quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Entrevista com Rui Begot, presidente da Câmara de Vereadores de Ananindeua

Ananindeuadebates – Quais os desafios com que o senhor se deparou ao assumir a Presidência da casa, diante do quadro econômico vigente nas esferas municipal, estadual e federal?
Rui Begot - Quando assumi a presidência da câmara, o maior desafio com que me deparei foi em conciliar a parte financeira, contábil, administrativa e política, onde é necessário encontrar o equilíbrio para que se possa ter governabilidade. Estamos falando de outras 24 cabeças, além da minha, sendo que cada uma pensa de uma forma diferente, então é preciso ter habilidade para lidar com as diferentes opiniões. Confesso que em meu terceiro mandato, pensei que eu teria um mestrado após ter passado por duas faculdades, acredito que como presidente estou vivendo um doutorado político, por conta da maturidade que venho adquirindo, que tem refletido positivamente em meu aprimoramento moral, aprimorando minha experiência na vida política. Quando falamos de opiniões diferentes, nos deparamos com indivíduos que insistem em pensar que a câmara é capaz de resolver todos os problemas, e se formos analisar a realidade estrutural e  física, onde temos gabinetes que não comportam o necessário para funcionarem adequadamente; nesse contexto o maior desafio seria a construção de uma nova Câmara, com um novo parlamento, onde houvesse uma nova plenária, galeria popular e de honra, contando com dois elevadores e uma rampa de acesso, visando atender e agregar os portadores de necessidades especiais. Pensando nisso, acreditei que eu poderia entrar de cabeça e solicitar aos seis Deputados estaduais que foram vereadores anteriormente em nosso município, para juntos solucionarmos essa questão, foi um desafio pessoal ao qual me propus enfrentar, e indo além do que eu imaginava, consegui uma emenda parlamentar compartilhada que contou com a participação de oito deputados. No entanto, me deparei com uma dificuldade muito grande na questões burocráticas, mesmo após a autorização do governador, que pessoalmente me comunicou que o aval estava dado e eu poderia prosseguir com o planejado; a emenda foi parar na Casa Civil e prosseguiu para a SEDOP, que ficou encarregada de realizar a obra diretamente, ou encaminhar para o município que faria a licitação e execução da obra, e em meio a todo esse processo, se tornou um “empurra-empurra” exaustivo, e culminou com que não se saiba ao certo se as emendas foram liberadas ou não. Isso tem me causado certo desconforto, visto que atualmente meu desejo era de ver a obra licitada e sendo executada, porém minha busca continuará incessante no ano que estamos para iniciar, de continuar lutando por esses recursos e a obra, por acreditar que essa obra se tornaria um marco, não se tratando de algo pessoal, mas sim da gestão dos 25 vereadores que estão hoje compondo nesta câmara. Assim concluo que neste ano, conciliar todos essas questões e aspectos, tem sido meu maior desafio como presidente.
AD – Tivemos muitos debates neste ano no plenário da Câmara, os vereadores em sua maioria são da base aliada do Prefeito Manoel Pioneiro, mas a cobrança por serviços e obras para o município foram muito acirradas. Na sua avaliação o legislativo ananindeuense vem cumprindo o seu papel?
RB - Em minha opinião, o legislativo municipal vem sim cumprindo seu papel, visto que embora tenhamos 23 vereadores da base aliada e outros 2 que estão em meio termo entre oposição e base, pois mesmo com suas opiniões críticas, e ainda assim concordam com muitas coisas realizadas pelo governo. Toda base aliada do governo na câmara, é muito crítica, estamos falando de uma casa de pressão, e nesse aspecto todos tem cumprido seu papel em pressionar o governo acerca das necessidades do povo, embora os vereadores em sua maioria unânime parte da base aliada, não se despuseram em realizar cobranças e críticas ao governo, aos secretários em executar os requerimentos, e adentrando a essa questão de secretarias municipais, recentemente em uma decisão tomada por unanimidade, composta por 18 vereadores, na assinatura de um documento, onde a câmara solicita que os atuais secretários que desejam ser candidatos a vereador na eleição vigente, estejam deixando seus cargos no dia 31 de dezembro, e no máximo até o dia 31 de janeiro, para que o governo possa estar livremente cumprindo seu papel, para que não haja individualidade nas decisões daqueles que estão à frente das secretarias, que não se tornem questões pessoais visando beneficiar interesses próprios, e possamos ter decisões democráticas e coletivas. Nesse momento, a câmara cumpriu seu papel em pressionar o governo através da entrega deste documento nesse mês de dezembro, diretamente ao prefeito, contendo a sugestão ao mesmo de tomar tal decisão, em afastar todos os ocupantes de cargos de secretário que estão planejando suas candidaturas, com a finalidade de promover o equilíbrio entre os poderes, para que a máquina do executivo não seja utilizada em favor de interesses políticos de cunho egoísta, deixando de cumprir o seu verdadeiro papel. Dessa forma, acredito que os debates foram fervorosos, verdadeiros e críticos, e que nesses momentos, digo com convicção que nenhum de meus colegas vereadores, foram marionetes ou quiseram se posicionar a favor de secretario A ou B, e em alguns casos até mesmo do Prefeito. Em momentos que era cabível elogiar o governo, assim foi feito, e em momentos que se fez necessário criticar e solicitar melhorias ao governo naquilo que acreditávamos ser errado, a câmara, ao meu ver, cumpriu seu papel.
