Cleber Ribeiro – Porque realmente o salário hoje não está dando para sobreviver, os patrões estão lucrando bastante, e se negam a dar um aumento melhor. Os lucros deles aumentaram no ano passado mais de 42 por cento, e a proposta de aumento dos patrões é apenas 10 por cento. Não corresponde ao anseio da categoria, e os trabalhadores seguem em greve, na luta por mais segurança nos canteiros das obras, pela cesta básica e pelo plano de saúde. Então, por isso a categoria decidiu paralisar, e a nossa greve continua até que os empresários apresentem uma proposta alternativa que seja viável, com um salário melhor e avanços nas outras cláusulas.
AD – Cleber, e a mobilização da categoria, como vocês estão trabalhando
com essas mobilizações?
CR – A mobilização está pacífica, tranqüila, os trabalhadores estão conscientes da paralisação, essa é a única forma de tentar avançar no salário, diante do lucro imenso que os empresários estão tendo. O setor imobiliário está aquecido, há perspectiva de que nos três anos futuros siga crescendo cada vez mais, então os trabalhadores estão conscientes, estão aderindo, 100 por cento das obras estão paradas em Belém, no centro e na Augusto Montenegro. Nós não temos tido dificuldade, a passeata está pacífica e a categoria aderiu em massa, porque acha que esse é o momento de melhorar o salário.
AD – Uma juíza da Justiça do Trabalho determinou que vocês não podem chegar a 20 metros das obras, e também se entrarem nas obras, o sindicato terá que pagar uma multa de 50 mil reais. Como a diretoria do sindicato vê isso politicamente e no aspecto jurídico?
CR – Juridicamente, iremos entrar com um recurso contra essa liminar, e no campo político nós achamos que isso é retirar um direito constitucional dos trabalhadores, o de fazer greve. A nosso ver, a Justiça passa por cima da Constituição federal, tirando esse direito dos trabalhadores. Como é que pode, no nosso país onde temos tanta corrupção, tantos deputados corruptos, os escândalos da Assembleia Legislativa, e a Justiça não pune, não funciona nada? Então, a Justiça só funciona contra os trabalhadores, quando vamos reivindicar nossos direito? Isso que queremos discutir com a sociedade: de quem a Justiça está a serviço? Ela deveria estar a serviço dos interesses da sociedade, e não do lado de uma classe, que é a classe dos empresários, dos patrões. Os trabalhadores estão revoltados com essa decisão, a nossa greve tem sido pacífica e tranquila, e essa atitude dessa juíza causa um sentimento de revolta na categoria. Vamos manter nossa greve, que é um direito nosso, vamos recorrer da decisão, e vamos dizer que a Justiça do Trabalho é para defender o trabalhador, e não os empresários.
AD – Cleber, quais são as reivindicações dos trabalhadores?
CR – Nós estamos reivindicando que o salário do profissional (pedreiro, carpinteiro e ferreiro) vá para 950 reais, o do servente vá para 670, reivindicamos a cesta básica e o plano de saúde. Ainda dentro das reivindicações, nós exigimos 10 por cento das vagas para mulheres e a classificação, garantia de creches para os filhos das trabalhadoras operárias que estão no canteiro de obras. Sobre isso a patronal não fala uma vírgula sequer, nega os direitos das mulheres. Essas são as nossas reivindicações gerais, e estamos abertos às negociações, querendo que a patronal sente para apresentar uma proposta alternativa, pois a que está na mesa não resolve os anseios da categoria.
AD – Obrigado.
Fotos: Expedito Souza
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