quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Por que Almir Gabriel não apoia Jatene?

Almir comemora sua desfiliação do PSDB


Por que Almir Gabriel não apoia Jatene?


Esta pergunta deve estar na cabeça de muita gente aqui no Pará. Por que o ex-governador Almir Gabriel, idealizador e o maior líder político dos tucanos por 12 anos, que implantou o neoliberalismo no Pará, nesta eleição não apoia Jatene? Traição, golpe, disputa de poder, mágoa.. o que foi?


Almir foi o líder político, enquanto Jatene foi o arquiteto das políticas privatizantes, o técnico do Estado mínimo na economia, com a terceirização, privatização do patrimônio público e baixo investimento no social. Foi da prancheta de Jatene que saiu a privatização da CELPA, a qual, segundo alguns economistas, foi vendida a preço de banana, e hoje a população sofre com os preços altos na conta de energia e os constantes cortes de luz: de acordo com matéria do jornal O Liberal, as interrupções de energia no mês passado chegaram a 11 mil.


Foi nos anos tucanos, sob o comando de Almir e Jatene, que a Vale ficou à vontade para explorar os minérios do Pará sem dar uma contrapartida à altura ao estado, como a instalação de indústrias, o que só veio acontecer por pressão do Governo Ana Júlia, com o apoio do presidente Lula, o qual pressionou a Vale a respeitar o estado. O resultado foi a criação do pólo siderúrgico de Marabá.
Foi também da
prancheta de Jatene que saíram os hospitais inacabados, que eram só paredes e que só foram equipados no Governo Ana Júlia.


Quem não se lembra das obras do Hangar, que teve um custo altíssimo e foi objeto de denúncias de superfaturamento? O Hangar poderia ter se tornado um elefante branco, se não fosse o trabalho e a competência da atual administração, que deu vida àquele espaço caro e vazio e hoje é considerado um dos melhores centros de convenção da Região Norte. O Hangar foi palco do encontro dos presidentes dos maiores países da América do Sul, evento realizado na semana do Fórum Social Mundial de 2009 e que teve como anfitriões o presidente Lula e a governadora Ana Júlia.


Na gestão do Jatene o estado ficou endividado, se gastava irresponsavelmente. Talvez por isso em um recente debate na TV RBA ele disse que gostava de números, chegando a errar o número do efetivo da Polícia Militar paraense.


Mas, voltando à nossa pergunta: por que Almir não apoia Jatene?


Almir tirou Jatene da sua sala com ar-condicionado e o levou a ser candidato ao governo em 2002, provocando surpresa entre a população e espanto entre o Tucanato de baixa plumagem. Não houve protestos. Almir era Almir, mas o neoliberalismo já estava em sua frase crítica, já dando sinais de derrocada. No Brasil, o povo votou para eleger Lula, era um voto contra a política tucana, comandada por Serra e FHC. Aqui no Pará, os tucanos tomaram um susto com a candidatura de Maria do Carmo, do PT, hoje é prefeita de Santarém, que quase ganha a eleição. O então governador Almir usou seu prestígio e a máquina do estado para eleger o desconhecido Jatene. Eles foram alvo de denúncia na Justiça por uso dos jatinhos do estado na campanha eleitoral.


A gestão de Jatene à frente do governo estadual foi marcada pelo endividamento do estado, com muitas das obras suspeitas de estarem superfaturadas, baixo investimento no social, aumento da violência e pouco investimento na segurança da população. A sobrevida da administração de Jatene foi sustentada em obras realizadas pelo governo federal e outras em parceria. Um detalhe curioso daquele período: os governadores de oposição inauguravam obras patrocinadas pelo governo de Lula e não citavam que elas eram da União ou com o apoio da União. Jatene era um desses. Certa vez Lula chegou a ironizar: “Alguns governadores da oposição poderiam pelo menos citar o governo federal nas inaugurações de nossas obras”. A política irresponsável dos tucanos com o dinheiro público levou ao comprometimento das finanças do estado, um fardo que teve de ser carregado pelo governo de Ana Júlia.


Almir foi traído.


Almir Gabriel, que ainda era um tucano de alta plumagem e dominava o PSDB, voltaria a ser candidato ao governo. Mas ele se esqueceu que o Brasil mudou com Lula e o Pará não agüentava mais a política dos tucanos. Então, perdeu a eleição para Ana Júlia em 2006. O velho tucano ficou ferido e magoado. Segundo ele, foi traído por Jatene, que fez corpo-mole.


Almir resolve virar jardineiro e foi morar em São Paulo. Jatene e o PSDB montam uma máquina para desestabilizar o Governo Ana Júlia, fazem oposição sistemática.


Almir tenta voltar


Almir resolve aposentar o macacão de jardineiro e voltar ao Pará em 2009 para ser o candidato ao governo. Só que o Pará era outro e Jatene também: de técnico da política tucana, das privatizações, das terceirizações, das obras de fachada, de governador que endividou o estado do Pará e de amigo de Almir que o elegeu governador, ele virou uma raposinha política. Levou o PSDB a trair o velho tucano, firmando-se como candidato das forças conservadoras do estado. Almir não aceitou a segunda traição, a primeira tinha sido o corpo-mole na sua campanha em 2006 . Abandonou o PSDB e Jatene.


E a pergunta fica no ar: por que Almir não apoia Jatene?


Talvez antes do final do primeiro turno Almir fale alguma coisa e esclareça a intrigante indagação.

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