quarta-feira, 6 de março de 2019

Bacurau e o Não Carnaval Por Luís Freitas


O Bloco Bacurau da Meia Noite, referência carnavalesca no Centro de Ananindeua, não saiu às ruas no sábado gordo deste ano, deixando centenas de foliões com o sentimento de orfandade. Uma pena!
O não carnaval de rua do Bloco é um fato lastimável em vários aspectos. Seja cultural, pela quebra de uma tradição positiva de caráter popular; seja econômica, já que potencializa o comércio formal e informal com as vendas de produtos, além de garantir uma fonte de renda extra aos artistas músicos e outros profissionais da área de entretenimento. Mas, principalmente, pela perda de oportunidade histórica de se somar aos diversos exemplos de contestação e protestos contra a ameaça do avanço conservador e tentativas de retirada de direitos e das liberdades civis em marcha, no país.
A nota pública lançada pela coordenação do Bloco explica, mas não justifica a sua não saída. Ao contrário, as razões apresentadas no documento do Bacurau da Meia Noite, como falta de iluminação no trajeto, segurança, apoio estrutural e financeiro pelo poder público, seriam razões suficientes para que o Bloco ganhasse as ruas e, junto aos seus brincantes, denunciasse os governos municipal, estadual e federal, pelo descaso com a questão cultural no Brasil.
Com criatividade e ousadia, elementos que sempre nortearam as atividades do Bacurau da Meia Noite, poderia ser possível manter o cortejo, a partir de alguns ajustes, redimensionamentos e perspectivas. Enfim, creio que a não saída do Bloco, não foi a melhor solução para o problema.
Aos foliões carnavalescos que se sentiram órfãos dos embalos de sábado gordo no Centro de Ananindeua fica a expectativa de que em 2020 tudo pode mudar, já que hoje é quarta-feira de cinzas.
Ananindeua, 06/03/2019

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