A falta de médicos e de atendimento adequado no Pronto Socorro do Umarizal, em Belém, e na Unidade de Urgência e Emergência da Cidade Nova VI, em Ananindeua, resultaram em duas mortes, recusa de paciente baleado e transformaram a vida de dezenas de pessoas em um caos na noite de ontem.Na unidade de Ananindeua, o montador de esquadrias Manoel da Conceição de Souza, 61 anos, morador do bairro do Coqueiro, morreu dentro da unidade por volta de 18 horas, depois de ter sido atendido duas vezes. Na primeira, por volta de 15 horas, ele foi levado à unidade pela esposa, Benedita Cristina Nascimento, 43, autônoma, depois de reclamar que estava sentindo-se mal. Desesperada, ela contou que aplicaram apenas um injetável para baixar a pressão e mandaram ele para casa depois de meia hora. 'Se o meu marido não estava bem, porque mandaram ele pra casa?', indagou ela, indignada, já à noite, depois da morte do marido.Benedita Nascimento contou que antes de retornar para morrer na Unidade de Emergência da Cidade Nova VI, Manoel passou mal novamente. 'Ele gritou e quando fui socorrer ele estava com a língua presa e sangrando pela boca', disse. Na unidade, disseram a ela e amigos da família que ele havia sido medicado e já estava bem. Preocupada, Benedita decidiu entrar na sala e percebeu que o marido estava gelado. Mesmo assim tentaram esconder dela. 'Disseram pra gente que ele estava se recuperando, mas logo em seguida comunicaram a morte', disseram familiares.Inconformados, eles tentaram uma explicação, mas foram impedidos de entrar na unidade por um segurança armado. Na declaração de óbito, o médico que atendeu duas vezes Manoel atestou que ele morreu por falência múltipla de órgãos e parada cardiorrespiratória. Até por volta de 21h30 dezenas de pacientes foram recusados para atendimento por falta de médico, entre eles um baleado e o pequeno Isaac, de apenas 2 meses, que há seis dias estava com prisão de ventre.
fonte: amazônia jornal
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