AD – Em 2019 houve um aumento expressivo na produção parlamentar na Câmara de Ananindeua. A que o senhor atribui esse expressivo aumento?
RB - Acredito que o expressivo aumento ao qual você se refere, está relacionado a um número maior de projetos de lei aprovados e sancionados, e requerimentos aprovados. Observei que a câmara se comportou de forma aguçada neste ano, de forma que os vereadores executaram trabalhos com qualidade superior, e alcançaram um nível mais forte intelectualmente, refletido em solicitações que de fato trouxeram benefícios a população, e quando um começou a cobrar e pressionar ao governo por melhorias e obras, ocasionou uma disputa entre os vereadores, de forma saudável, onde um buscava superar o outro, em criatividade de seus projetos de lei e requerimentos mais constantes a abrangentes, se tratando de obras como infraestrutura, pavimentação, unidades de saúde com melhor atendimento médico e medicamentos essenciais, praças, escolas a serem construídas ou reformadas, busca por melhorias nos índices de evasão escolar e qualidade da merenda, a segurança pública ser reforçada, entre outros. Então se tratou de uma busca incessante por melhorias nos índices de nossa cidade, e nesse contexto, acredito que por isso tivemos um aumento da produtividade da câmara, e virtude da busca de todos em se superar, sendo que a nossa população foi a maior beneficiada em meio a toda essa disputa.
AD – Fale sobre o que a câmara fez para o desenvolvimento econômico do município?
RB - Nossa participação nos resultados econômicos, foi evidenciada quando a câmara esteve trabalhando a cerca de melhorias de trabalho para os servidores da SEGEF, que agora possuem seu plano de carreia regulamentado para que possam trabalhar melhor a arrecadação do município. Atualmente estamos trabalhando acerca do plano de carreira para os guardas de trânsito, com a finalidade de proporcionar uma melhor remuneração e incentivá-lo a trabalhar visando sempre dar o seu melhor como servidor público, para que possamos reduzir os índices de corrupção entre aqueles que trabalham na área de mobilidade urbana. Entretanto, precisamos no próximo ano, incentivar que o executivo realize um recadastramento mais abrangente do IPTU, para que possamos ter impactos positivos em nossas receitas, visto que a mesma ainda é muito baixa para um município do porte que somos. Precisamos estudar formas de incentivar que a população a contribuir com seus tributos, dando a elas a convicção de que terão retorno em formato de investimentos públicos.

AD – Que nota o cidadão Rui Begot dá para o legislativo ananindeuense? 
RB - Ao responder essa pergunta, sou de certa forma suspeito por ser o Presidente da casa hoje, porém em meu julgamento farei uso do meu senso de justiça e crítico. Devemos levar em consideração que todos somos seres humanos e portanto propensos e cometer falhas e a verdade não é algo que nos pertence de fato, no entanto, digo com convicção que este ano de 2019, que estive a frente do parlamento, sem desmerecer aqueles que ocuparam o cargo anteriormente pois cada um teve seu mérito, garanto ao povo que nossa câmara trabalhou com muito vigor, com todas as nossa sessões sendo realizadas, audiências públicas, sessões especiais, em todos estes tivemos muitos debates fervorosos e tratamos de assuntos de diversos seguimentos que se adequam a realidade de nosso município, sejam eles na educação, saúde, economia, infraestrutura, segurança pública, cultura. Neste ano a câmara aumentou sua preocupação frente aos índices de HIV crescente, os jovens de uma forma geral frente aos perigos da sociedade, as questões envolvendo a segurança das mulheres, em protege-las. Inclusive outra preocupação se refletiu na mudança em uma das comissões, que agora também engloba a preocupação com a questão do gênero, assunto que tem recebido cada vez mais atenção em escala mundial, a câmara se preocupou com diversos assuntos importantes para os nossos munícipes. É importante ressaltar que os Vereadores se esforçaram em se desdobrar, e estar presentes nas sessões, que era algo muito criticado e cobrado, para que nunca deixássemos de ter sessões por falta de decoro, e com isso finalizamos o ano sem deixar de ter nenhuma sessão, todas agendadas aconteceram. Com isso darei minha nota sendo 9 para a câmara, por conta de meu senso crítico não darei 10, por que ainda ficaram pendentes alguns assuntos, sendo um deles a questão do transporte público, que ainda requer debates mais aprofundados e uma maturidade maior, visto que a nossa regulamentação está passando por uma nova avaliação, para que se adeque as mudanças que estão ocorrendo em Ananindeua; era nosso desejo que tivéssemos um novo regulamento de transporte até este mês de dezembro, porém não foi possível, visto que agora teremos o novo BRT Metropolitano que deve mudar a forma como o transporte público tem funcionado, e ainda temos que trabalhar a regulamentação dos aplicativos de transporte que estão crescendo, por esse motivo precisamos trabalhá-lo de forma mais cautelosa, capaz de se adequar e todas as necessidades. Ainda temos a questão do orçamento municipal, que não pode vir desacompanhados de emendas, pois se tornaria insuficiente, por isso há a uma preocupação maior e precisão de mais discursões entre as comissões. Frente ao próximo ano, devemos manter esse nosso compromisso com os recursos públicos, que possamos contribuir para que o gestor que vira, não se depare com dificuldades diante do orçamento anual. Independente de nossa reeleição ou não, como vereadores devemos manter nosso senso crítico mediante as responsabilidades orçamentarias para os anos vigentes, e que possamos continuar colocando Ananindeua no caminho do progresso e desenvolvimento. Todos temos ainda 1 ano de mandato pela frente, e devemos honrar com nosso papel até o último dia do próximo ano, e quem sabe possamos chegar a uma nota 10 se conseguirmos alcançar os objetivos pendentes, mas desde agora, nos orgulharmos de tudo que fizemos neste ano, e se empenhar rumo a superar esses resultados em 2020.
