sábado, 25 de junho de 2011

O Paredão da Academia Paraense de Letras

Rufino Almeida
Por Rufino Almeida*



               A eleição para ocupar a Cadeira 32 da Academia Paraense de Letras, tem três candidatos: - Ubiratan de Aguiar (eleito) , 82 anos (Jornalista, um livro publicado), Milton Camargo, 68, (Escritor, 20 livros publicados e (Antônio Juraci Siqueira, 63, (Professor, Filósofo, Escritor, poeta e trovador com mais de 80 obras publicadas). São três respeitáveis nomes que juntos poderiam contribuir muito com a cultura literária do Pará, já que há quatro cadeiras vazias. Entretanto, por falta de consenso e humildade dos candidatos, o pleito que se aproxima, virou um caso de vida ou morte. Guardadas as devidas proporções de audiência e repercussão, parece um verdadeiro paredão do Big Brother Brasil. Será uma eleição com carta marcada por conta do compromisso que a maioria dos eleitores firmou com Ubiratan de Aguiar, candidato derrotado por Sarah Castelo Branco, apoiada pelo saudoso Alonso Rocha, na última eleição. E, por tabela, dar-se-á a eliminação definitiva de Antônio Juraci Siqueira que só concorre nesta eleição. Jurandir Bezerra declarou que conhecia apenas algumas trovas de Juraci Siqueira, através do Poeta Alonso Rocha, seu fiel hóspede quando ia ao Rio de Janeiro. Após ler o Livro Marés, enfatizou que a referida obra era para ser lida e estudada pelos estudiosos da cultura Amazônica.
Poeta e Escritor Juraci Siqueira
               É incrível e incompreensível como a maioria dos eleitores quando instados a comparar as obras dos candidatos, são categóricos: sem dúvida, o Juraci é disparado o melhor, mas por questão de afinidade vou votar no Ubiratan.  Um dos eleitores foi enfático: as eleições nas academias sempre foram assim e ninguém vai mudar o mundo. Tal declaração é ridícula, mas real. Ao contrário do eleitor comum que não sabe votar porque não sabe o que quer, o eleitor acadêmico é, sem sombra de dúvida, muito consciente do que é melhor. Se não para a Academia, mas sim, para o seu ego em particular. Desta forma, ninguém de fora da confraria acadêmica será capaz de influenciar mudanças de votos. O certo é que, o Príncipe dos Poetas Alonso Rocha, não era tão querido como a maioria dos seus pares tentava demonstrar. Isso ficou claro durante a mobilização da ala jovem que tentou formar uma chapa onde só lhe cabia um cargo inferior e nunca o de presidente. Graças à habilidade e prestígio do Professor Edson Franco então presidente, primo do poeta, houve um final feliz onde Alonso encabeçou a chapa pela qual foi eleito presidente. Mesmo que Alonso Rocha tivesse deixado escrito com firma reconhecida em cartório, seu desejo de que Juraci o substituísse na cadeira 32, não seria atendido, porque ninguém é obrigado a ser fiel à memória de quem não pode mais defender seus ideais pós morte. Afinal, o que é mais importante o invólucro ou o conteúdo?         
Ubiratan  Aguiar (Pierre Beltrand) de paletó preto
Entendamos o porquê da eleição de Ubiratan e a rejeição de Juraci Siqueira. Juraci fazia parte de um grupo de intelectuais que apesar de manter laços de respeito às Academias de Letras, nunca alimentou a vaidade de conquistar a imortalidade pela via acadêmica. Para ficar só entre os paraenses, desse naipe fazem parte Paulo Maranhão, Rui Barata, Max Martins e João de Jesus Paes Loureiro. A consolidação da amizade de Juraci com Alonso Rocha e a família Bruno de Menezes, assim como as constantes participações em eventos na A.P.L. ensejaram a oportunidade para o Príncipe dos Poetas Alonso Rocha declarar o desejo de que Juraci Siqueira ocupasse sua cadeira quando ele não estivesse mais entre nós. Embora Juraci não tenha lhe prometido, resolveu após o falecimento de Alonso Rocha, enfrentar esse desafio por fidelidade à memória do amigo, assim como para atender ao desejo das duas famílias. A Academia Paraense de Letras é o templo para preservar, incentivar e cultuar a inteligência literária do povo paraense. Seu modelo foi inspirado na Academia brasileira de Letras, fundada em 20 de julho de 1897, tendo à frente Machado de Assis, seu patrono e primeiro presidente.  Não havendo escritores suficientes para ocupar todas as cadeiras, foram convidadas pessoas que se identificavam com a literatura, contribuindo de alguma forma com o desenvolvimento do recém fundado Silogeu. Entre os convidados havia jornalistas e amantes das artes em geral. Os jornalistas com certeza tiveram um papel fundamental no processo de divulgação, reconhecimento e valorização da memória histórica das letras, através da casa dos imortais da Literatura Brasileira. A permissividade que marcou o início da ABL se proliferou para as academias municipais e estaduais, sendo hoje uma prática natural eleger nomes de destaques dos setores político, social e econômico, em detrimento de grandes expressões da literatura. A mais recente injustiça que causou muita indignação ao mundo literário foi a eleição do Jornalista Merval Pereira na ABL, em detrimento do escritor Antônio Torres, lido e respeitado na Itália, Argentina, México, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Bélgica, Holanda, Israel, Bulgária, entre outros. Em 1999 o governo francês lhe conferiu a Antônio Torres, o título de Cavaleiro das Artes e das Letras. Ora, se a ABL dá um péssimo exemplo desses ignorando um escritor desse quilate, o que podemos esperar das outras Academias?
               Mas voltemos à APL. Li com atenção a carta de Pierre Beltrand em O Liberal 15/05/2011. O pleiteante à cadeira 32 foi humilde, polido, deixando nas entrelinhas que não está acima dos seus concorrentes, mas foi profundamente pessimista.  Caro confrade, o fato de você ter essa idade não significa que esteja morrendo. Se você tiver fé e continuar persistente poderá ser eleito na próxima eleição na vaga do Jornalista Hélio da Mota Gueiros, por exemplo. Assim sendo, você desfrutaria do privilegiado convívio com uma das figuras humanas mais fantásticas que há no mundo literário paraense. (Antônio Juraci Siqueira). “Só os ignorantes não mudam de opinião”. – Rui Barbosa. Juraci Siqueira mudou de opinião e se candidatou à cadeira 32. Parabéns! O Poeta João Belém retirou sua candidatura em favor da Academia. Parabéns! Cada vez que surge um fato novo é humano e democrático mudarmos de opinião. O fato novo é a candidatura de Juraci Siqueira à cadeira 32, uma única vez. Portanto, caro Beltrand, se você mudar de opinião não terá só os meus aplausos, mas sim, de todos os literatos que desejam ver vocês juntos trabalhando pela causa da literatura do Pará. “Muitas vezes quando a vontade fala, a inteligência cala”. Arthur Schopenhauer. Espero que a vontade da maioria dos eleitores comprometida com o hoje, não cale a inteligência do amanhã da Academia Paraense de Letras.
Foi eleito para APL o Colunista Social de O Liberal o Sr. Ubiratan Aguiar conhecido como Pierre Beltrand
Belém, PA, 20 de junho de 2011.
* Fotógrafo, Poeta, Escritor e Triatleta

