Por que Almir Gabriel não apoia Jatene?
Esta pergunta deve estar na cabeça de muita gente aqui no Pará. Por que o ex-governador Almir Gabriel, idealizador e o maior líder político dos tucanos por 12 anos, que implantou o neoliberalismo no Pará, nesta eleição não apoia Jatene? Traição, golpe, disputa de poder, mágoa.. o que foi?
Almir foi o líder político, enquanto Jatene foi o arquiteto das políticas privatizantes, o técnico do Estado mínimo na economia, com a terceirização, privatização do patrimônio público e baixo investimento no social. Foi da prancheta de Jatene que saiu a privatização da CELPA, a qual, segundo alguns economistas, foi vendida a preço de banana, e hoje a população sofre com os preços altos na conta de energia e os constantes cortes de luz: de acordo com matéria do jornal O Liberal, as interrupções de energia no mês passado chegaram a 11 mil.
Foi nos anos tucanos, sob o comando de Almir e Jatene, que a Vale ficou à vontade para explorar os minérios do Pará sem dar uma contrapartida à altura ao estado, como a instalação de indústrias, o que só veio acontecer por pressão do Governo Ana Júlia, com o apoio do presidente Lula, o qual pressionou a Vale a respeitar o estado. O resultado foi a criação do pólo siderúrgico de Marabá.
Foi também da prancheta de Jatene que saíram os hospitais inacabados, que eram só paredes e que só foram equipados no Governo Ana Júlia.
Quem não se lembra das obras do Hangar, que teve um custo altíssimo e foi objeto de denúncias de superfaturamento? O Hangar poderia ter se tornado um elefante branco, se não fosse o trabalho e a competência da atual administração, que deu vida àquele espaço caro e vazio e hoje é considerado um dos melhores centros de convenção da Região Norte. O Hangar foi palco do encontro dos presidentes dos maiores países da América do Sul, evento realizado na semana do Fórum Social Mundial de 2009 e que teve como anfitriões o presidente Lula e a governadora Ana Júlia.
Na gestão do Jatene o estado ficou endividado, se gastava irresponsavelmente. Talvez por isso em um recente debate na TV RBA ele disse que gostava de números, chegando a errar o número do efetivo da Polícia Militar paraense.
Mas, voltando à nossa pergunta: por que Almir não apoia Jatene?
Almir tirou Jatene da sua sala com ar-condicionado e o levou a ser candidato ao governo em 2002, provocando surpresa entre a população e espanto entre o Tucanato de baixa plumagem. Não houve protestos. Almir era Almir, mas o neoliberalismo já estava em sua frase crítica, já dando sinais de derrocada. No Brasil, o povo votou para eleger Lula, era um voto contra a política tucana, comandada por Serra e FHC. Aqui no Pará, os tucanos tomaram um susto com a candidatura de Maria do Carmo, do PT, hoje é prefeita de Santarém, que quase ganha a eleição. O então governador Almir usou seu prestígio e a máquina do estado para eleger o desconhecido Jatene. Eles foram alvo de denúncia na Justiça por uso dos jatinhos do estado na campanha eleitoral.
A gestão de Jatene à frente do governo estadual foi marcada pelo endividamento do estado, com muitas das obras suspeitas de estarem superfaturadas, baixo investimento no social, aumento da violência e pouco investimento na segurança da população. A sobrevida da administração de Jatene foi sustentada em obras realizadas pelo governo federal e outras
Almir foi traído.
Almir Gabriel, que ainda era um tucano de alta plumagem e dominava o PSDB, voltaria a ser candidato ao governo. Mas ele se esqueceu que o Brasil mudou com Lula e o Pará não agüentava mais a política dos tucanos. Então, perdeu a eleição para Ana Júlia em 2006. O velho tucano ficou ferido e magoado. Segundo ele, foi traído por Jatene, que fez corpo-mole.
Almir resolve virar jardineiro e foi morar em São Paulo. Jatene e o PSDB montam uma máquina para desestabilizar o Governo Ana Júlia, fazem oposição sistemática.
Almir tenta voltar
Almir resolve aposentar o macacão de jardineiro e voltar ao Pará em 2009 para ser o candidato ao governo. Só que o Pará era outro e Jatene também: de técnico da política tucana, das privatizações, das terceirizações, das obras de fachada, de governador que endividou o estado do Pará e de amigo de Almir que o elegeu governador, ele virou uma raposinha política. Levou o PSDB a trair o velho tucano, firmando-se como candidato das forças conservadoras do estado. Almir não aceitou a segunda traição, a primeira tinha sido o corpo-mole na sua campanha em 2006 . Abandonou o PSDB e Jatene.
E a pergunta fica no ar: por que Almir não apoia Jatene?
Talvez antes do final do primeiro turno Almir fale alguma coisa e esclareça a intrigante indagação.
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