AD – Quais os desafios que o presidente vê para o legislativo municipal em 2020, um ano onde teremos eleição para o executivo e legislativo?
RB - Essa pergunta vem de encontro a primeira, que também tratava de desafios, e agora temos os desafios do ano que vamos adentrar. Acredito que será um maior desafio, mas por qual motivo? Veja bem, visto que nossa casa é um local de pressão ao governo, onde tratamos com 25 cabeças inclusa a minha, onde cada um possui uma forma de pensar, com ideias diferenciadas, se reflete na pressão que esta casa precisa exercer para provocar o desenvolvimento de nossa cidade, o equilíbrio dos poderes, das contas públicas e da administração do executivo, esse nosso papel que já se cumpre, e deverá ser realizado com mais fervor no ano de 2020. Temos um grande desafio pela frente com questão ao nosso resíduo solido, nosso prazo se encerra e 2021, quando ocorrera o encerramento das atividades do aterro sanitário de Marituba, da empresa que lá está operando, e com isso seremos diretamente afetados. Nos deparamos com o desafio de, não apenas por se tratar de nosso último ano em nossos cargos, realizar a cobrança ao executivo para que sejam tomadas as providencias necessárias para que o caminho já esteja traçado e deixado ao próximo gestor que assumir o cargo de prefeito, evitando um possível colapso dos resíduos sólidos da região metropolitana como ocorreu neste ano, que possamos assumir essa responsabilidade de cobrar por soluções, é o grande desafio para aqueles que compõem a casa, cumprirem seu papel de fiscalizadores do executivo. Atualmente existe um acordo judicial em que assinei como presidente e testemunha junto ao prefeito, e os demais vereadores, nos atribuindo uma responsabilidade muito mais abrangente, para que juntos possamos traçar os caminhos e as soluções, para que isso não se torne um grande empecilho na próxima gestão. Além disso ainda teremos o desafio enfrentado por todos os vereadores, fora as questões da câmara, existira a pressão pessoal em suas buscas pela reeleição, então teremos que agir e pensar com mais paciência e dialogo, pedindo que Deus possa nos conceder mais sabedoria, e que possamos resolver os problemas com mais calma tendo discernimento, e assim possamos contornar os problemas e encontrar as soluções, e promover a harmonia que tivemos em todo este ano, novamente em 2020. Que possamos concluir mais um ano com muito trabalho sendo realizado, união e harmonia na luta pelas melhorias que nosso povo precisa. 
AD – Qual mensagem o Presidente deixa para  os nossos leitores?
RB - Neste ano, uma citação me marcou fortemente, que tirei como exemplo e ensinamento para minha vida pessoal e pública, e que eu gostaria de compartilhar com todos. Durante este ano, eu despertei para algo, nós sempre achamos que os anjos estão somente no céu, que é necessário que nossa vida chegue ao fim para que possamos ver aqueles que nos guardam do mal, e pessoalmente descobri que Deus coloca muitos anjos em nossas vidas e que muitas vezes não temos o olhar sensível de perceber o que temos ao nosso redor, são poucos que notam. E neste ano, pude ter a possibilidade de adquirir essa sensibilidade em perceber que muitos anjos estiveram cruzando minha vida, que trouxeram consigo muitas respostas que eu precisava, soluções que eu não encontrava, e dessa forma aprendi que não é necessário morrer para que possamos estar ao lado de nossos anjos, eles estão sempre presentes em nosso dia a dia, e quando temos merecimento, eles sempre irão surgir nos momentos que precisarmos. Sem dúvida, este foi o maior ensinamento que pude ter esse ano, e dessa forma me sinto preparado para que a partir do próximo ano, me esforçar ainda mais por todos aqueles que são parte de minha vida.

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