5 comentários:

Anônimo disse...

Qual foi mesmo o livro que Pierre escreveu para merecer ser eleito? Sim porque o que vemos são apenas as amenidades que ele escreve sobre a Sicielaites, seus vestidos, as festas, sobre a Felícia Maia, enfim, só abobrinhas. Esta Academia deve é entrar em recesso até que venha a ser o que de fato deve ser. Uma Academia de Letras.

J. Pinto Durão disse...

Na minha opinião O "Merdal" Pereira está no lugar certinho, afinal de contas a ABL vive só de fuxicos e deliciosos lanches e nada mais, sempre foi assim, sempre!
Aqui não é diferente, é possível apontar um grande escritor ou intelectual da APL? Onde?
Nem sei o porquê do Juraci se meter nessa merda, deixa o Pierre lá, o lugar é dele mesmo: fuxicos e canapés.

Anônimo disse...

Prezado Editor.

Grato pela publicação do meu texto (O Paredão da Academia Paraense de Letras). Fiquei surpreso com a repercussão. Parabéns pelo prestígio do jornal( blog). É possível que eu escreva um artigo sobre os atletas na terceira idade. TRIATHLON.
Via email Rufino Almeida

esteblogminharua disse...

A balança acadêmica (?) que julgou os candidatos não apenas estava viciada, como enferrujada e sem o fiel.
Foi vexatória para a APL essa escolha. O poeta AJSiqueira nada perdeu e nada lamentará desse acontecido; quanto ao eleito, o colunista de O Liberal, Pierre Beltrand, cabe-lhe, se puder, fazer juz ao fardão que ganhou como novo intelectual (?) da Academia. Já o Silogeu, esse deve sentir vergonha de sua escolha.
FRanz

Anônimo disse...

Esvasia-se a cultura e entra o dinheiro. Quem tem $reais entra mais fácil. Quem tem conhecimento que guarde consigo.
O Pará e sua academia dando com os burros nágua.