Os militantes que racharam com o PSTU no ano passado, e criaram o movimento "MAIS", aprovaram a entrada no PSOL.
“Estamos dando um passo para construir uma alternativa ao PT pela
esquerda. Não podemos ficar reféns dos retrocessos do Temer e nem do
lulismo. Para nós, o PSOL é parte desse polo alternativo que irá cumprir
esse papel”, opinou Valério Arcary, professor e militante do MAIS que
ajudou a fundar o PT e o PSTU.
Além de Valerio, do MAIS participam ativistas como a professora
Amanda Gurgel, a mais votada vereadora da história de Natal (RN); Mauro
Puerro, ex-vereador de São Paulo (SP) e dirigente da central sindical
CSP-Conlutas; Matheus Gomes, ativista do movimento negro e ativista dos
protestos de junho de 2013 em Porto Alegre (RS); Henrique Carneiro,
professor da USP e militante antiproibicionista; Zé Gotinha, coordenador
geral do sindicato da construção civil de Belém; a professora Silvia
Ferraro, ativista do movimento de mulheres e da Frente Povo Sem Medo, e
Nestor Bezerra, do sindicato da construção civil de Fortaleza (CE).
Antes de decidir pelo ingresso no PSOL, O MAIS atuava como movimento
independente desde que surgiu, no dia 23 de julho de 2016, fruto de uma
ruptura com o PSTU. Apesar de ser composto por diversas gerações, a
maioria jovens, parte dos integrantes são ativistas de longa data, com
origem na Convergência Socialista, grupo trotskista formado nos anos
1980. Lutaram contra a ditadura; após a redemocratização participaram da
fundação do PT; em 1994 fundaram o PSTU e, em 2016, decidiram seguir um
novo caminho.
“É com imensa alegria que nós recebemos a informação de que, no
congresso do MAIS, esta organização decidiu ingressar nas fileiras do
PSOL, se tornando uma corrente interna de nosso partido. Nós estamos
vivendo um momento de grandes dificuldades para o povo brasileiro, de
retirada de direitos, mas também um momento de reorganização da esquerda
e estamos empenhados para que esta reorganização da esquerda seja feita
reunindo todos aqueles que lutam por democracia, por liberdade, que
lutam pelo socialismo, aqueles que, nas ruas, estão se unindo contra o
golpe, se unindo para não perder direitos. São bem vindos às fileiras do
PSOL e, certamente, nesse processo congressual, as suas visões, as suas
contribuições engrandecerão ainda mais o processo democrático de
construção do programa para 2018 e da plataforma para reorganizar a
esquerda no Brasil”, afirmou o presidente do PSOL, Luiz Araújo.
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Veja a íntegra do manifesto
Congresso do #MAIS aprova entrada no PSOL
O 1º Congresso Nacional do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (#MAIS), realizado entre os dias 27 e 30 de julho, aprovou a entrada de nossa nova organização no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A decisão foi resultado de um rico e democrático debate interno, que envolveu mais de 800 militantes em todo país.
Vivemos tempos desafiadores. A ofensiva da classe dominante sobre os trabalhadores e o povo brasileiros coloca, de modo incontornável, a tarefa da resistência unificada dos explorados e oprimidos. Sem a máxima unidade “dos de baixo” será impossível deter os ataques do andar de cima.
O impeachment orquestrado pela direita foi, antes de tudo, um golpe para destruir direitos históricos da classe trabalhadora. O #MAIS se somará ao PSOL para fortalecer a luta contra o ilegítimo governo Temer e suas contrarreformas, e por eleições diretas e gerais.
Mas há um sentido mais profundo em nossa decisão. É tempo de construir um novo caminho para a esquerda brasileira.
Os treze anos de governos de conciliação de classes do PT desaguaram,
tragicamente, no golpe parlamentar. É preciso extrair lições dessa
experiência. A opção pelo pacto com os grandes empresários e partidos da
direita cobrou seu preço. Chegada a crise política e econômica, os
velhos aliados da direita, como sempre fazem, traíram.
Mesmo assim, a direção do PT já deu incontáveis provas de que não
aprendeu com os erros do passado. Como afirma Lula em seus discursos, o
objetivo é repetir a mesma estratégia nas próximas eleições de 2018. É
ilusório acreditar que o lulismo possa abraçar um programa e uma
política consequentes de enfrentamento com os ricos e poderosos.
É tempo de dar passos em frente no processo de reorganização da
esquerda brasileira. Nesse sentido, o PSOL apresenta-se como o principal
e mais dinâmico partido independente do lulismo.
A tarefa é difícil e, ao mesmo tempo, desafiadora: reencantar os
trabalhadores para enfrentar as amarras estruturais que prendem nosso
povo à pobreza e à exploração. Em outras palavras, apresentar um
programa que ouse afrontar os privilégios seculares de uma burguesia
racista, corrupta e submissa ao imperialismo.
Assim, o #MAIS se somará ao PSOL para recuperar as ruas e o trabalho
de base nas fábricas, periferias e locais de estudo enquanto espaços
centrais de atuação política. Entramos no PSOL com nossas próprias
ideias. Levaremos aos fóruns do partido nosso programa socialista e
nossa estratégia revolucionária. Conformaremos uma Tendência Interna nos
marcos dos estatutos do partido.
Queremos atuar ombro a ombro com todas e todos do PSOL, para que, em
cada embate da luta de classes, possamos elaborar conjuntamente a melhor
política para a libertação dos trabalhadores e trabalhadoras, negras e
negros, LGBTs, juventude, indígenas, sem-terras, sem-tetos e
quilombolas.
Não somos a única organização marxista no Brasil. É momento de estar
mais perto do que longe, para que as divergências entre a esquerda
socialista não ameacem a necessária unidade. Construir sínteses e
convergências, sem prejuízo ao debate das diferenças. Esse é o desafio.
O processo de entrada do #MAIS no partido obedecerá a certas fases.
Será uma construção que levará em conta as definições do PSOL, expressas
no convite à nossa entrada, e também a discussão permanente com toda a
nossa militância.
O #MAIS seguirá atuando com todo empenho na luta direta dos
trabalhadores, da juventude e dos oprimidos. Nos movimentos sindicais,
populares, identitários e estudantis, nossa organização seguirá
levantando suas bandeiras e propostas.
Construindo também o PSOL, acreditamos ser possível dar uma
contribuição superior à luta pela transformação socialista do Brasil.
Viva a luta da classe trabalhadora!
Viva o socialismo!
Coordenação Nacional do MAIS
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