quinta-feira, 29 de novembro de 2018

POR UMA REVOLUÇÃO COLORIDA NO PT, artigo de Fernando Assunção





FERNANDO "DJAVAN" Assunção, é paraense, ativista cultural no Distrito Federal. Trabalha na comunicação da liderança do PT no Senado 
Foto Ricardo Stuckert



Via Site 247 - A derrota nas eleições exige a renovação do PT, não porque a geração que fundou o partido conquistou prefeituras e realizou os governos bem sucedidos no Planalto devam ser afastados, mas porque será necessário criar um corpo de dirigentes e ativistas que conduzam a ideia de Lula adiante. 

Se antes o desafio era aprofundar as mudanças promovidas no Brasil, agora é o de enfrentar os efeitos de um programa ultraliberal na vida dos mais pobres, trabalhadores, idosos e jovens; da agenda conservadora em costumes e valores no cotidiano dos negros, mulheres e LGBTs; de uma plataforma fundiária sobre os direitos de comunidades tradicionais - como os quilombolas - e indígenas, e de uma ação antipetista travestida de combate à corrupção. Além do afastamento do petismo da própria base que sustentou a eleição de quatro mandatos presidenciais.


Deste enfrentamento, será fundamental que brote o programa partidário não mais polarizando e dando alternativa social ao que foi o PSDB e seu legado nos governos FHC, mas ao bolsonarismo legitimado pelas urnas, uma força política de direita nova, que, a despeito de qualquer previsão sobre sua capacidade de sucesso ou fracasso, já mudou os termos da disputa política, ideológica e cultural no Brasil.

A primeira coisa a se fazer é com que todos estes setores citados voltem a se enxergar em propostas e representados no PT, vinculado com a perspectiva do retorno do partido ao poder. Faces novas, com possibilidade de adquirir e provar capacidade de condução e de gestão, imunes ao fardo que, já inevitavelmente, carregam os dirigentes mais antigos, é um passo primordial. Outro é assegurar que a sociedade se veja gradualmente no partido como se via antes. Um terceiro, o mais importante de todos, é o empoderamento de pessoas com gás, garra e vontade de ir onde o povo está e envolvê-lo, para além de discursos e resoluções, nos debates de uma legenda que ou se abre ou definha e se isola por movimentos de cúpulas partidárias de outros partidos da própria centro-esquerda.


A ideia de simplesmente radicalizar um discurso ideológico, fazer oposição frontal a Bolsonaro e debater erros e acertos do passado não vingarão se não tiverem vida nas comunidades e nas bases e, sobretudo, se não forem encarnadas por lideranças capazes de conquistar credibilidade para se propor, perante a sociedade, como uma nova alternativa petista. A questão não é mais voltar ou não voltar às origens e sim restabecelê-las.

Mais em Capa
 Após prisão de Pezão, Witzel promete auditar todos os contratos do Rio
Inscritos no Mais Médicos criam rombo de 2,8 mil vagas em outras áreas
UNESCO DECLARA REGGAE TESOURO CULTURAL GLOBAL
HELENA CHAGAS: GENERAL CUIDA DE COFRE E DESAGRADA POLÍTICOS
G20: TRUMP CANCELA REUNIÃO COM PUTIN POR CRISE UCRANIANA
Tornou-se comum comparar Bolsonaro a Donald Trump. A despeito das diferenças de contexto, a vitória do Partido Democrata nas eleições de meio mandato se deveu à revolução colorida interna, com negros, mulheres, LGBTs, jovens e imigrantes mobilizando as bases azuis e oxigenando os parlamentares eleitos também com estes perfis. É nisto que consiste o verdadeiro radicalismo no contraponto ao bolsonarismo. Há muitas propostas sobre como fazer isso e ouví-las amplamente, de filiados, simpatizantes e gente do povo, contudo, é a ação prioritária

Nenhum comentário: