sábado, 1 de fevereiro de 2025

Revista IstoÉ chega ao fim nas bancas

 


Via Blog do Miro por Altamiro Borges

Em um comunicado enviado às bancas de jornais na semana passada, a Editora Três anunciou que vai encerrar a impressão das revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro. Ambas só chegarão aos leitores na versão digital. Em uma nota lacônica, a empresa lamentou o triste fim. “Entendemos que essa situação pode trazer instabilidade para aqueles que possuem clientes fixos e boas vendas. Infelizmente, produtos como jornais e revistas se tornam cada vez mais escassos no mundo atual”.

Segundo o site Meio & Mensagem, que antecipou a morte dos dois veículos, “os problemas financeiros da Editora Três, fundada por Domingo Alzugaray (falecido em 2018), não são novos. Para se ter uma ideia, a empresa passou por três processos de recuperação judicial nos últimos anos. Em um deles, colocou em leilão o galpão que abrigava a gráfica, em Cajamar (SP). Na época, a dívida acumulada chegava a R$ 264 milhões. Em 2022, em outro leilão, o portal da editora foi adquirido por R$ 15 milhões pelo empresário Antonio Freixo Júnior, um dos sócios da Entre Investimentos”.

Jornalismo de guerra contra Lula e Dilma

A revista IstoÉ, que ficou famosa por seu jornalismo de guerra contra os governos Lula e Dilma e que ajudou a chocar o ovo da serpente fascista no Brasil, chega ao fim sem deixar saudade. Ela também foi batizada de revista QuantoÉ, por seus negócios nebulosos e seu mercenarismo. Mesmo ao findar sua impressão, a Editora Três segue aprontando. Segundo o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a empresa responsável pelas duas revistas deixou os seus profissionais com salários atrasados há três meses.

A migração para a área digital “sequer foi comunicada aos jornalistas, que permanecem em uma greve que já dura mais de 20 dias, na luta para que os salários sejam pagos. Em reunião com o sindicato na sexta-feira, 24, a empresa oficializou o anúncio encaminhado aos jornaleiros, em que comunicava o fim das impressões das revistas. No encontro com o SJSP, ela admitiu o momento crítico, resultante de um número ínfimo de anúncios, mesmo no mês de dezembro, tradicionalmente o melhor período para publicidade”.

A situação de miserabilidade dos jornalistas

“Pelos corredores do icônico prédio da Lapa de Baixo, zona oeste de São Paulo, que já empregou centenas de funcionários que editavam diversos títulos importantes como as revistas ‘Senhor’, ‘Planeta’ e deu início à ‘IstoÉ’ e à ‘Dinheiro’, hoje está habitada a praticamente meia dúzia de fura-greves. Com cerca de 50 funcionários e pouco mais de duas dúzias de jornalistas (sendo que quase a totalidade desse contingente é de PJs sem nenhum tipo de contrato formal), sequer há um funcionário no RH da empresa – o ex-diretor de pessoal pediu demissão há uma semana”.

“A situação da editora é, sim, dramática”, afirma Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Os profissionais estão sem receber salários há três meses; também foram sacaneados em outros obrigações trabalhistas, como décimo terceiro salário e FGTS. “A miserabilidade dos funcionários é gritante. Há jornalistas que não têm mais condições de pagar seus aluguéis e os demais boletos, com dificuldades até mesmo nas compras básicas”, complementa Thiago Tanji.

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