quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A GUERRA DA ÁGUA COMEÇOU EM BELÉM.



O que deveria ser um debate esclarecedor sobre a privatização do saneamento básico se transformou, ontem, em pancadaria e agressões verbais no plenário da Câmara Municipal de Belém (CMB). A sessão especial convocada por quatro vereadores tinha a intenção de discutir a privatização do serviço de abastecimento de água na capital paraense, cujo projeto está tramitando na Casa de Leis do Município. Porém os ânimos se exaltaram e entraram em cena socos, cadeiradas e palavrões. A audiência foi suspensa e será remarcada para outra data, ainda não definida. Após os ânimos se acalmarem, os estragos já haviam sido feitos: mesas e cadeiras foram quebradas e um terminal de registro de presença dos vereadores foi danificado. Como os equipamentos são interligados, a primeira fileira foi separada e deve ser encaminhada para a manutenção. Numa sala com mais de 300 pessoas, apenas três guardas municipais faziam a proteção no local. A confusão começou quando o presidente da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Eduardo Ribeiro, começou a falar. Antes dele, o vereador Otávio Pinheiro (PT) e o engenheiro sanitarista Luiz Otávio da Mota Pereira expuseram suas posições e informações técnicas sobre o sistema de abastecimento da cidade. Ribeiro, o terceiro a falar, mencionava as próximas inaugurações da Cosanpa, a duplicação da produção de água no Lago Bolonha e de sistemas isolados, quando o líder comunitário de Icoaraci Hildemar Araújo começou a protestar dentro do plenário. Entre outras coisas, Araújo gritou que 'antes a água era suco. Agora é lama. A gente já não aceita mais essa conversa'. Mais tarde, para a reportagem, Hildemar admitiu ser a favor da privatização. O protesto de Hildemar deu início à balbúrdia. O presidente da Cosanpa, ao microfone, comentava que estava aberto ao diálogo. No entanto o líder comunitário de Icoaraci continuava a gritar até que Ribeiro disse: 'O senhor não está ofendendo a mim, presidente da Cosanpa. Está desrespeitando todos os funcionários da empresa que vieram aqui assistir à sessão'. Os funcionários da companhia e urbanitários aumentaram o ruído. Um deles foi peitar Hildemar e, além dos xingamentos, começaram os empurrões, tapas, murros e tumultos. A briga ficou dividida entre os que são contrários à privatização dos serviços de abastecimento e esgoto sanitário e os que são favoráveis, tanto declaradamente quanto indiretamente. A ex-vereadora Marinor Brito (PSOL), contrária a entregar o sistema de saneamento a uma empresa privada, afirmou que o grupo dos favoráveis estava na Câmara a mando da prefeitura de Belém e da base aliada do prefeito Duciomar Costa (PTB). 'São meia dúzia de cargos comissionados da prefeitura que vieram aqui só para tumultuar. São eleitores do Orlando Reis (do PV, líder do prefeito na CMB)', acusou. Hildemar Araújo argumentou não ter ligação com a prefeitura, mas sim ser líder comunitário. 'Eles vieram aqui provocar. Só revidei', justificou. Emerson Santos, liderança comunitária de Val-de-cães, afirmou que o grupo de comunitários é favorável à privatização para que 'Belém tenha água de boa qualidade e melhore o serviço'. Mais tarde, eles dois e mais umas 15 pessoas foram convencidas a se retirar do plenário pelo vereador Orlando Reis.
Fonte: Amazônia Jornal

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente foi lamentável as cenas de tumulto e pancadaria na CMB, protagonizada pelos assesores do prefeito, durante o debate sobre a privatização da água.
Entretanto, o patético de tudo foi a nota enviada para a imprensa, em que a prefeitura nega qualquer relação com o grupo de baderneiros, dando a entender que foi uma manifestação espontanea de um movimento popular em defesa da privatização. Sinceramente, alguem já viu algum movimento popular defender interesses privatistas de grupos econômicos......Com certeza,não. É que esse suposto movimento popular tem nome, e cham-se brigada amarela, uma turma de acéfalos arregimentados entre o lumpemproletariado da periferia da cidade por cinquenta reais e aguns assessores do prefeito. Aliás, como dizia o velho Marx, o lupem não inspira confiança, porque muda de lado tão logo receba alguma vantagem pessoal. Logo, ele não tem condições nem mesmo de defender conscientemente uma bandeira como a da privaização.
Portanto, como essa camada é insensível aos apelos da consciência, apelamos para os setores organizados da sociedade civil e o estrato consciente da sociedade, para engrossamos a luta contra a privatização água.

Toquinho.