quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Artigo de Cleber Rabelo: O vandalismo patronal do Consórcio Construtor Belo Monte

                              Foto: Expedito Souza (Xaropinho)

No dia 13 de novembro de 2012, o jornal “O Liberal”publicou uma nota a respeito da greve dos trabalhadores da construção da Hidrelétrica de Belo Monte em Altamira (PA) com o seguinte título “Vandalismo paralisa os trabalhos em Belo Monte”. O conteúdo da matéria responsabiliza os trabalhadores pela greve e pela revolta que destruiu máquinas e instalações dos principais canteiros de obra da Usina.
É lamentável o papel que este jornal cumpre de“menino-de-recado” das grandes empreiteiras. O que se espera de um jornalismo minimamente sério, mesmo esse tipo jornalismo que prega uma tão propalada “isenção”,é que se investigue a fundo a realidade, que traga à tona os fatos e ouça as opiniões dos envolvidos nas situações abordadas.
A realidade que precisa ser dita é que o que existe em Belo Monte hoje é um verdadeiro vandalismo patronal por parte do CCBM contra os direitos trabalhistas, sindicais e humanos. A empresa nega reduzir de 6 para 3 meses o período da baixada (folga para visita aos familiares) e nega garantir um reajuste salarial digno para uma categoria que padece com uma inflação local de cerca de 30%. A empresa ofereceu apenas 11% para quem ganha até R$ 1500,00; 6% para quem ganha de R$ 1500,00 a R$ 3000,00 e 4% para quem ganha acima de R$ 3.000,00, além do mísero aumento do tíquete-alimentação de R$ 110,00 para R$ 150,00 numa cidade em que o P.F (Prato Feito) está custando R$17,00 e o preço do aluguel e do pão francês estão entre os mais altos do país. A pauta de reivindicações também se estende a outros aspectos envolvendo condições de trabalho, como as péssimas instalações dos alojamentos, a baixa qualidade da alimentação, a dificuldade de comunicação dos operários com o mundo (malmente uma operadora de telefonia funciona no canteiro) e a humilhação dos modernos capatazes sobre os operários que arriscam sua vida para conseguir o ganha-pão de suas famílias.
A resposta dada pelo CCBM aos 17 mil trabalhadores que entraram em greve foi, além de muita repressão, colocar centenas destes em ônibus sujos e velhos e mandá-los de volta para suas cidades, como se a causa das sucessivas revoltas trabalhistas fosse dos indivíduos e não das condições e relações de trabalho estabelecidas pelo Consórcio.
O que também não é dito pela mídia que se cala para os grandes empresários é que 5 trabalhadores foram presos pela Polícia Militar a mando dos empreiteiros e há denúncias, ainda não confirmadas oficialmente, de que tem havido várias mortes em função das péssimas condições de segurança no trabalho desde o início das obras.
Os trabalhadores de Belo Monte não são vândalos. São seres humanos corajosos, que mesmo com a traição e a falta de democracia de sua entidade sindical, são capazes de se organizar para lutar e paralisar um Monstro que está acabando com suas vidas, mesmo contra a vontade de sua representação sindical.
Belo Monte é a maior obra do PAC. São cerca de R$ 25 bilhões de dinheiro público para construir uma Usina que destinará 80% da energia produzida para as grandes indústrias eletrointensivas do centro-sul do país, agravando a barbárie contra os indígenas, a fauna, a flora e a população que se aglomera no entorno de Altamira em busca de emprego e qualidade de vida, mas que acabam encontrando violência, inflação e falta de serviços públicos.
É preciso manter esses investimentos, mas quem deve decidir as prioridades dos investimentos é a população local. É possível resolver os problemas fundamentais da região do Xingu com todo esse dinheiro, como fazer a reforma agrária, resolver o problema do déficit habitacional, o déficit de saneamento e construir redes de saúde, educação e segurança públicas de qualidade e ampliar o número de empregos na região.
Infelizmente a opção dos governos, controlados pelo grande capital e com o apoio da grande mídia, tem sido a opção da disseminação da barbárie social e do vandalismo patronal contra os trabalhadores. À nossa classe social, a classe trabalhadora, cujos homens e mulheres são os verdadeiros produtores desse país e do mundo, cabe organizar a resistência e lutar pela construção de um outro tipo de sociedade em que os seres humanos e suas necessidades estejam em primeiro lugar e não a ganância de um punhado de empresários parasitas.
Operários de Belo Monte, toda solidariedade com a pauta e a luta de vocês. Os verdadeiros vândalos são os vossos patrões.
 
