domingo, 22 de dezembro de 2013

Feliz Natal. Viva Mario Quintana!

Via Blog Evidentemente de Jadson Oliveira

QUINTANA: "ELES PASSARÃO... EU PASSARINHO"



Poeminhos do Mario Quintana (parte 1)



POEMINHO DO CONTRA
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

  De CH (Caderno H - 1973)

O verdadeiro imortal



Por Carlos Machado

O "Poeminho do Contra" também tem sua história. Mario Quintana, sabe-se lá por quê, candidatou-se três vezes à imortalidade da Academia Brasileira de Letras. Na primeira (em março, 1981), perdeu para Eduardo Portella, ex-ministro da Educação do general-presidente João Figueiredo. Depois (em novembro, 1982), foi derrotado pelo jornalista Carlos Castello Branco (1920-1993). Na última vez, a vaga foi para o professor carioca Arnaldo Niskier.

Diante da insensibilidade dos acadêmicos — que parecem votar com critérios como influência política, poder e prestígio social (e não os méritos literários), Quintana desistiu. E brindou os que lhe atravancaram o caminho com o delicioso e profético "Poeminha do Contra".

Eles passarão...
Eu passarinho!



Tarsila do Amaral - A caipirinha
Mais poeminhos:



A coisa mais solitária que existe é um solo de flauta.

  De CH

TIC-TAC

Esse tic-tac dos relógios é a máquina de costura do Tempo a fabricar mortalhas.

  De CH

RELÓGIO

O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede; conheço um que já devorou três gerações da minha família.
          
De CH

COISAS NUMERADAS DE UM A TRINTA E CINCO

XIX

Um dia de chuva é bom para a gente comprar livros de poemas... Quem perguntar por que, de nada lhe adianta comprar um livro de poemas.

XXXII

Me lembro de um colega de ginásio que tirou da sua própria cachola e escrevia em seus cadernos e livros, com letra caprichada, o seguinte: "Estudo, és tudo!". Teve o fim que merecia.

  De CH


DA ARTE PURA

Dizem eles, os pintores, que o assunto não passa de uma falta de assunto: tudo é apenas um jogo de cores e volumes. Mas eu, humanamente, continuo desconfiando que deve haver alguma diferença entre uma mulher nua e uma abóbora.

  De CH

Tudo aí, inclusive exemplar da obra de Tarsila do Amaral, vem do sítio Poesia.net , mantido na web por Carlos Machado.

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