sábado, 23 de março de 2019

LUTA PELA PREVIDÊNCIA PÚBLICA: ESTUDANTES FICAM DE FORA?

(Fotos: Jadson Oliveira)

Me pergunto onde estão hoje, entre os estudantes baianos, os Valdélio, Olival, Tinoco, Lídice, Zulu, dentre outros e outras, que na década de 1970 estavam nas ruas.

Por Jadson Oliveira – jornalista/blogueiro – editor do Blog Evidentemente

Como em todo o país, a mobilização em defesa da Previdência pública – contra a chamada Reforma da Previdência – na sexta, dia 22, parece ter conseguido um nível razoável em Salvador.

Umas 2.000 a 3.000 pessoas participaram (não vi a estimativa dos organizadores, que sempre é exagerada, nem a da PM, que sempre puxa pra baixo). As centrais sindicais deram mostras de unidade: das mais à direita, como a Força Sindical, às mais à esquerda, como a CSP-Conlutas, todas estiveram à frente da manifestação.

Além de frentes da luta democrática e popular, sindicatos, movimentos sociais, como o MST, alguns poucos parlamentares e lideranças. Entre as várias categorias, parece que a dos professores (especialmente as professoras) merece destaque, sob a direção da APLB-Sindicato.

Ilustro esta nota com algumas fotos, retratando a movimentação entre a Rótula do Abacaxi e o Iguatemi.

Cadê o movimento estudantil?

Mas o que quero mesmo é indagar: cadê o movimento estudantil? Pelo que podemos deduzir, os nossos estudantes estão fora da luta democrática, nacional e popular. Não vi, nem ouvi, qualquer pronunciamento com alguma referência à participação do estudantado, de suas entidades representativas. Nossa juventude (secundaristas, universitários) não se sente parte da luta popular?

Sou duma geração em que os estudantes estavam sempre à frente (ou na linha de frente) das lutas em defesa dos interesses populares, nacionais, democráticos.

Os estudantes eram uma espécie de mito, inquietos, rebeldes, lutavam e sonhavam em busca das belas utopias da época – contra as injustiças sociais, contra a exploração capitalista, contra a miséria, em defesa do socialismo, sonhando com uma sociedade humanitária, assentada na solidariedade, na fraternidade, no bem coletivo, em busca duma sociedade perfeita (naquela época era o socialismo: a cada um segundo suas necessidades, o comunismo, a igualdade, uma sociedade sem explorados e sem exploradores).

Para muita gente da minha geração (os que ainda vivem), é irreconhecível uma juventude que não convive com tais sonhos, com tais utopias.

Me pergunto onde estão hoje, entre os estudantes baianos, os Valdélio, Olival, Tinoco, Lídice, dentre outros e outras, que na década de 1970, durante os tempos brabos da ditadura, estavam nas ruas liderando os colegas em luta pela democracia.

(Desculpe, mas me recordo mais da turma da tendência Viração, com os quais convivi mais – me lembro também daquele negro de Sangue Novo, que depois dirigiu a Fundação Palmares – pesquisei no Google: Zulu Araújo).

Vamos ver se os estudantes vão aparecer nas próximas jornadas de luta, por LULA LIVRE, de 7 a 10 de abril.

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