 Cleber Rabelo, vereador eleito de Belém pelo PSTU

5 comentários:

Anônimo disse...

A mídia é comprada pelo grande capital.A culpa é dos construtores e não dos trabalhadores. Toda solidariedade aos trabalhadores de Belo Monte.

Marlon George

Anônimo disse...

ao anonimo do dia 15/11, reconheço que algumas midias principalmente a paraense são patronal, mais tratando-se do recem eleito vereador cleber, comentar sobre o vandalismo patronal de belo monte é muita babaquice. Sou sindicalizado de um sindicato forte, nunca furei uma greve, mais nunca embarquei nesse tipo de viagem e nunca fui usado como massa de manobra de sindicalistas Burros inconpetentes e terroristas que na verdade nunca tiveram compromisso com os trabalhadores e muitos menos com os brasileiros. PSTU é uma corrente de vandalos. infelismente os sindicatos que eles envolvem são de analfabeto politicos e analfabetos mesmo, não conhecem leis e nem os seus direitos e eles nem fazem questão de ensinar só usam os trabalhadores e depois deixam na rua da amargura. o sr cleber é patrono disso, os trabalhadores da contrução civil foram usados de maneira cruel, com todo o bum da contrução civil era para os trabalhadores estarem melhor, não estão e ficaram a deriva so ele subiu e esta atacando agora em outra area eu espero que os trabalhadores abram os olhos mais rapidos, pois a previsão so apenas para 10 anos isso se continuar a hidreletrica

Marlon George disse...

Façamos um debate sobre o sindicalismo brasileiro; bem como a relação partidário de hoje, caso você se identifique. Não debate com anônimo...

Anônimo disse...

Ao Sr. Marlon George eu, Olenilton funcionario da Celpa ha 28 anos, ajudei a derrubar Sindicato patronal pos ditadura, sempre concursado e sindicalizado no começo do nosso sindicato tivemos o desprazer de ter na chapa pela eletronorte Evandro e pela consampa veloso essas duas peças Representam a marca PSTU hoje graça a Deus que dois mandato depois eles perdceram e hoje temos um sindicato moderno e responsavel, na época algumas açoes eram necessarias, pois estavamos em periodos t5urbulentos e havia razão para alguns enfretamento. Hoje o sindicalismo mudou, o Brasil mudou o mundo esta mudando, temos uma presidencia ligado aos trabalhadores, temos justiças que ainda a passaos de tartaruga mais funciona, os trabalhadores tem que lutar por qualidade de vida, qualidade de trabalho e respeito, não é quebrando patrimonio dos outros que vamos ser respeitados e qualidade e conhecimento que vamos resolver nossos problemas

Anônimo disse...

Olha só aquele velho papo do voto crítico! Primeiro fecham com Edmilson com a proposta de "voto crítico" e depois saem alegando que não concordam com o "vale tudo eleitoral" do segundo turno. Parecem umas criancinhas oportunistas. Não teriam nenhuma condição de se eleger um vereador com sua frente cética, retrógrada e impopular, porque são frentes que não passam de 1% do eleitorado pelo Brasil a fora. São uns escorões. Entraram na frente depois deixaram os companheiros na trincheira na mira do inimigo. Mas não fez muito efeito, pois o fato do Edmilson ter perdido não porque o PSTU saiu. Até porq o PSTU não tem peso político. O Edmilson também não perdeu porque a Dilma e o Lula entraram na campanha, até porque no Pará o vermelho da base aliada só cresceu e o PT multiplicou o número de prefeituras. O PSOL perdeu porque o amarelão cresceu quando se dividiu e ganhou quando se uniu. foram 10 candidatos para levar ao segundo turno. O nome de Edmilson continua sendo o nome mais forte desse Estado. O PSTU foi traíra. Mas quero desejar um bom mandato ao Cleber, só lamento que só terá 4 anos. Acho difícil reelege-lo numa frente sem a Marinor, Fernando e outros que compuseram a proporcional: cito vários setores da política ecumênica que ficará muito difícil reuni-los novamente. Na verdade eles deram uma forcinha pro ZENALDO. É que o PSTU quando não é do jeito deles, como eles querem, é melhor embaralhar o jogo e começar de novo.