sábado, 17 de outubro de 2020

Eduardo Maretti: A esquerda não está morta nas eleições de 2020

VioMundo Por Eduardo Maretti, da RBA
Pesquisas mostram potencial da esquerda em capitais e cidades importantes do país

Nomes como Manuela D’Ávila (PCdoB), Elói Pietá (PT) e Edmilson Rodrigues (Psol) lideram. Pesquisas apontam que potencial progressista resiste

São Paulo – A um mês das eleições municipais, em 15 de novembro, candidaturas do campo da centro-esquerda em capitais ou cidades importantes do país demonstram fôlego nas pesquisas para chegar à reta final e ir ao segundo turno.

Maior cidade brasileira, São Paulo assiste ao avanço de Guilherme Boulos (Psol) e Jilmar Tatto (PT), segundo pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (15). Em relação ao levantamento anterior, de 2 de outubro, Boulos oscilou de 8% para 10%, enquanto o petista foi de 1% para 4%.

Apoiado por setores importantes do próprio PT, como o cientista político André Singer e a filósofa Marilena Chaui, além de personalidades da cultura, como Chico Buarque e Caetano Veloso, o ex-candidato à presidência da República do Psol tem como vice em sua chapa a ex-prefeita Luiza Erundina.

No mesmo campo, Jilmar Tatto (PT) tem a seu favor uma potencial possibilidade de crescimento entre o eleitorado cativo do partido.

Segundo pesquisa Ibope/Estadão/ TV Globo do início de outubro, o PT é o partido que tem mais simpatizantes na capital (23%).

Embora a situação do campo progressista seja difícil em São Paulo, eventual conjunção de forças em torno de Boulos e Tatto, aliada ao esperado “derretimento” de Celso Russomanno (Republicanos), pode produzir uma surpresa na capital, levando a centro-esquerda a um segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB). Segundo o Ibope, o candidato do Republicanos foi de 26% para 25% em uma semana. Covas foi de 21% para 22% e Marcio França (PSB) está estacionado em 7%.

Tradição de Russomanno: derreter

Em 2016, no início da campanha, Russomanno liderava as pesquisas com cerca de 30% e venceria o segundo turno em todos os cenários.

Porém, o candidato só chegou em terceiro lugar na eleição, vencida por João Doria no primeiro turno, seguido pelo então prefeito Fernando Haddad.

Antes, em 2012, largou na frente nas pesquisas e ficou atrás de Haddad e José Serra na reta final.

No final de setembro de 2020, o cientista político Oswaldo Amaral, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), previa que Russomanno “tende a desidratar bastante”.

Na ocasião, pesquisa Datafolha mostrava que o apoio do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e do presidente da República, Jair Bolsonaro, mais atrapalha de que ajuda em São Paulo.

Os dados mostravam que 64% dos eleitores da capital afirmavam que não votariam em um candidato de Bolsonaro em hipótese nenhuma, enquanto 59% deram a mesma resposta em relação a Doria.

Na capital paulista, o presidente apoia Russomanno. E o governador apoia Covas, embora o prefeito esteja se escondendo desse apoio. De acordo com o levantamento do Ibope desta quinta, Russomano viu sua taxa de rejeição subir de 27% para 30%.

Guarulhos

Em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, segunda cidade mais populosa do estado, com 1,4 milhão de habitantes, pesquisa do RealTime Big Data, encomendada pela TV Record, aponta Elói Pietá (PT), ex-prefeito da cidade (2001-2008), com 28% das intenções de voto.

O atual prefeito Gustavo Henric Costa, conhecido como Guti (PSD), vem atrás, com 25%. Os outros candidatos, Fran Correa (PSDB), com 5%, e Adriana Afonso (PL), com 3%, estão virtualmente fora do páreo.

Fortaleza

Na capital do Ceará, as pesquisas apontam uma boa condição para a candidata de esquerda Luizianne Lins (PT).

Ela tem 23% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Ibope divulgada pela TV Verdes Mares na quarta-feira (14). E segue de perto a candidatura de Capitão Wagner (Pros), que tem 28%.

Além de encostar no líder, a petista conta com trunfos consideráveis. A pesquisa revela que 33% dos eleitores afirmam que aumentaria muito a chance de votar em um candidato apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No caso do governador Camilo Santana, 20% fazem a mesma avaliação sobre um nome avalizado por ele.

Ainda segundo o Ibope, a diferença entre Luizianne e Wagner diminui ainda mais quando é consultado apenas o eleitorado feminino: o candidato do Pros conta com o apoio de 25% das mulheres, contra 24% da ex-prefeita de Fortaleza.

Também do Ibope, levantamento encomendado pela TV Gazeta, divulgado na terça-feira (13), indica chance de o candidato progressista ser eleito o próximo prefeito de Vitória (ES).

João Coser (PT) tem 22%, mesmo percentual do deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania).

Prefeito de Vitória entre 2005 e 2013, advogado, Coser é considerado um candidato sintonizado com o futuro e comunicativo, o que pode lhe dar fôlego e superar o adversário do Cidadania na linha de chegada.

Esquerda em Porto Alegre e Belém

Cidade mais importante da Região Sul do país, Porto Alegre também tem uma candidata da centro-esquerda como líder na corrida eleitoral, segundo pesquisas recentes.

A do Ibope, de 5 de outubro pela RBS, traz Manuela D’Ávila (PCdoB) na dianteira, com 24% das intenções de voto.

Ela está 10 pontos percentuais à frente de José Fortunati (PTB). Sebastião Melo (MDB) tinha 11%, e Nelson Marchezan Júnior (PSDB), 9%.

Na capital do Rio Grande do Sul, a candidata tem como vice o ex-ministro Miguel Rossetto (PT).

A disparada de Manuela provocou uma série de fake newscontra a candidata. Segundo uma delas, a comunista havia caído do primeiro para o quinto lugar.


Na região Norte, a disputa eleitoral em Belém é liderada com folga por Edmilson Rodrigues (Psol), que aparece com 39% em pesquisa Ibope divulgada no início do mês, muito à frente de José Priante (MDB), que tem apenas 10%.

Na capital do Pará, as pesquisas mostram o efeito da unidade política da esquerda. Rodrigues tem como vice o deputado estadual Edilson Moura

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