Coluna Diário de um Blogueiro: Jornalista e atual blougueiro Jadson Oliveira (Foto), 64 anos, trabalhou como jornalista, em diversos jornais e assessorias de comunicação, de 1974 a 2007, sempre em Salvador (Bahia). Na década de 70 militou no PCdoB e no movimento sindical bancário. Ao aposentar-se, em fevereiro/2007, começou a viajar pelo Brasil, América Latina e Caribe. Esteve em Cuba, Venezuela, Manaus, Belém/Ananindeua (quando do Fórum Social Mundial/2009) e Curitiba, com passagem por Palmas, Goiânia e Campo Grande. Depois Paraguai, Bolívia, Trindad Tobago , São Paulo e agora está na Argentina. virou viajante e blogueiro. Clic aqui e acesse o blog do Jadson Oliveira
Cerca de 50 mil partidários dos Kirchner lotaram o estádio do Huracán (time de futebol) para marcar a formação da Corrente Nacional da Militância (Foto: Deta Maria) |
De Buenos Aires (Argentina) – Os militantes do kirchnerismo (ou peronismo kirchnerista) deram uma demonstração de força na última sexta-feira, dia 11. Reuniram cerca de 50 mil pessoas, a maioria jovens, no estádio do Huracán (time de futebol, no Parque dos Patrícios, Buenos Aires), para culminar a formação da Corrente Nacional da Militância e intensificar a campanha pela reeleição da presidenta Cristina Fernández de Kirchner (a sua candidatura continua não assumida formalmente, mas sobre isso parece não haver dúvida). “Borombombón, borombombón, para Cristina la reelección” foi um dos bordões mais gritados pela entusiasmada plateia.
E bote entusiasmo nisso. A numerosa assistência, que representava vários movimentos sociais e populares explicitados no emaranhado de bandeiras e cartazes, interrompeu dezenas de vezes, com aplausos, canções e consignas, os discursos, especialmente o da presidenta, recebida com euforia, sempre vestida de luto e sempre fazendo repetidas menções a “él” (ele), seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, cuja morte, há quase cinco meses, deu um enorme empurrão na sua popularidade (as últimas pesquisas dão sempre mais de 40% de intenções de voto a Cristina, enquanto os possíveis concorrentes ficam de 10% para baixo).
E bote entusiasmo nisso. A numerosa assistência, que representava vários movimentos sociais e populares explicitados no emaranhado de bandeiras e cartazes, interrompeu dezenas de vezes, com aplausos, canções e consignas, os discursos, especialmente o da presidenta, recebida com euforia, sempre vestida de luto e sempre fazendo repetidas menções a “él” (ele), seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, cuja morte, há quase cinco meses, deu um enorme empurrão na sua popularidade (as últimas pesquisas dão sempre mais de 40% de intenções de voto a Cristina, enquanto os possíveis concorrentes ficam de 10% para baixo).
Ao chegar, a presidenta saúda demoradamente a plateia e é brindada com o bordão: “Borombombón, borombombón, para Cristina la reelección” (Foto: Deta Maria) |
A plateia interrompeu os oradores dezenas de vezes com aplausos, canções e gritos de guerra (Foto: Deta Maria) |
O emaranhado de bandeiras e cartazes mostra a grande variedade de movimentos sociais engajados na campanha liderada por Cristina (Foto: Deta Maria) |
A presidenta – de aparência física frágil, impressão que se dissipa ao começar a falar – exaltou o avanço da mobilização e organização popular, visando a institucionalização do campo nacional e popular, o que “não é obra de uma lei ou um decreto”. Dirigindo-se aos jovens, a quem chamou de “geração do Bicentenário” (referência aos 200 anos de independência do país, conseguida em 1810), disse que “vocês têm a imensa oportunidade histórica de participar na construção de um país diferente, (...) uma juventude que construa sua própria história, como fizemos nós, a geração dos anos 70, (...) tenham exemplos, mas sejam vocês mesmos”.
Falou da integração soberana da América Latina (os aplausos foram seguidos pelos gritos “pátria sim! colônia não!”), da recuperação dos valores culturais e da verdadeira história argentina, da ação para consolidar o modelo de universidade nacional, pública e gratuita. E, claro, dos êxitos obtidos na economia e na área social a partir de 2003, quando Néstor Kirchner assumiu o poder. Ou seja, depois do “fundo do poço” em que foi jogada a Argentina subjugada aos ditames neoliberais do Fundo Monetário Internacional (década de 90), particularmente durante o governo de Carlos Menem.
O ato começou em torno de 6 horas da tarde e durou quase três horas. Antes de Cristina chegar e discursar, houve pronunciamentos de lideranças da Corrente Nacional da Militância e de entidades que ajudaram a organizar o evento, como Movimento Evita, Juventude Sindical, Frente Transversal e La Cámpora. Participaram ministros, governadores, parlamentares, prefeitos, autoridades governamentais e caravanas de várias províncias (estados) do país. Na chegada da presidenta foi entoado o hino nacional e, no final, já sem sua presença, os militantes e dirigentes esbanjaram fervor ao cantar a marcha peronista (o refrão: “¡Perón, Perón, qué grande sos! ¡Mi general, cuanto valés! ¡Perón, Perón, gran conductor, sos el primer trabajador!”).
Foi a primeira vez, neste ano eleitoral, que a presidenta participou de um ato estritamente político e inserido na campanha (a eleição será em outubro). E representou o coroamento da mobilização que a militância kirchnerista vinha promovendo há alguns meses, com debates, seminários e manifestações públicas, dentro da meta de unificar a atuação dos diversos movimentos sociais afinados ou próximos do peronismo alinhado aos Kirchner (há também o peronismo opositor, à direita, chamado Peronismo Federal, liderado pelo ex-presidente Eduardo Duhalde).
Eis como o secretário-geral do Movimento Evita, Emilio Pérsico, define os objetivos da ação visando influenciar o governo a adotar posições afinadas com os interesses populares: “Para institucionalizar o Movimento Nacional, temos que agir no social transformando os avanços em direitos; no institucional, transformando o Estado Neoliberal num Estado Democrático, Participativo e Popular, incorporando os Jovens, os Trabalhadores, os Militantes fortemente ao Estado; e no político, organizando a Corrente Nacional da Militância como força política”.
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