Via Blog Evidentemente de Jadson Oliveira
Por Marcos Coimbra
Nestes tempos em que a intolerância, o preconceito e o ódio
se tornaram parte de nosso cotidiano político, é fácil se assustar. É mesmo tão
grande quanto parece a onda autoritária em formação?
Quem se expõe aos meios de comunicação corre o risco de nada
entender, pois só toma contato com o que pensa um lado. Será majoritária a
parcela da opinião pública que se regozija ao ouvir os líderes conservadores e
assistir aos comentaristas da televisão despejar seu ódio?
Recente pesquisa do Instituto Vox Populi permite responder a
algumas dessas perguntas. E seus resultados ensejam otimismo: o ódio na
política atinge um segmento menor do que se poderia imaginar. O Diabo talvez
não seja tão feio como se pinta.
Em vez de perguntar a respeito de simpatias ou antipatias
partidárias, na pesquisa foi pedido aos entrevistados que dissessem se
“detestavam o PT”, “não gostavam do PT, mas sem detestá-lo”, “eram indiferentes
ao partido”, “gostavam do PT, sem se sentir petistas” ou “sentiam-se petistas”.
Os resultados indicam: permanecem fundamentalmente
inalteradas as proporções de “petistas” (em graus diversos), “antipetistas”
(mais ou menos hostis ao partido) e “indiferentes” (os que não são uma coisa ou
outra), cada qual com cerca de um terço do eleitorado. Vinte e cinco anos
depois de o PT firmar-se nacionalmente e apesar de tudo o que aconteceu de lá
para cá, pouca coisa mudou nesse aspecto.
Nessa análise, interessam-nos aqueles que “detestam o PT”.
São 12% do total dos entrevistados. Esse contingente tem, claro, tamanho
significativo. A existência de cerca de 10% do eleitorado que diz “detestar” um
partido político não é pouco, mas é um número bem menor do que seria esperado
se levarmos em conta a intensidade e a duração da campanha contra a legenda.
A contraparte dos 12% a detestar o PT são os quase 90% que
não o detestam. Passada quase uma década de “denúncias” (o “mensalão” como
pontapé inicial) e após três anos de bombardeio antipetista ininterrupto (do
“julgamento do mensalão” a este momento), a vasta maioria da população não
parece haver sido contagiada pelo ódio ao partido.
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