terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Opinião do Internauta: Jatene e sua maioria na Assembleia Legislativa do Pará


Artigo de Vicente Cidade *



Na AL são 41 deputados, destes, em tese, a bancada de oposição seria composta por 08 deputados do PT, 01 do PSOL e 02 do PSB, que somados aos 8 deputados do PMDB, dariam dor de cabeça ao governador eleito, já que faria uma maioria muito pequena e certamente ficaria a mercê dos interesses individuais de alguns parlamentares/partidos ou mesmo do próprio PMDB, chantagista que é.

A nova bancada da AL para 2011 será composta, além dos já mencionados acima, por 06 deputados do PSDB, 04 do PR, 03 do PTB, 02 do PDT e mais 01 do DEM, 01 do PV, 01 do PMN, 01 do PPS e 01 do PRB.


Ou seja, o novo governo que entra, tenta (e vai conseguir) atrair para a sua base de apoio todos os partidos que estiveram na coligação da governadora, exceto é claro o PT. Com isso, a bancada de oposição seria composta apenas por 09 deputados, não devendo causar problemas de aprovação dos projetos do futuro governo, no máximo, proclastinar e fazer barulho.

Entretanto, o mais importanmte agora é que esse movimento garante a vitória do PSBD na eleição para a presidência da AL, mesmo tendo uma bancada menor que o PMDB, já estabelecendo não só uma derrota para o PMDB, que queria indicar o presidente da AL, como também já jogam um balde de água fria na tentativa do PMDB de novamente se posicionarem como os "fiéis da balança" na relação entre o governo e o legislativo. (Cadê o chororô???)

Duas coisas porém são certas:

1) O Zenaldo está fazendo o dever de casa, que é compor a maioria com os partidos assumindo essa posição, esse é o certo, não criar um grupo supra partidário e oportunista como o fatídico Z-8, turbinado pelo Charles, aquilo não existe. Por outro lado, o próprio Zé Dirceu, no primeiro governo Lula, já avisava isso quando tentou trazer o PMDB pro governo naquela ocasião;

2) O PSDB elegeu o governador Jatene numa conjuntura que inclui a desastrosa campanha de reeleição da governadora, isso é evidente na medida em que teve uma redução elevada tanto de sua bancada futura da AL como de seus prefeitos anteriormente. Contudo agora começa outro jogo e chamo a atenção dos senhores para um (muito) provável movimento de rearticulação dos tucanos, visando o seu fortalecimento.

Portanto, o governo Jatene vai ter que conviver com a dependência de outros partidos, ao mesmo tempo que empreenderá uma campanha de fortalecimento, o que, obviamente, implicará num cenário de disputas internas na sua base aliada, já que esses partidos disputam a mesma base social.

Ou seja, estaremos diante de um quadro exatamente igual ao que ocorreu no governo Ana Júlia, onde os partidos diziam que havia um privilégio ao PT frente aos demais partidos da base aliada. Agora vamos ver como é que esses partidos se comportarão e como isso irá refletir na mídia e na sociedade.


* Economista, pós graduado em agronegócios pela UEPA e em Economia Regional pela UFPA

Um comentário:

Na Ilharga disse...

Há algumas coisa a considerar, meu caro Vicente.
Primeiro, saber como Simão se relacionará com o governo federal. Se adotar uma postura sectária, de evitar parcerias e desprezo pelo PAC para fugir da ideia de continuismo, terá muitos problemas dada a limitada capacidade de investimentos do Estado, só o discurso de herança maldita não justificará uma eventual inércia e a população cobrará em algum momento.
Segundo, há o fator Jader Barbalho. Será que ele continuará dando as cartas no PMDB, ou, caso fique sem mandato, sua liderança será posta em xeque, resvalando essa disputa no diálogo com o governo na medida em que ninguém se sentirá representado por ninguém.
Terceiro, PSDB e PMDB aproximaram-se bastante nas últimas eleições e isto dificulta o diálogo do partido de Jader nacionalmente, será que outras legendas, como o PR de Alfredo Nascimento, não aproveitarão esse vácuo para disputar espaços anteriormente ocupados por pemedebistas? E o PR é só um exemplo, mas por aí podem seguir PDT, PTB e o PSB.
Não quer dizer que esses partidos vão fazer oposição a Simão, principalmente na AL, porém indica que serão menos depentes do que foram em 2003/2006, quando muito do que foi realizado pelo governo estadual deu-se com verba federal, mas sob inteira responsabilidade política e administrativa local o que cacifava o controle da situação por Simão.
Como se prenuncia a formação de um governo confederado, uns de olho em 2012, outros de olho em uma possível criação de mais dois estados com áreas desmembradas do Pará e todos pensando seus futuros individualmente é provável que tenhamos um governo de arranjos e conveniências com reflexos negativos na população.