidos do golpe parlamentar de 2016 e aprofundado pelo desmantelamento do estado brasileiro pelo governo genocida de Jair Bolsonaro com o advento do novo coronavírus aprofunda a crise da saúde pública e consequentemente a dificuldade no enfrentamento do COVID-19. A desfinanceirização do SUS, com o fim da CPFM que tirou 22 bilhões da saúde, da aprovação do Emenda Constitucional do gasto de tetos que congelou por 20 anos os gastos na saúde e educação corrobora para o aumento do colapso da saúde pública. Portanto são medidas que precisam ser revistas e com o COVID-19 mais do que nunca a presença do Estado na vida do país é estratégica. 
Ananindeua precisa de um comando técnico sanitário que articulem as ações de incidências no combate ao novo coronavírus, onde os recursos financeiros e humanos sejam dimensionados para que efetivamente sejam feitas as mitigações da crise no município. 
Pioneiro depois de um logo tempo sumido, mostrou para a população sua face patética, inoperante e incompetente de lidar com esta crise sanitária, mas neste contexto da crise da Pandemia articula nos bastidores da política dos ananis seu sucessor político o Dr. Daniel, que é do segmento empresarial da saúde privada para a manutenção do status quo do grupo que governa Ananindeua desde 1997.

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*José Oeiras, educador popular, ambientalista, participou da criação do Conselho Municipal de Saúde de Ananindeua (1990), membro do Conselho Estadual de Saúde do Pará (2013/2015), ex-membro do Conselho da Cidade de Ananindeua (CONAN), diretor da ONG Ação da Cidadania – Comitê Pará.

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