Chega de lorota
O
acontecimento mais aguardado da semana – o julgamento da chapa
Dilma-Temer no TSE – acabou sendo adiado por tempo indeterminado. O dólar caiu,
já que evitou (ou adiou) o “pior”, na visão dos mercados. O cenário
“favorável” no TSE animou os advogados do presidente a investir na
anulação das provas, segundo reportagem na Folha, excluindo as que viriam da delação da Odebrecht.
A
ação contra a chapa foi movida pelo PSDB logo após a derrota nas urnas
de Aécio Neves. No fim de semana, a Veja divulgou um “vazamento” de um
delator da Odebrecht acusando Aécio de receber propina no exterior para favorecer a empreiteira. “Querida, a mim ninguém nunca acusou de ter conta no exterior”, ironizou a ex-presidente Dilma em
entrevista a Mônica Bergamo publicada no dia do julgamento do TSE.
Resta saber o que reserva à ex-presidente a delação do marqueteiro da
campanha, João Santana, que o TSE decidiu incluir no processo em
julgamento.
Enquanto
isso, as peças se movimentam para 2018. O candidato mais estridente, o
deputado Jair Bolsonaro, deu um show de racismo, intolerância e machismo
em uma polêmica palestra no clube Hebraica, no Rio de Janeiro. É bom
lembrar que o deputado é réu por incitação ao estupro no STF.
Visto por muitos como a “solução” para a corrupção, Bolsonaro também mente quando
busca se afastar das denúncias que envolveram seu ex-partido, o PP,
como constatou o Truco. Isso não o impede de crescer nas pesquisas em um
país onde um crime bárbaro não tira os fãs do goleiro Bruno e a
imprensa evita chamar o assassinato de Eliza Samudio pelo nome certo:
feminicídio.
Um crime que mata uma mulher a cada 90 minutos no Brasil, como destaca a reportagem de Andrea Dip que levantou a trajetória de violência que envolve Eliza antes mesmo de seu nascimento. Sem freio da lei ou da sociedade.
Como revela o episódio de José Mayer, que descreveu como “brincadeiras de cunho machista” o assédio impiedoso feito a uma colega, quase uma subordinada, de rede Globo, não se pode naturalizar a violência escolhendo as palavras para descrevê-la.
Racismo e feminicídio são crimes que vão além de seus autores quando endossados pela sociedade. Vamos chamá-los pelos nomes certos, chega de lorota.
Como revela o episódio de José Mayer, que descreveu como “brincadeiras de cunho machista” o assédio impiedoso feito a uma colega, quase uma subordinada, de rede Globo, não se pode naturalizar a violência escolhendo as palavras para descrevê-la.
Racismo e feminicídio são crimes que vão além de seus autores quando endossados pela sociedade. Vamos chamá-los pelos nomes certos, chega de lorota.
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
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