Ananindeuadebates
- Recentes pesquisas da Doxa apontam o Dr. Daniel com um elevado
percentual de intenção de votos. Você avalia que a eleição no município pode
ser decidida no primeiro turno?
Dornélio Silva - A Doxa vem acompanhando o
processo eleitoral no município desde o ano passado. Mais de cinco pesquisas já
foram feitas. Em todas elas, o Dr. Daniel aparece com índice bastante alto.
Agora, no início da campanha oficial, ele mantém o favoritismo. Não apareceu
nenhum competidor à altura para disputar com ele. Se não acontecer nenhum
acidente de percurso, a probabilidade dele ganhar já no primeiro turno é
grande.
AD - O programa
eleitoral na TV pode influenciar na escolha do candidato?
DS - Sim, e muito, tendo
em vista o curto espaço de tempo de campanha. Um melhor nível de conhecimento
dos pré-candidatos, que poderia acontecer na pré-campanha, não houve em função
da pandemia. A pré-campanha foi, digamos, "capenga". Assim, eleva-se
a importância dos programas de TV para tornar o candidato mais conhecido e, ao
mesmo tempo, buscar o voto do eleitor. É um trabalho concomitante: tornar o
candidato conhecido e, ao mesmo tempo, transformar as ideias/propostas
apresentadas em votos. Além dos programas de TV, rádio, internet, os candidatos
terão que ter informações do eleitor em tempo real, isto é, monitorar o voto
desse eleitor para saber suas preferências e tendências.
AD - Campanha nas redes
sociais influencia no voto?
DS - Precisamos
entender que só as redes sociais não serão suficientes para a conquista do voto.
Terá que ter um mix de elementos aliados, como a internet, a TV, rádio e o
campo corpo-a-corpo. Essa conexão dos instrumentos de comunicação com o
trabalho de campo é fundamental pra determinar a conquista do voto. As redes
sociais vão ficar muito poluídas pelo grande número de candidatos disputando
esse espaço. Terão sucesso aqueles que já têm, antecipadamente, um nicho
de segmento em que fica mantendo relação de informações com esse segmento,
fidelizando. Isso vale, principalmente, para os candidatos a vereador.
AD - O desgaste do
governo Helder pode atingir a candidatura do MDB no município?
DS - Muito pouco. O
candidato Dr. Daniel tem muita "gordura" pra queimar. Temos pouco
tempo para a eleição, apenas uns 45 dias. Dr. Daniel tem um grande apelo
popular que independe do apoio de Helder e Pioneiro, além do leque de alianças
que ele forçou para essa disputa.
AD - A pesquisa da Doxa,
divulgada na última quarta-feira, aponta que 72% dos eleitores não definiram
seu voto para vereador (leia mais). Na sua avaliação, qual o momento da campanha que o
eleitor define seu voto, e o que pode influenciar esse voto?
DS - Se é alto o
índice de pessoas indecisas para prefeito, nesse momento do processo eleitoral,
imagine para vereador. Aparecem com algum percentual pessoas notórias ou os
atuais vereadores. Há uma pulverização muito grande de nomes que se lançam e o
eleitor não está ligado, nesse estágio da campanha, em vereador. O voto em
vereador é um voto "sub-utilizado", isto é, o eleitor nem sabe qual o
papel do vereador. Tanto que em pesquisas perguntamos, e as respostas são, na
maioria das vezes, referentes ao executivo; como por exemplo, "asfaltar
ruas", "construir postos de saúde", "fazer mais pelo
povo", "limpar as ruas", etc. Aí se pergunta: "o que leva
você a votar em um vereador?". A grande maioria diz que é pelas
"propostas", mas isso é uma saída "inteligente" do eleitor.
Não, o voto do vereador é um voto pela "amizade", voto pela
"indicação" de amigos, parentes; é um voto do "favor", da
"gratidão", do "toma-lá-dá-cá"; é um voto de
"rede". Mas, para se construir esse voto em rede, o candidato tem que
estar alimentando desde a pré-campanha. Se não fez, agora não tem tempo para
isso. É importante que o candidato a vereador defenda alguma coisa como
proposta, pra que ele possa ter discurso. Mas, tem que ser no máximo três plataformas,
acima disso é tempo perdido.
*Dornélio Silva
é mestre em Ciência Política (UFPA). Em sua dissertação, o tema foi “Reeleição
no espaço municipal do Pará: controle democrático ou oligárquico do voto nas
eleições de 1996-2000-2004-2008-2012”. Descobriu em sua pesquisa que o voto em
municípios médios e pequenos é aberto, isto é, não existe mais o controle
oligárquico de famílias ou grupos políticos dominando, e que a competição se
tornou muito acirrada nesses municípios. Dornélio Silva é especialista
em Marketing (UNAMA), bacharel em Letras (UFPA) e diretor-presidente do Instituto Doxa.
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