Via GGN
O Jornal de todos Brasis
João Paulo Caldeira
Jornal GGN - Contrariando as
pesquisas eleitorais e as projeções iniciais, o republicano Donald Trump venceu
a disputa contra a ex-secretária de Estado Hillary Clinton em Estados-chaves e
será o 45º presidente dos Estados Unidos. E vem sem experiência política e
sendo o mais velho já eleito, com 70 anos de idade.
Além do slogan “Make America
Great Again”, Trump adotou uma retórica agressiva em sua campanha, o que
incluiu a promessa de construir um muro na fronteira com o México e também
afirmando que sua oponente deveria ser presa.
Porém, em seu discurso da
vitória, o empresário e ex-apresentador de TV mudou de tom, falando em união
dos americanos e também que “nós temos uma dívida com ela [Hillary] por seu
serviço ao país”. Ele não chegou a mencionar o muro com o México ou a proposta
de deportar todos os imigrantes ilegais.
Então, o que esperar do governo
de Donald Trump?
“Uma coisa é o Trump candidato,
outra coisa será, é o Donald Trump presidente”, aponta Rodrigo Gallo, cientista
político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
(FESPSP).
Ele crê que o magnata pode ter
dificuldades em implementar suas propostas, já que algumas delas terão que ser
aprovadas pelo Congresso, mesmo com maioria republicana. “Ele tem muita
restrição interna com os republicanos”, pontua.
Entretanto, mesmo que Trump não
consiga levar adiante suas promessas de campanha, há um efeito simbólico de sua
eleição que não pode ser ignorado. “Só o fato de ser eleito e de representar
uma boa parte das pessoas conservadoras no país, isso tem um efeito simbólico
importante para pensarmos como fica a situação daquele imigrante que estará vivendo em um país governado pelo
Trump”, afirma Gallo.
“Trump é um aventureiro, ele não
vai ligar muito para o que vai acontecer daqui a cinco anos. Ele vai querer
mostrar que conseguiu fazer os Estados Unidos crescer”, diz André Araújo,
consultor e colunista do Jornal GGN.
Para Araújo, Trump atraiu o voto
de eleitores que tem a esperança de que ele reative a indústria americana, o
que pode ser uma tarefa muito difícil.
Em termos de política econômica,
o republicano vendeu a ideia de que irá aumentar o crescimento, o que
implicaria em uma expansão monetária e uma menor preocupação com a inflação.
“O perfil dele é o do populismo
financeiro e econômico, o que significa mais inflação. Ele nunca falou nada a
favor da estabilidade econômica”, aponta Araújo. “Trump é um jogador, demagogo,
ele pode mudar no meio do caminho. Mas o que ele está vendendo é isso, é
crescimento”.
Após o resultado das eleições dos
Estados Unidos, os mercados reagiram de maneira negativa, como já vinha
ocorrendo quando Trump crescia nas pesquisas de intenção de voto.
Para Gallo, o empresário terá o
desafio de legitimar o seu governo em relação à política econômica. “Ele terá
de mostrar para os mercados globais que ele é um presidente viável para
governar os Estados Unidos, que ele vai levar estabilidade”.
Isso significa que o 45º
presidente dos EUA terá de realizar uma série de visitas diplomáticas para
provar que sua política econômica irá funcionar. Para o cientista político, a
tarefa não será fácil em um mundo instável do ponto de vista político e
econômico, citando a saída do Reino Unido da União Europeia.
“Conseguir legitimar um governo
que foi construído com propostas diferentes, em um momento em de crise política
e econômica dentro de um grande mercado como o europeu e o britânico será um
problema maior para o Trump do que seria para a Hillary”, afirma.
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