sábado, 30 de janeiro de 2010

Ex-presos políticos discutem direitos humanos no Fórum Social Temático de Salvador


Ex-presos políticos discutem direitos humanos no Fórum Social

"Direitos humanos no século XXI e as questões dos desaparecidos políticos" foi o tema da mesa de debates do "Fórum Social Mundial (FSM) - Temático Bahia" realizada no Hotel Sol Barra, pela tarde de sexta-feira (29). Os palestrantes foram o deputado federal Emiliano José (PT-BA); o presidente da Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda; a viúva do ex-líder comunista Carlos Marighella, Clara Charf; a presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Diva Santana; e o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Nelson Pelegrino.

O deputado Emiliano José, ex-preso político, destacou a admiração por todos os componentes da mesa que, segundo ele, têm profunda dedicação aos direitos humanos. Lembrou que a ditadura no Brasil causou mortes, torturas, repressão, e que não é isso que se quer com a Comissão Nacional da Verdade.

"Não nos diga que estamos com espírito de revanchismo. Nós não somos torturadores. Não descansaremos enquanto a verdade não vier à tona, enquanto os opressores não forem julgados. É como se os mortos nos cobrassem. Continuam a fazer parte de nossas vidas. Nos lembram dos ecos do passado. Ousamos a desafiar a ditadura. Esta luta teve um começo e terá um fim", declarou o deputado.

Emiliano leu para os presentes uma carta de sua autoria publicada no site da Carta Capital (dia 29/1), feita para o ministro dos Direitos Humanos. No texto, intitulado "Carta aberta ao ministro Paulo Vannuchi", o deputado defende o apoio de Vannuchi ao Plano Nacional dos Direitos Humanos e à Comissão Nacional da Verdade.

O ex-deputado federal de Minas Gerais Nilmário Miranda, também ex-preso político, recordou que foram 163 desaparecidos no Brasil durante a ditadura, além de centenas de presos e torturados. Para ele, a anistia é um processo que ainda não acabou. "Lembro da Guerrilha do Araguaia, que envolveu mais de 30 mil soldados ordenados para matar. Não houve nenhum preso. Passado esse tempo todo, o governo reconheceu e indenizou algumas vítimas do golpe militar. Não podemos deixar que essa história acabe assim".

A ex-presa política no governo Getúlio Vargas, Clara Charf, disse: "Nunca tivemos um período tão longo de democracia como agora. Foi a luta do povo, as idéias socialistas. É importante a luta pela nossa história". Charf destacou que Marighella foi uma grande figura no Brasil. "Passou por muitos períodos. Teria sido um desaparecido político, mas não conseguiram. Tentaram elimina-lo várias vezes, mas não puderam esconder sua morte. O Fórum Social Mundial faz parte da luta de todos nós".

Diva Santana ressaltou que o diferencial do Fórum Social é o debate sobre a Comissão Nacional da Verdade. "Devemos mostrar para o mundo as torturas, sequestros, mortes. Temos testemunhas dos absurdos que eram cometidos nos cárceres. Antes se discutia a Anistia. Agora que ela veio, embora não da forma que todos queríamos, estamos em busca da verdade. Somos o único país da América Latina que não tem Comissão da Verdade. Não podemos permitir que a história do nosso povo não seja contada".

Nelson Pelegrino destacou que o FSM tem um papel importante para tornar o mundo melhor. "Comemoramos os 30 anos de anistia em 2009. Sabemos que é uma anistia restrita, que está por se completar. Agora a luta é outra. As pessoas querem saber onde foram parar os seus entes queridos desaparecidos. Nunca mais vivamos a ditadura no nosso país", concluiu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Égua da ditadura stalinista, aliás muito comum nos asseclas de quem tem cargo no PT.
SAUDADES DO GOLBERY
Breno Souto