domingo, 4 de outubro de 2020

Entrevista com Dornélio Silva (DOXA): "é grande a probabilidade do Dr. Daniel.., se eleger prefeito de Ananindeua no primeiro turno"


Dornélio Silva* (foto), mestre em Ciência Política e especialista em Marketing, acredita que é grande a probabilidade do Dr. Daniel, atual presidente da ALEPA,  se eleger prefeito de Ananindeua (PA) no primeiro turno. Ele se baseia em recentes pesquisas realizadas pelo Instituto Doxa, (veja aqui a pesquisa) do qual é diretor-presidente. Dornélio diz, em entrevista concedida  ao Jornal Digital Blog Ananindeuadebates, que o franco favoritismo se repete em cinco pesquisas promovidas pelo Doxa. Ele faz ainda pertinentes observações sobre a busca do voto pra vereador e a influência do manejo dos meios de comunicação, em especial as redes sociais, levando em conta inclusive a curta campanha eleitoral decorrente da pandemia do Coronavírus. Segue:

 

Ananindeuadebates - Recentes pesquisas da Doxa apontam o Dr. Daniel com um elevado percentual de intenção de votos. Você avalia que a eleição no município pode ser decidida no primeiro turno?

 

 Dornélio Silva - A Doxa vem acompanhando o processo eleitoral no município desde o ano passado. Mais de cinco pesquisas já foram feitas. Em todas elas, o Dr. Daniel aparece com índice bastante alto. Agora, no início da campanha oficial, ele mantém o favoritismo. Não apareceu nenhum competidor à altura para disputar com ele. Se não acontecer nenhum acidente de percurso,  a probabilidade dele ganhar já no primeiro turno é grande.

AD - O programa eleitoral na TV pode influenciar  na escolha do candidato? 

DS - Sim, e muito, tendo em vista o curto espaço de tempo de campanha. Um melhor nível de conhecimento dos pré-candidatos, que poderia acontecer na pré-campanha, não houve em função da pandemia. A pré-campanha foi, digamos, "capenga". Assim, eleva-se a importância dos programas de TV para tornar o candidato mais conhecido e, ao mesmo tempo, buscar o voto do eleitor. É um trabalho concomitante: tornar o candidato conhecido e, ao mesmo tempo, transformar as ideias/propostas apresentadas em votos. Além dos programas de TV, rádio, internet, os candidatos terão que ter informações do eleitor em tempo real, isto é, monitorar o voto desse eleitor para saber suas preferências e tendências. 

AD - Campanha nas redes sociais influencia no voto?

DS - Precisamos entender que só as redes sociais não serão suficientes para a conquista do voto. Terá que ter um mix de elementos aliados, como a internet, a TV, rádio e o campo corpo-a-corpo. Essa conexão dos instrumentos de comunicação com o trabalho de campo é fundamental pra determinar a conquista do voto. As redes sociais vão ficar muito poluídas pelo grande número de candidatos disputando esse espaço.  Terão sucesso aqueles que já têm, antecipadamente, um nicho de segmento em que fica mantendo relação de informações com esse segmento, fidelizando. Isso vale, principalmente, para os candidatos a vereador.

 

AD - O desgaste do governo Helder pode atingir a candidatura do MDB no município? 
 

DS - Muito pouco. O candidato Dr. Daniel tem muita "gordura" pra queimar. Temos pouco tempo para a eleição, apenas uns 45 dias. Dr. Daniel tem um grande apelo popular que independe do apoio de Helder e Pioneiro, além do leque de alianças que ele forçou para essa disputa.


AD - A pesquisa da Doxa, divulgada na última quarta-feira, aponta que 72% dos eleitores não definiram seu voto para vereador (leia mais). Na sua avaliação, qual o momento da campanha que o eleitor define seu voto, e o que pode influenciar esse voto?

 

DS - Se é alto o índice de pessoas indecisas para prefeito, nesse momento do processo eleitoral, imagine para vereador. Aparecem com algum percentual pessoas notórias ou os atuais vereadores. Há uma pulverização muito grande de nomes que se lançam e o eleitor não está ligado, nesse estágio da campanha, em vereador. O voto em vereador é um voto "sub-utilizado", isto é, o eleitor nem sabe qual o papel do vereador. Tanto que em pesquisas perguntamos, e as respostas são, na maioria das vezes, referentes ao executivo; como por exemplo, "asfaltar ruas", "construir postos de saúde", "fazer mais pelo povo", "limpar as ruas", etc. Aí se pergunta: "o que leva você a votar em um vereador?". A grande maioria diz que é pelas "propostas", mas isso é uma saída "inteligente" do eleitor. Não, o voto do vereador é um voto pela "amizade", voto pela "indicação" de amigos, parentes; é um voto do "favor", da "gratidão", do "toma-lá-dá-cá"; é um voto de "rede". Mas, para se construir esse voto em rede, o candidato tem que estar alimentando desde a pré-campanha. Se não fez, agora não tem tempo para isso. É importante que o candidato a vereador defenda alguma coisa como proposta, pra que ele possa ter discurso. Mas, tem que ser no máximo três plataformas, acima disso é tempo perdido.

 

*Dornélio Silva  é mestre em Ciência Política (UFPA). Em sua dissertação, o tema foi “Reeleição no espaço municipal do Pará: controle democrático ou oligárquico do voto nas eleições de 1996-2000-2004-2008-2012”. Descobriu em sua pesquisa que o voto em municípios médios e pequenos é aberto, isto é, não existe mais o controle oligárquico de famílias ou grupos políticos dominando, e que a competição se tornou muito acirrada nesses municípios. Dornélio Silva é especialista em Marketing (UNAMA), bacharel em Letras (UFPA) e diretor-presidente do Instituto Doxa.

 

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