Vamos esperar os próximos 100 dias da gestão Pioneiro

                                                                                                         Foto: Igor Mota

Este mês o prefeito Pioneiro completou 100 dias à frente da prefeitura de Ananindeua. Foi criada uma grande expectativa em torno da sua volta, depois de governar o município por dois mandatos. Ele deixou presidência da Assembleia Legislativa, que tem um grande poder financeiro e político, e poderia alçá-lo a cargos como governador ou senador, mas preferiu voltar ao município onde começou sua carreira política. Voltou a Ananindeua, depois de ter transferido seu domicílio eleitoral para Belém (foi vice-prefeito de Duciomar no primeiro mandato). 

 

Pioneiro contou uma vez que Jatene, com alguns aliados, questionou por que ele queria voltar a ser prefeito de Ananindeua, quando podia ficar na  Assembleia e depois “pular” para um cargo majoritário. A resposta talvez seja fácil: o PSDB tem uns quatro na frente do alcaide de Ananindeua para a disputa do governo e do Senado. Ele é um político limitado, tem raízes no populismo, usa seu carisma pessoal para agradar aliados e acha que asfalto e festas são marcas de um bom governo. 

 

Ananindeua nos últimos oito anos entrou para o mapa político do Brasil, com crescimento financeiro e organização da máquina administrativa. E também vieram as mazelas: uma das cidades mais violentas do país e só tem 7% de saneamento. Não temos um cinema, um teatro, um ginásio poliesportivo, uma praça de lazer para as famílias. 

 

Pioneiro falou no último domingo (dia 21), em entrevista ao jornal O Liberal, em mobilidade urbana. Isso é bom, mas não pode ser apenas chavão para surfar na onda do debate internacional. Em duas gestões ele nunca construiu uma rampa para cadeirantes. Há a questão do saneamento e meio ambiente: Ananindeua tem um grande número de condomínios e prédios construídos durante os oito anos de Helder Barbalho; são empreendimentos particulares que receberam licenças ambientais para serem construídos - qual foi o critério? A gestão Pioneiro vai rever isso?

 

Temos hoje a instalação de vários postos de gasolina, um atrás do outro: qual o impacto disso nos lençóis freáticos? A gestão Helder recebeu  bilhões de repasses do governo federal: onde foram parar esses investimentos? Pioneiro vai fazer uma auditoria para saber desses recursos?

 

Outra coisa: boa parte dos problemas que Ananindeua enfrenta hoje vem de gestões passadas. No seu primeiro mandato, Pioneiro foi beneficiado pelo “boom” ocorrido logo no início da sua gestão: o orçamento passou de 23 milhões para mais de 100 milhões anuais (não foi mérito da administração quanto à arrecadação, e sim reformulação nos repasses constitucionais).

 

A verdade é que sua última gestão deixou a desejar, como demonstra o caso da CPI do Lixo: a família Begot foi quase toda arrolada pelo Ministério Público. Pioneiro tinha deixado a prefeitura na mão de um Begot. Coincidência ou não, agora mais um Begot é seu vice... Esperamos que desta vez tenhamos mais responsabilidade com a cidade. 

 

O programa que o prefeito entregou ao TRE quando do registro da sua candidatura é lindo e maravilhoso: se 30% das propostas forem executadas, Ananindeua vai se tornar, com certeza, a cidade modelo da Amazônia. Anote aí: há estudos para criação da companhia de saneamento, previsão de 100% de internet gratuita em todo o município, teatro, cinema, plano de cargos e salários para o funcionalismo, ciclovias pela cidade, inclusive na BR-316.

Como foi dito, o programa “é divino e maravilhoso”, vamos ver a realidade. Entre as seis maiores cidades do Pará, Ananindeua destaca-se por ser maltratada por seus gestores. Esse quadro precisa mudar. Enquanto isso, vamos esperar os próximos 100 dias da gestão Pioneiro, porque nos primeiros  ele não disse a que veio.