domingo, 24 de outubro de 2021

Ananindeua é a única cidade do Brasil que amigos comemoram há 19 anos o aniversário do poeta Vinícius de Moraes


Um dos   criadores da Bossa Nova, Vinícius de Moraes, estaria completando 108 anos (1913 -1986). Fora a família, o único lugar no Brasil que se comemora o aniversário do poeta, é no município de Ananindeua (PA), a maior cidade da Região Norte (fora as capitais).  Este ano o evento "Encontro dos Amigos do Poeta Camarada", contou com o apoio do secretário de Cultura do Município de Ananindeua Cezar Freitas (gestão Dr. Daniel/Erick Monteiro)  Vinicius de Moraes  foi um poeta e um dos maiores compositores da música popular brasileira, além de ter sido um dos fundadores da Bossa Nova, um movimento musical surgido nos anos 50. Foi também dramaturgo e diplomata.

Entre os seus maiores sucessos está "Garota de Ipanema" que teve a letra escrita por Vinicius e a canção composta por Tom Jobim, em 1962

Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913. Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia.

Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja onde desenvolveu suas habilidades com a música. Em 1928 começou a fazer as primeiras composições musicais.    Por Marcelo Bortoloti*

A expulsão de Vinicius de Moraes do Itamaraty é um episódio que sempre se prestou a especulações e lendas. Pelo menos duas versões podem ser contadas sobre o caso. Na mais folclórica e difundida, o poeta teria sido exonerado através de um memorando em que o presidente Arthur da Costa e Silva o chamava de vagabundo. No livro Chega de saudade, Ruy Castro conta que em fins de 1968 Vinicius recebeu o comunicado mergulhado em sua banheira e caiu em prantos, pois adorava o Itamaraty.

Uma segunda versão, baseada em documentos da ditadura, assegura que ele foi vítima da Comissão de Investigação Sumária, que em 1969 expurgou diplomatas de carreira sob acusação de serem boêmios ou homossexuais. Foi publicada em reportagem do jornal O Globo e também no livro Vinicius de Moraes, produzido pelo Instituto Cultural Cravo Albin. Nesta versão, o algoz do poeta seria o embaixador Antonio Cândido da Câmara Canto, que presidiu a tal comissão inquisidora, e o motivo alegado foi alcoolismo.

Para quem se interessa pelo tema, nos últimos anos essas duas versões ganharam credibilidade diferente. A primeira ficou sendo a mais anedótica, e a segunda a mais séria e correta. Recentemente, tive oportunidade de vasculhar os maços pessoais de Vinicius no Itamaraty, os documentos do SNI no Arquivo Nacional, o fundo das polícias políticas no Arquivo do Estado do Rio e os acervos privados de diplomatas no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas.

Sobre o episódio específico não restou uma documentação conclusiva. Mas as pistas deixadas levam a acreditar mais na culpa do marechal Costa e Silva do que na do embaixador Câmara Canto. Ao que tudo indica, a exoneração foi ordenada em instâncias superiores e não pela comissão do Itamaraty, e o que mais incomodou os militares foi a suposta falta de assiduidade ao trabalho, e não a postura política ou o comportamento boêmio do poeta. * Marcelo Bortoloti, jornalista, é mestre em Artes e doutorando em Literatura pela UFRJ. Este texto foi originalmente publicado no blog do Instituto Moreira Salles.

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